ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

25 novembro, 2008

EXPOSIÇÕES - 25-11-2008

Rio de Janeiro - Exposição 'AI(s) nunca mais' lembra os 40 anos da assinatura do AI-5
A ambigüidade entre uma sigla fria, trágica e definitiva e um gemido de dor está expressa – ou seria subentendida? – no título da exposição que a Caixa Cultural inaugura na terça-feira. A mostra AI(s) nunca mais – Imagens que o Brasil não viu ou esqueceu marca os 40 anos do Ato Institucional nº 5, que restringiu drasticamente as liberdades no país.
Reúne fotografias clássicas e inéditas, que não puderam ser publicadas por causa da censura, 80% garimpadas no arquivo do Jornal do Brasil, cobrindo o período que vai do ano da assinatura do documento, em 13 de dezembro de 1968 à passeata pela campanha das Diretas Já, em 1984.
Mais do que um registro da passagem do triste aniversário de um fato que manchou de sangue e vergonha a história do país, a exposição pretende lembrar o sofrimento humano dos que resolveram enfrentar o regime.
– Essa é uma história cheia de ais. Daí o título para retratar um período de truculência e asfixia das liberdades – define a curadora da mostra, a jornalista Denise Assis.
Anos depois dos militantes políticos, as imagens agora saem da clandestinidade. Talvez a mais impactante delas seja a foto de Evandro Teixeira, editor de fotografia do Jornal do Brasil, que mostra o forte aparato militar montado em frente ao Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro, onde foi assinado o ato institucional, cujo texto diz que foi “imperiosa a adoção de medidas” para preservar “a ordem, a segurança e a tranqüilidade comprometidas por processos subversivos e de guerra revolucionária”.
– Essa imagem é uma prova clara de como os militares tinham medo da esquerda. Não ficou registro daquele aparato todo. Eles tinham certeza de que estavam adotando medidas extremas, e por isso se protegeram – conclui Denise.
A exposição está dividida em módulos, cujos recortes trazem a inspiração de versos de músicas representativas do período. Se o ano de 1968 começou marcado pelas manifestações, dada a necessidade pujante de se mostrar que a morte do estudante Edson Luís, assassinado em março, era a gota d'água, terminou com os manifestantes, depois do AI-5, sumindo na poeira das ruas.
As 200 imagens (e documentos) em preto-e-branco fazem um passeio pelo sombrio período, destacando não só passeatas, conflitos, prisões, mas corpos jogados em calçadas, parentes se despedindo dos presos políticos que seguiam para o exílio, a distância, do balcão do aeroporto.
O objetivo da curadoria, que Denise divide com o fotógrafo Bruno Veiga, também é despertar o interesse dos mais jovens por essa parte da história do país.
– Sempre se podem desmentir versões, mas não imagens. Os livros didáticos ainda hoje repetem a versão oficial – critica Denise.
– A cada vez que você remexe nesses acervos, descobre uma coisa nova. A ditadura ainda não é uma história consolidada. As questões da esquerda, a luta, muita coisa ganhou destaque, mas muitos fatos comprovados hoje são tratados como meros casos.
A exposição das fotos dos anos que se sucederam, de 1968 até 1984, também homenageia os fotojornalistas, que, mesmo sabendo que as imagens não seriam publicadas, não deixaram de mirar suas lentes. Foram gravados sobre a cobertura jornalística da época diversos depoimentos emocionados de profissionais, entre eles Eurico Dantas, Alberto Jacob, Hamilton Corrêa e Sebastião Marinho, este integrante da equipe do Jornal do Brasil.
A intenção não é chocar, mas AI(s) nunca mais inevitavelmente é uma exposição de impacto. Já ao subir as escadas, na entrada, o visitante terá pela frente, ao longo dos degraus, o nome de 354 desaparecidos políticos durante o regime militar. O primeiro módulo, onde estão emblemáticas imagens do enterro do estudante secundarista Edson Luís, tem forte caráter simbólico: mataram um estudante, o próximo pode ser seu filho.
– Foi o primeiro tiro dado pela repressão. Naquele dia, a classe média tomou consciência de que não podia simplesmente estar ao lado do regime militar – recorda a jornalista.
– As imagens do enterro são extremamente comoventes. Imediatamente se percebeu que a morte daquele garoto era um símbolo. Ele acabou se tornando um mártir.
O primeiro ato institucional – feito para ser único, mas logo seguido pelo 2, que o transformou em 1 – foi assinado em 1964. O mais famoso deles começou a ser editado depois que o deputado Marcio Moreira Alves, em discurso no Congresso, sugeriu à população um boicote ao 7 de Setembro.
Provocou a ira dos militares. Em 12 de dezembro o Congresso votava o pedido de licença para processar o deputado. A rejeição foi o pretexto para a assinatura do AI-5.
Pesquisadora do tema desde 1985 e autora de Propaganda e cinema a serviço do golpe, Denise se interessou pelo tema ainda criança. Guarda, até hoje, lembranças do dia do golpe.
Nascida em Santos Dumont, Minas Gerais, viu do portão de casa os tanques e caminhões repletos de soldados com roupas de camuflagem e rostos pintados de preto rumarem para Juiz de Fora para unirem-se às tropas do general Mourão Filho.
– Minha altura era a metade da roda dos tanques, que, ao passarem, faziam o calçamento e as janelas das casas trepidarem. Nunca esqueci.
Monique Cardoso, Jornal do Brasil
Exposição de fotos em São Paulo tem curador rio-clarense
Aurélio Becherini está em exposição até o dia 30 de novembro na Galeria Olido, em São Paulo
A exposição "Aurélio Becherini", que está em cartaz até o dia 30 de novembro na Galeria Olido, em São Paulo, traz como curador o rio-clarense Rubens Fernandes Junior. A mostra reúne 45 imagens de Becherini (1879-1939), fotógrafo italiano considerado o primeiro repórter-fotográfico da capital paulista. "O autor retrata São Paulo em processo de grande transformação, nas primeiras décadas do século XX, quando a cidade ainda vivia a transição do rural para a metrópole", afirma o curador.
Dia 25, chega ainda às livrarias uma publicação com uma seleção mais ampla do acervo do fotógrafo, com textos do organizador do livro e curador, além do sociólogo José de Sousa Martins e da arquiteta Ângela Garcia.
Rubens conta que curador é o profissional responsável pela concepção, edição, montagem e supervisão de uma exposição de arte, além de ser o responsável pela execução e revisão do catálogo da exposição. "A cada exposição há um processo diferente de criação e concepção do espaço. Além disso, é preciso estar em fina sintonia com o fotógrafo", explica o curador.
O rio-clarense enfatiza que seu interesse pela fotografia se manifestou a partir de "Blow Up", filme que causou delírio e furor no final da década de 60 por abordar, de um modo ousado e cheio de simbologias, temas como sexualidade, moda, música, comportamento e arte através de uma história que gira em torno de um fotógrafo que pode ou não ter fotografado um assassinato. "Esse filme influenciou os jovens na maneira de conceber as imagens, principalmente na época em que vivíamos, a ditadura militar", diz o curador.
Rubens é jornalista, crítico, doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, professor e diretor da Faculdade de Comunicação da Faap, e esteve sempre presente nos momentos decisivos para a fotografia no Brasil.
Ainda estudante, bolou o PhotoUsp, uma espécie de fórum universitário para discutir e exibir a fotografia de protesto que se fazia na época da ditadura. Como curador, criou o Gabinete Fotográfico da Pinacoteca do Estado e encabeçou o lançamento da Coleção Pirelli Masp.
Jornalcidade

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