ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

09 fevereiro, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 9-2-10

A volta do linotipo
Confraria dos Bibliófilos do Brasil lança série de livros artesanais impressos em linotipo. Entre os autores publicados estão Dalton Trevisan e Machado de Assis
Eles são maiores que um iPad, o novo dispositivo eletrônico da Apple, e, segundo seu produtor, também têm outras utilidades além da leitura. Está certo que são feitos com uma tecnologia que caiu em desuso faz algumas décadas, mas, no olhar otimista do engenheiro José Salles Neto, de 61 anos, podem ter lugar num cenário em que o digital abocanha com rapidez um espaço que era do papel.
Na contramão dos avanços do mercado editorial, os livros artesanais da Confraria dos Bibliófilos do Brasil acabam de chegar à sua 24ª edição. Um feito e tanto, considerando que cada tiragem de algumas centenas de exemplares demora nove meses para ficar pronta.
Elas são impressas em linotipo, uma máquina de 2,20 m de altura por 2 m de largura que usa chumbo quente como molde e pesa mais de uma tonelada, e que, não por acaso, deixou de ser usada em gráficas com a chegada da impressão offset, na segunda metade do século 20.
O volume que a confraria acaba de concluir é o “Onze Contos de Monteiro Lobato”, com ilustrações de Evandro Carlos Jardim. Custa R$ 150 e é vendido somente a associados ou a quem quiser se associar. Edições anteriores incluem títulos como “36 Crônicas de Rubem Braga” e “Machado de Assis - Dez Contos”, todos com ilustrações exclusivas impressas em serigrafia e capa reciclada a partir de folha de bananeira.
Sentir
São essas características que fazem Salles enxergar outros usos para os produtos da CBB. “Nossos livros estimulam três sentidos: o tato, porque você pode passar a mão e sentir as letras impressas com força, o olfato, por causa do cheiro da tinta, e a visão, porque acima de tudo é um objeto para olhar. Mais até do que para ler. A gente brinca que o menos importante dos títulos da confraria é a leitura, são livros para ‘sentir’.”
E esse é o aspecto que leva o engenheiro a acreditar que as obras artesanais possam ter espaço num mercado cada vez mais dominado pela tecnologia. “Com o aumento dos livros digitais, acredito que as tiragens em papel ficarão cada vez menores e mais caprichadas, como obras de arte, para amantes do livro como objeto, mesmo”, diz.
É claro que o mercado para colecionadores fetichistas não é dos mais amplos e, por isso, as tiragens da CBB não têm mais de 500 exemplares. Iniciada em 1995, quando Salles publicou em jornais um anúncio sobre sua intenção de formar um grupo de amantes da leitura - o primeiro a responder ao chamado foi o então vice-presidente Marco Maciel -, a confraria conta hoje com apenas 350 associados, incluindo o bibliófilo José Mindlin e o ex-presidente da Fiesp Horácio Lafer Piva.
Eles não pagam mensalidade ou anuidade, mas se comprometem a comprar todos os títulos publicados pela CBB.
Dalton Trevisan
Como é uma entidade sem fins lucrativos, diz Salles, os volumes são vendidos a preço de custo. “Cheguei a ter prejuízo em algumas edições. Quando fizemos o do Dalton Trevisan, em 2002, inventei 300 mil coisas para que ficasse bem bonito, chamei um ilustrador de primeira linha, o Darel Valença Lins, pensei um processo de encadernação diferenciado. Pesava uns 4,5 kg”, conta. Cada volume custou ao engenheiro R$ 190 e foi vendido, na época, a R$ 140.
A obra com texto de Trevisan é um dos orgulhos da confraria. Quando soube que Salles havia lançado um volume ilustrado por Poty Lazzarotto (“A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, em 97), de quem era amigo, o recluso escritor curitibano mandou avisar que aceitava ter um título editado pela CBB. Só fazia questão de escolher o texto, e o eleito foi “A Polaquinha”. “É um romance pesadíssimo, pornográfico, que foi até proibido no vestibular em Curitiba”, diz Salles. A ousadia lhe custou uma leitora - após a publicação, o marido de uma associada de 81 anos ligou para dizer que ela estava fora da confraria.
Raquel Cozer
Diário do Norte do Paraná

Comentário do Silvio: Complementando e esclarecendo a notícia acima, os livros são compostos em chumbo na “Linotipo”, mas esta só compõe mas não imprime, como dá a entender a notícia. A impressão se dá em uma máquina impressora tipográfica tipo minerva ou automática.

Marcadores: , ,

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial