ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

22 janeiro, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 22-1-10

São Roque quer entrar na exploração turística da Maria-fumaça

Notícia publicada na edição de 19/01/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 4 do caderno Turismo - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
A cidade de São Roque entrou na corrida para a exploração turística dos remanescentes da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (EFS). A prefeitura da cidade foi buscar em Santa Catarina uma locomotiva do tipo ‘Maria-fumaça‘ para dar início ao projeto. Está previsto o aproveitamento de 28 quilômetros de trilhos e de quatro antigas estações, inclusive a de Mairinque, tombada pelo patrimônio histórico estadual.
A locomotiva a vapor, fabricada nos Estados Unidos em 1948, foi adquirida no município catarinense de Tubarão, com o aval da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF).
O trem turístico está nos planos de São Roque desde que a cidade foi declarada estância turística, em 1987. A prefeitura negocia, agora, a compra de três vagões de passageiros já restaurados. O próximo passo será a reforma das antigas estações de São Roque, Maylasky e Canguera. Os projetos já estão prontos e a prefeitura busca parceiros. A linha férrea já existe e integra o sistema ferroviário de cargas explorado, sob concessão, pela empresa América Latina Logística (ALL). De acordo com o chefe da Divisão de Turismo Sandro Cobello, o trem turístico não vai interferir nas operações da empresa.
O equipamento deve entrar em testes no segundo semestre deste ano. Segundo ele, em outras cidades onde já existe o trem turístico, como Jaguariúna (SP), Tiradentes (MG) e Bento Gonçalves (RS), houve aumento no fluxo de turistas e geração de empregos para atender o projeto. Na região, Salto, Itu e Sorocaba desenvolvem projetos semelhantes - o mais adiantado é o projeto do Trem Republicano, entre Itu e Salto. A prefeitura de São Roque fará parceria com a de Mairinque para incluir a estação da cidade vizinha no projeto.
O edifício, inaugurado em 1906, é o primeiro em concreto armado do Brasil. Projetado pelo arquiteto francês Victor Dubugras, autor também de um conjunto de casas da Avenida Paulista, é considerado uma das primeiras manifestações da concepção modernista na arquitetura brasileira.
O prédio foi tombado em 1986 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat) e está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Agência Estado


Tempo de recontar fatos
Arquivo Público paulista cria mega site com 360 mil documentos e sistema de orientação para professores


