ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

03 maio, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 3-5-10


São Paulo-SP - Palácio de Verão é mais frequentado por macacos que por governadores
Mais um verão se foi. Mais um governador se foi (e novamente para concorrer à presidência do país). E de novo o Palácio de Verão não viu sinal do mandatário paulista. O último a passar temporada por lá foi Mário Covas há dez anos.
Encravado no meio do Horto Florestal (zona norte de São Paulo), a residência oficial é mais visitada pelos macacos que povoam a mata do entorno. “Os macacos interagem com os visitantes e parece até que estão participando de algo atividade. Tem vezes que tentam entrar na cozinha do palácio”, conta Ana Cristina Carvalho, a curadora do acervo artístico-cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.



A mansão governamental é também um museu. Há uma parte privativa, que serve de morada para autoridades. Mas a maior parte do prédio está aberta, com exposições de arte e mobiliário, além de cursos e palestras. “A abertura ao público como museu somou-se à função inicial de hospedagem do governador em exercício. Agora é um palácio-museu”, explica Carvalho.
Aristocracias de todo o mundo ergueram palácios de veraneio, geralmente em locais de montanha ou à beira-mar para refrescar os poderosos durante o calor da estação. Os imperadores da China, os czares da Rússia, os marajás da Índia, os papas católicos e diversos monarcas europeus contaram com essas residências.
No Brasil não foi diferente. Dom Pedro 2 construiu um em Petrópolis. Hoje, o palacete neoclássico abriga o Museu Imperial.
Essa tradição se alongou na fase republicana do país: os presidentes têm pousada garantida no palácio Rio Negro, também na cidade imperiosa da serra fluminense. Por outro lado, vários Estados dispõem de residências desse tipo para seus governadores – no Rio Grande do Sul está em Canela (serra gaúcha), no Rio se localiza na ilha de Brocoió, ao lado de Paquetá, e até o calorento Maranhão conta com a sua.
A versão paulista foi idealizada por Adhemar de Barros, governador que transferiu a sede do poder para o palácio dos Bandeirantes e ainda instituiu o Palácio de Inverno na cidade de Campos de Jordão.
Em estilo eclético entre o neocolonial e o campestre inglês, a mansão foi construída na década de 1930 para ser a residência do administrador do então serviço florestal do Parque Estadual da Cantareira, criado a partir de 1890. Por seu clima, topografia e vegetação privilegiadas, foi escolhida por aquele que foi três vezes mandatário estadual (de 1938 a 1941, de 1947 a 1951 e de 1963 a 1966).



Foi nesse último mandato que completou o projeto palaciano que já alimentava em sua segunda passagem pelo poder local. Diversos governadores se alojaram por lá, e uma reforma foi feita em 1985 para abrigar o então presidente eleito Tancredo Neves antes seu quadro de saúde o impossibilitasse de assumir o poder para dar fim à ditadura militar.
Outra convalescência marca a história do local. Em 2001, Mário Covas passou no palácio serrano os últimos dias antes da internação hospitalar e da morte por câncer. “Covas costumava ficar nesta habitação, que então era o quarto. Hoje está transformado em uma espécie de escritório”, conta Carvalho em seu tour pela casa oficial, apresentando a sala de estar com sua lareira e a sala de jantar e sua louçaria.
Afortunadamente, os macacos não chegam até lá. No máximo, investem contra a cozinha nos dias em que tem buffet para algum evento. Caso contrário, eles se contentam com o que as pessoas oferecem nos gramados em torno da casa. Além deles, a fauna local conta com capivaras, gambás, garças e tucanos.
Nestes próximos meses, quem reina no Palácio de Verão estão os internos do hospital psiquiátrico do Juquery. A exposição “Zonas de Contato” traz pinturas de pacientes-artistas que passaram pelo tradicional complexo hospitalar da Grande São Paulo.
Rodrigo Bertolotto
Do UOL Notícias - São Paulo


