ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

25 novembro, 2008

CURSOS - 25-11-2008

Campo Grande-MS - Lixo vira enfeite natalino nas mãos hábeis de artesãs
O que fazer com milhares de garrafas de plástico que já foram utilizadas? Para muitos, a medida mais simples seria jogá-las fora, o que poderia prejudicar o meio ambiente, virar criadouros do mosquito da dengue. Porém, isso não acontece quando elas caem nas mãos de moradoras dos bairros Dom Antônio Barbosa, Parque do Sol e Colorado, que, através da reciclagem, transformam as garrafas de possíveis problemas a enfeites de natal que farão parte da decoração de fim de ano da Capital e, ao mesmo tempo, ajudam a enfeitar e preservar a natureza.
A inspiração do projeto Natal do Cerrado de fazer uma decoração natalina com elementos do Estado utilizando garrafas pet teve que percorrer 128 quilômetros até chegar a Campo Grande. A idéia veio da cidade São Gabriel do Oeste que, no ano passado, fez uma retumbante decoração de fim de ano, colorindo suas ruas e praças com produtos recicláveis.
Com a idéia na cabeça, restava apenas encontrar
pessoas que estivessem interessadas em aprender. Foi reunido um grupo de 25 mulheres que tiveram aulas, no dia 3 de novembro, com pessoas que vieram especialmente de São Gabriel do Oeste para capacitá-las. Desse número, 22 mulheres, na sua maioria donas–de–casa e com idade acima de 40, mostraram interesse em continuar no projeto, já que viram nele a possibilidade de aprender uma habilidade nova e capaz de ajudá-las na renda da família.
Com o terreno cedido pela prefeitura no Parque do Sol, o material financiado pela Caixa, as mais de 15 mil garrafas conseguidas através de doações e a vontade de sobra das mulheres de
trabalhar e aprender não faltava mais nada, era só colocar o projeto em prática. O que não foi difícil já que o grupo tem disciplina.
Um exemplo disso é a Dona Antônia da Silva,de 76 anos, a mais idosa do grupo, moradora do Jardim Colorado, aposentada, mãe de 9 filhos, e que apesar das dores na coluna, não quis deixar de participar. É claro que ela confessa ter tido um pouco de medo no começo, afinal era algo novo a se aprender, porém o medo foi desaparecendo assim que viu todas as suas companheiras se empenhando no trabalho.
“Eu tive um pouco de medo, pensei que era difícil, mas vi todo mundo indo, empenhado e fiquei. Eu que não moro mais com meus filhos que já estão casados e sou viúva, passo os dias com as meninas, eu achei muito bom. Apesar de eu ter um problema na coluna, eu vim e aprendi muito, o importante é saber viver e aprender sempre. Dá muito trabalho, mas é bom”, diz dona Antônia.
Trabalho esse que não é pouco, afinal não é tão simples transformar 3.800 garrafas em uma árvore de natal ou fazer com que 800 garrafas virem um anjo. Antes de montá-los, é preciso lavar o material, cortá-lo, queimá-lo para lhe deixar forte.. Após isso, com as armações já compradas de terceiros, as mulheres passam a formar os enfeites. Com muito trabalho, paciência e vontade vão surgindo as árvores, as velas, os anjos, as capivaras, o tuiuiú, enfim, o “Natal do Cerrado”.
Depois de prontos, o entusiasmo das mulheres ao falar das suas obras mostra que o objetivo foi alcançado com sucesso, já que além de serem bonitos, os enfeites também ajudam, através da reciclagem, na conservação da natureza. Resultado esse que, segundo dona Severina da Silva, de 46 anos, moradora do bairro Dom Antônio Barbosa, mãe de duas filhas, "não tem preço".
“Eu acho muito bonito, porque além de enfeitar, ajuda na limpeza do meio-ambiente, no combate à dengue, eu ajudei a fazer as duas árvores que estão aqui, é um
trabalho que dura cerca de quinze dias, a gente se machuca, se esforça, mas é muito bom, eu quero ver quando ficar tudo pronto”, diz dona Severina, que espera com ansiedade o dia 2 de dezembro, quando o trabalho delas ficará exposto na Caixa Econômica Federal, localizada no Parque dos Poderes, e poderá ser conferido pela população da Capital..
Porém, se depender da vontade de aprender das mulheres, essa apresentação do trabalho está longe de ser a última feita pelo grupo. Quando perguntadas se querem continuar em projetos e cursos desse tipo, a resposta é um sonoro “sim”. A esperança delas é que a exposição do dia 2 sensibilize tanto o governo como empresas que possam patrociná-las.
Segundo Jaqueline Teixeira, de 40 anos, o grupo quer aprender a fazer outros produtos e enfeites com as garrafas, para poder ajudar nas despesas de casa, já que elas estão com uma idade que o mercado de trabalho não está disposto a absorver.
“A gente quer aprender mais, para futura geração de renda, queríamos um apoio, porque as meninas estão com idade avançada e não há mais mercado para elas. Queremos aprender a fazer bolsas e outros acessórios que poderíamos vender por encomenda e ajudar em casa porque a maioria aqui tem uma renda que não é grande. Nesse projeto, o incentivo foi aprender, porque não vamos receber dinheiro, mas sim uma cesta básica, valeu muito pela capacitação, mas queremos aprender mais para ter uma renda, já que a vontade de aprender não falta para gente”, diz Jaqueline.
Se vontade não falta, capacidade elas mostraram também que têm de sobra. Aliás, potencial que muitas desconheciam ter e que agora que o descobriram querem usá-lo cada vez mais, como afirma Dona Antônia, ao falar sobre os enfeites já prontos. “Eu não sabia se ia dar certo, não pensava que era possível fazer tudo isso usando apenas garrafas, quero aprender e fazer mais, se tiver mais cursos, eu vou fazer”, diz dona Antônia enquanto corta as folhas da segunda árvore que elas estão fazendo.
Paulo Xavier
Alessandra Carvalho
MidiamaxNews

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