© ARTE DE JÚLIA CHEREM COM IMAGEM DE PSD GRAPHICS SOBRE FOTOS DO ARQUIVO DO ESTADO
Não é fácil consultar arquivos públicos e todo pesquisador sabe disso. O principal problema é a falta de tempo de ir ao local, de procurar documentos e de seguir os horários preestabelecidos. Desde dezembro, porém, parte deste trabalho pode ser feita de casa, no que se chama de “pesquisa remota”. O Arquivo Público do Estado de São Paulo (www.arquivoestado.sp.gov.br) acaba de lançar um mega-acervo digital que reúne mais de 360 mil imagens de documentos e fotos que podem ser baixados com alta resolução. A iniciativa pretende ampliar consideravelmente não apenas o número de pesquisadores que consultarão o arquivo, mas a qualidade, completude e diversidade dos estudos. “Não podemos ainda fazer uma estimativa, mas tudo será redimensionado em grande escala”, observa entusiasmado o professor Carlos de Almeida Prado Bacellar, Coordenador da instituição
O novo site reúne, entre outros tesouros, a coleção completa do jornal Última Hora e outra da revista feminina A Cigarra, editada entre 1914 e 1956, além de documentos dos Núcleos Coloniais, fazendas coletivas que recebiam os imigrantes chegados ao Brasil no começo do século. O usuário pode ter acesso à publicação eletrônica Revista Histórica e ao portal Memórias Reveladas, com um riquíssimo banco de dados sobre a luta contra a ditadura. Há também notícias sempre atualizadas sobre sistema de arquivos públicos, oficinas pedagógicas e cursos de preservação. E não termina aí. A página de Memória da Imprensa apresenta coleções de diversos tipos de publicações, como o jornal anarquista A Lanterna, editado por Edgard Leuenroth no começo do século passado. Algumas dessas publicações, inclusive, têm coleções completas no site.
Noventa dos 200 funcionários do arquivo estão envolvidos nas diferentes etapas do projeto, até o documento chegar à tela dos usuários. O Departamento de Preservação e Difusão do Acervo, observa o diretor Marcelo Lopes, continua trabalhando em ritmo intenso para ampliar o volume de informações do site. Responsável pela custódia da documentação permanente depositada no arquivo, entre as diversas ações que promove, ele destaca o Memória Pública, programa de ação permanente cujo objetivo é promover o acesso aos documentos que constituem uma parte da memória da sociedade sob responsabilidade do Estado.
No espaço dedicado ao setor na rede, o internauta pode conhecer detalhes de sofisticados processos de restauração e também receber dicas para a preservação dos seus próprios documentos. Boa parte está relacionada à microfilmagem e digitalização do acervo – fundamental para o site. São nada menos que 60 mil imagens digitalizadas e/ou microfilmadas mensalmente. Com estes processos, além de facilitar a consulta do material, o centro também ajuda a preservar os originais. “A princípio, todos os documentos são higienizados, reconstituídos ou acondicionados”, conta Lopes.
De acordo com ele, seu departamento trabalha com 35 pessoas especializadas em restauro e outros funcionários que recebem treinamento. A prioridade ainda é microfilmar porque é a forma mais segura de conservação. Todos os rolos são guardados num espaço climatizado. “A gente digitalizou todas as imagens que vão para o site e tem guardado em alta definição. Depois convertemos para internet.” Os documentos da rede têm leitura em duas resoluções: para ler, de 150 DPIs, e de 300, para baixar. Tudo, finaliza Lopes, é feito com empenho para que o conhecimento chegue ao maior número de brasileiros.
Sala de aula - O portal é algo grandioso para os padrões brasileiros que promete iniciar uma nova era na pesquisa histórica brasileira, que vai refletir inclusive no uso da internet em sala de aula. Embora pesquisadores de pós-graduação sejam os principais interessados, um dos focos será estender e estimular a consulta em salas de aula por estudantes de todos os níveis de graduação. Para isso, uma equipe de educadores da instituição criou uma série de atividades dirigidas a professores para ampliar as possibilidades de aprendizado de seus alunos com tudo que o arquivo oferece.
São exercícios que podem ser aplicados diretamente pelo computador, que inclui busca ou impressão de documentos e fotos e exercícios ou temas para debate. “A ideia era criar algo bastante interativo, informar o que temos e fazemos dentro do arquivo, propor um módulo com roteiro, porque, muitas vezes, o professor fica perdido quanto a encontrar meios que fixem mais informações junto aos alunos”, explica Bacellar. “No caso de história em sala de aula”, prossegue ele, documentos são pouco usados, uma vez que os educadores se orientam por livros. Com o site, acrescenta ele, “o aluno poderá ver a fonte primária de importantes acontecimentos do nosso país, aprender como se davam os fatos na prática, de que modo a polícia política agia contra os cidadãos”. Ao mesmo tempo, saberá de outras formas de conhecimento, como a linguagem, a caligrafia de cada época. “Enfim, é um complemento que vai muito além do usual, do modelo convencional desse tipo de site.”