Após reforma, Prefeitura de Teresina reabre Casa da Cultura
A Casa da Cultura de Teresina foi reaberta ao público em geral após passar por uma ampla reforma. Foram investidos R$ 80 mil na climatização da biblioteca Carlos Castelo Branco, e na recuperação do Museu, do piso da galeria Lucílio Albuquerque, além da pintura e troca da estrutura sanitária. A recuperação foi realizada pela Prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves (FMCMC), órgão responsável pela administração do espaço.
Durante a solenidade de abertura, o prefeito Elmano Férrer destacou a importância da Casa ao incentivar as atividades culturais e promover a defesa do patrimônio histórico e artístico. “A Casa da Cultura coloca à disposição da comunidade um conjunto de iniciativas para dinamizar a vida cultural de Teresina. Tenho certeza que a população saberá usufruir de todas as atividades oferecidas neste espaço que é um dos principais patrimônios históricos de nossa cidade”, disse.
Apresentação artística dos grupos de dança afro-brasileira Ijexá e Coisa de Nêgo, roda de capoeira e exposição fotográfica de André Cypriano marcaram a reabertura da Casa da Cultura. A exposição traz 40 fotografias e 6 mapas retratando a história e o cotidiano das comunidades remanescentes dos quilombos. As peças permanecerão expostas até o dia 10 de junho, sempre de segunda a sexta, das 8h às 19h e no sábado, das 9h às 13h.
“A Casa da Cultura faz parte do patrimônio cultural de Teresina. Sua conservação é de interesse público, pois guarda a história do nosso povo. A Casa está aberta, pronta para receber o público e nosso objetivo é continuar trabalhando para fomentar a cultura de Teresina", finalizou Josy Brito, diretora do espaço.
45 graus

