EXPOSIÇÕES - 12-12-08
A volta dos modernistas
Em 1944, Belo Horizonte recebeu aquela que pode ser considerada uma espécie de "continuação" da famosa Semana de Arte Moderna de 1922, ocorrida em São Paulo. A chamada "1ª Exposição de Arte Moderna", promovida pelo então prefeito Juscelino Kubitschek no edifício Mariana, centro, trouxe à cidade uma série de obras de artistas de pelo menos três gerações, provocando frisson semelhante ao de 1922 - com direito a protestos raivosos na imprensa e ataques aos quadros dentro da galeria.
O Palácio das Artes tenta resgatar o espírito de controvérsia e o impacto estético provocados pela exposição de 64 anos atrás com a mostra "O Olhar Modernista de JK", que abre amanhã, dividida em quatro módulos em todas as galerias do lugar. A curadoria ficou a cargo de Denise Mattar, paulistana radicada no Rio e que já tinha conseguido levar a mostra para Brasília, São Paulo e Rio. "Não ia sossegar enquanto não a trouxesse a Belo Horizonte!", exalta.
Tarefa cumprida (com patrocínio da Usiminas e da Cemig), Denise agora colhe os frutos deixados por aquele semi-furacão que mobilizou a sociedade intelectual do Estado nos anos 40. "Numa rápida análise do modernismo, é possível distinguir três grandes momentos de polêmica e escândalo: a Semana de 22, o Salão Revolucionário de 1931, que culminou com a demissão do Lucio Costa da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio, e esta exposição de 1944 em Belo Horizonte", enumera a curadora.
Origem.
A "1ª Exposição de Arte Moderna" surgiu quando o prefeito Kubitschek decidiu convidar Alberto da Veiga Guignard para realizar um curso de arte na cidade. Guignard sugeriu que uma mostra de artistas modernos fosse promovida como "recepção". "Juscelino viu na idéia uma oportunidade de apresentar aos intelectuais paulistas e cariocas o conjunto arquitetônico da Pampulha, criado pelo Niemeyer. E não deu outra: os modernistas que vieram aqui ficaram encantados com o que viram", conta Denise Mattar. Ela cita uma carta de Oswald de Andrade em que o "profeta antropofágico" escreve que Minas representava "o mundo de amanhã".
A curadora conseguiu reconstituir quase completamente a exposição original. O módulo "Arte Moderna de 1944" tem 63 obras de 46 artistas - entre eles, Anita Malfatti, Burle Marx, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Djanira, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret, Iberê Camargo e Lasar Segall. "Foi um trabalho de detetive. Conseguimos reunir boa parte dos originais que estiveram na primeira exposição", ressalta Denise.
O segundo módulo tem criações de Martha Loutsch, única mineira que possuía trabalhos entre os selecionados por Guignard. Na verdade, Loutsch nascera na Alemanha e havia se mudado para Sabará, onde "se apaixonou pela luz brasileira", segundo Denise. "Ela pintou uma infinidade de aquarelas e óleos e era a anfitriã de artistas que vinham a Minas Gerais."
Os outros dois módulos são contextualizações históricas tendo Juscelino Kubitschek e o ano de 1944 como focos principais.
Agenda O QUE:
Exposição "O Olhar Modernista de JK"
QUANDO: De amanhã a 1º de março de 2009
ONDE. Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro)
Os módulos
Arte Moderna de 1944
Na Galeria Alberto da Veiga Guignard. Apresenta a remontagem da 1ª Exposição de Arte Moderna de Belo Horizonte, realizada em 1944.
Martha Loutsch
Na Galeria Genesco Murta.
Única artista residente em Minas Gerais a participar da exposição original, grande amiga e protetora de Guignard, Loutsch é homenageada com uma sala especialmente dedicada a sua obra.
JK e as Artes
Na Galeria Arlinda Corrêa Lima. Extensa cronologia com grandes painéis fotográficos conta, através de texto e imagens, a relação de Juscelino com as artes durante suas gestões como prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas e presidente da República.
Os Anos JK
No Espaço Mari’Stella Tristão. Peças de roupa, adereços e publicidades que reconstituem e contextualizam este período histórico
Marcelo Miranda
O Tempo
Marcadores: Exposições
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