O portal tem ainda outras atividades educativas, como as exposições temporárias, semelhantes às feitas em qualquer museu físico. A primeira celebra os 30 anos da anistia política rea¬lizada durante a ditadura militar. Nas imagens e registros documentais, os cinco anos de luta até que a mesma se concretizasse. Para facilitar a pesquisa, tudo foi organizado em forma de sites temáticos. Inicialmente são três: Memória da Imprensa, Cotidiano em São Paulo e Imigração, com um guia eletrônico para navegar por todo esse conteúdo. Assim, o pesquisador pode descobrir material desconhecido para seu trabalho ou usá-lo como ponto de partida para o estudo de uma determinada época ou tema histórico.
A diretora do Centro de Difusão e Apoio à Pesquisa, Haike Roselaine Kleber, diz que não é possível dimensionar o aumento nos trabalhos acadêmicos desde que o arquivo passou a colocar suas coleções na internet. Mas acredita que o crescimento na procura tanto física quanto virtual é bem expressiva. Segundo ela, a instituição tem procurado, em outra frente, construir uma relação forte com escolas e professores, valorizando o acesso às fontes primárias e ensinando a usar o material do seu acervo em sala de aula. “Os sites temáticos não são fechados e terão atualizações constantes, além dos novos que virão no próximo ano. O carro-chefe do modelo será sempre o trabalho na sala de aula.” Não significa que os serviços convencionais serão abandonados. Pelo contrário. O departamento editorial para obras impressas está sendo reativado, com a montagem de uma nova equipe. Ainda em 2009 serão lançados dois títulos e mais cinco virão no começo do ano que vem. “Nosso foco é explorar todas as possibilidades do acervo”, ressalta.
Preciosidades - O Centro de Acervo Iconográfico e Cartográfico do Arquivo Público conta com cerca de 1,5 milhão de imagens, entre negativos, cópias fotográficas, postais, caricaturas, ilustrações, mapas e plantas. Uma riqueza que está refletida no site também, como destaca Bacellar. Através do guia do acervo – instrumento de busca presente em todas as páginas – o pesquisador pode, por exemplo, olhar todo o material do Centro de Acervo Permanente, que inclui sete quilômetros lineares de documentos públicos e particulares. Também abriga o chamado Fundo Deops, com fotos históricas tiradas dos arquivos da repressão – uma das atrações do site, aliás, que exibe desde a ficha de identificação da comunista Olga Benário (entregue aos nazistas por Getúlio Vargas) até uma foto do integralista Plínio Salgado, festejando as bodas de prata da AIB (Ação Integralista Brasileira). Ainda na página do Fundo Deops existe uma série de instruções para realizar a pesquisa nos arquivos da repressão, ou para resgatar um dossiê relativo ao consulente ou a alguém de sua família.
No momento estão disponíveis 5 mil imagens on-line e até junho de 2010 entrarão mais 82.500 fotos. Parte do site deve oferecer uma “genealogia” dos municípios paulistas mais importantes. A começar, é claro, pelo mais antigo: São Vicente, fundado em 1532. Há ainda as séries documentais de ofícios ao governo paulista de 1822 a 1919, com informações fundamentais para quem quiser entender a história administrativa brasileira. Lauro Ávila Pereira, diretor do Departamento de Preservação e Difusão do Acervo, observa que até então o site apresentava uma lógica arquivística, mas que era pouco funcional para a maioria dos usuários, não arquivistas. “Agora valorizamos o conceito de memória pública para ir além dos pesquisadores e chegar a graduações e a professores do ensino médio.” Pereira recorda que o novo site começou a ser discutido em julho e já em agosto teve início sua preparação. “Estabelecemos no decorrer da montagem outras ferramentas para reforçar a ação educativa que sempre nos orientou.”
FAPESP - Desde 1994 a FAPESP mantém acordos de parceria com o Arquivo Público para montagem e ampliação de infraestruturas diversas. O primeiro deles, por exemplo, foi fundamental para a criação da primeira rede de informática da instituição. No ano seguinte, recursos da Fundação foram usados para compra de equipamentos de microfilmagem e conservação do material fotografado. Em 2000 foram destinados R$ 497 mil para a montagem do laboratório fotográfico e climatização dos documentos, além de atualização no setor de microfilmagem. Nessa fase, 40 mil documentos foram digitalizados – os pesquisadores podiam copiar os mesmos em disquetes ou CDs e continuar suas pesquisas em casa. “Tudo isso permitiu que ocupássemos o prédio atual (ao lado do metrô Tietê)”, observa Lauro Pereira.
Para Carlos Bacellar, pela tradição da Fundação, a formalização de um acordo de cooperação foi fundamental para manter e ampliar o trabalho. “Estamos aprimorando e descobrindo novas necessidades a todo instante e esperamos continuar contando com apoio da FAPESP porque somos um centro de preservação da memória pública e agente multiplicador para a pesquisa em São Paulo e no Brasil”, acrescenta Lauro Pereira.
Gonçalo Junior
Pesquisa FAPESP
Bacellar acredita que em tempos de internet é preciso pensar em formas mais agradáveis para seduzir os estudantes que não os da universidade. “Uma coisa é falar da escravidão pelos livros, outra é ver um anúncio de venda de escravos ou de busca daqueles que eram foragidos.” O coordenador observa que não apenas professores do interior de São Paulo terão um grande manancial de informações, mas de todo país, uma vez que muitos fatos importantes da história do Brasil tiveram mais relevância aqui, como a imigração e a repressão durante o regime militar. E explica que a reformulação completa do site foi baseada em dois conceitos. Primeiro, a democratização do acesso ao acervo da instituição. Depois, a contextualização do que o arquivo vem armazenando, tratando e publicando ao longo desse tempo – antes da reformulação, 85 mil documentos e fotos estavam na rede. Agora o número pulou para 360 mil e deve passar de 2 milhões até o fim do ano.

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