Bagdá quer voltar a ser a capital cultural do mundo árabe

Durante décadas Bagdá foi a capital cultural do mundo árabe. A guerra mudou tudo isso e só agora a cena artística iraquiana está lentamente voltando a florescer. Enquanto os artistas lutam com as consequências do conflito e com a falta de patrocinadores, dizem que o estado da arte está intimamente ligado ao estado de seu país.
Sentado em seu jardim, Qasim Sabti fala veementemente sobre os terroristas “filhos da puta”, que repetidas vezes ameaçaram atacar sua galeria de arte no centro de Bagdá. Ele também reclama dos “pequenos homens cinza” no Ministério da Cultura, que colocam o pouco dinheiro que restou para as artes no Iraque diretamente em seus bolsos. Mas, sobretudo, ele reclama da “invasão das pessoas sem cultura”, que segundo Sabti é a pior tragédia do Iraque. “Primeiro, os americanos ocuparam nosso país. E a multidão veio logo atrás deles. Qualquer um que soubesse andar saiu do interior e veio para Bagdá. Essas pessoas destruíram tudo o que fazia de Bagdá a capital cultural do mundo árabe.”
Pode-se considerar o discurso de Sabti como nonsense e elitista: a maioria do povo iraquiano têm preocupações mais prementes do que o declínio da arte no país. A guerra, o terrorismo, a pobreza e o desemprego levaram milhões de pessoas para as cidades iraquianas onde elas esperam encontrar empregos e um pouco de segurança. Elas não estão muito preocupadas se sua presença nas cidades perturba os árbitros da cultura como Sabti.
Mas tampouco, Sabti não é qualquer um. O pintor e dono de galeria com excelentes conexões com o Ocidente, é uma espécie de autoridade não oficial para os artistas visuais do Iraque. Durante a tarde, ele se encontra com escultores, pintores, dramaturgos e poetas de Bagdá no jardim de sua galeria, a Hewar. Tomando chá e fumando um narguilé, eles falam sobre seus colegas e colecionadores que foram para o exílio, e sobre os problemas de dinheiro que afetam a maioria dos que permaneceram no Iraque.
Quer ver arte em Bagdá? Primeiro seu carro passará por uma vistoria antibombas
O exército iraquiano se certifica de que esses homens sejam capazes de se reunir em segurança. Como em muitos bairros da capital iraquiana, o bairro em que a galeria de Sabti está localizada é quase que hermeticamente fechado. Quem quiser ver arte em Bagdá precisa passar por vários postos de checagem e ter o carro vistoriado em busca de explosivos por soldados armados. No quintal de Sabti só dá para dizer que há uma guerra acontecendo por causa do barulho dos helicópteros militares norte-americanos voando acima e interrompendo as conversas por alguns segundos.
E sem compradores, não há comissões. Ser pago por seu trabalho sempre foi um problema para os artistas de todo o mundo. Mas para os artistas iraquianos, o conceito é relativamente recente – e é motivo de reclamações. Durante todo o século 20, o Iraque era visto como o centro cultural do mundo árabe. Durante o governo de Saddam Hussein, Bagdá era a Meca da criatividade árabe. O ditador gostava de ver a si mesmo homenageado em esculturas e pinturas e encorajava os artistas que tinham talento. Os cursos de arte eram gratuitos; até as telas e tintas importadas da França eram gratuitas. Se você fosse leal ao regime, tinha um meio de vida e recebia comissões regulares do governo ou um cargo de professor. Além disso, a rica classe média de Bagdá sentia que era chique colecionar a arte iraquiana.
Invasores internacionais se tornaram fãs de arte
Com a invasão das tropas norte-americanas em 2003, a cena de arte em Bagdá entrou em colapso. Os colecionadores fugiram do país e os pintores e escultores que tinham dinheiro para isso também fugiram. Entretanto, durante os primeiros anos da guerra, Sabti diz que muitos artistas locais ainda conseguiam sobreviver da arte. “Primeiro, os funcionários da ONU, jornalistas, e até soldados norte-americanos vinham à minha galeria para comprar arte”, explica. Com preços que variavam de US$ 800 a US$ 2.000 (entre R$ 1.400 e R$ 3.500) por uma pintura a óleo, muitos dos invasores encontraram um lugar em seus corações para a arte iraquiana.
Mas então veio o terrorismo e com ele uma queda nas vendas. “Em 2005, os estrangeiros não conseguiam mais se mover livremente. E desde então os negócios praticamente pararam”, diz Sabti. Culpar o povo iraquiano por isso, como faz Sabti, não é exatamente lógico. Mas a triste verdade permanece: a cultura de elite do Iraque diminuiu nos últimos anos.
“Bagdá pode se tornar uma cidade sem rosto”, diz o escultor e escritor Ahmed Abdullah Fadaam. As estátuas públicas e esculturas são sinais do caráter de uma nação, observa o artista. “Em Bagdá, os antigos trabalhos de arte estão sendo destruídos porque foram encomendados por Saddam. Mas, ao mesmo tempo, nada novo está sendo encomendado. O Iraque tornar-se-á uma sociedade sem face”, alerta ele.
Esculturas famosas retiradas por causa de mamilos à mostra
Com a ajuda de alguns colegas, Fadaam está tentando salvar o que pode. Durante anos a estátua do conhecido escultura Khalid Al-Rahal, chamada Virgem dos Banhados, ornamentou a praça central da Cidade Sadr, um subúrbio pobre de Bagdá. De acordo com Fadaam, quando os islamitas tomaram o poder, eles retiraram a figura feminina “porque seus mamilos podiam ser vistos vagamente”. Ele e outras pessoas que pensavam como ele tiveram dificuldades de convencer outros iraquianos a não derreter a escultura de bronze porque ela havia sido feita por um dos mais importantes artistas iraquianos do século 20. “Agora ela está juntando poeira no porão do Ministério da Cultura”, diz Fadaam.
Fadaam é um homem sensível e atento. Suas reflexões sobre a vida no Iraque, que foram encomendadas pela Universidade da Carolina do Norte, receberam vários prêmios internacionais. Atualmente, ele está transformando seus relatos, que foram originalmente concebidos como transmissões de rádio, num diário ilustrado para uma editora de quadrinhos.
A escultura oferece a Fadaam uma forma de mostrar tudo o que ele não quer expressar em sua escultura. “Logo que a guerra começou, parei de esculpir”, disse ele – porque não queria que ninguém tivesse de olhar para o terror da guerra numa peça de arte tamanho real. “Que bem faz eu traduzir meu horror, meu medo, em esculturas? Eu só levaria o observador ao mesmo tipo de desespero em que eu estava.”
A vida diária é tão deprimente que a criatividade é quase impossível
Fadaam diz que a arte contemporânea do Iraque é como o próprio povo do Iraque: uma vítima da guerra. A vida diária é tão deprimente que o trabalho criativo é quase impossível. “E aqueles que ainda conseguem pintar não conseguem vender nada, de qualquer forma. Quem quer pendurar um quadro de um corpo decapitado na sua sala de jantar?”, diz Fadaam.
Os pintores não podem senão recriar a realidade brutal, e os escultores preferem não trabalhar a espelhar o horror da guerra: Fadaam fala pelos melhores da comunidade artística iraquiana, ele fala por aqueles que têm necessidade de criar, pelos que são motivados. Entretanto, muitos dos artistas iraquianos pertencem a outra espécie: profissionais tecnicamente competentes mas sem inspiração, que foram educados nas artes durante a ditadura de Saddam. Seu trabalho, chamdo de Arte Jubileu, tampouco é requisitado. Esta é outra razão pela qual a cena artística do Iraque nunca voltará à sua condição anterior à guerra. “Mas essa redução é saudável”, explica Fadaam. “É amarga, mas também necessária.”
Fadaam tem grandes esperanças para a nova geração de iraquianos, os que estão hoje nas escolas de arte. “Há alguns talentos genuínos estudando”, diz ele. Em alguns anos iniciantes respirarão uma vida nova na cena artística iraquiana, transformando Bagdá novamente numa metrópole cultural. Faddam acredita que o estado da arte está intimamente ligado com o próprio futuro do país. “Se a situação melhorar, se os jovens forem capazes de expressar amor e felicidade em seus trabalhos, então não só a arte iraquiana terá um futuro, mas o próprio Iraque também o terá”, conclui.
Ulrike Putz
Tradução: Eloise De Vylder
Der Spiegel – http://www.spiegel.de/
O artista iraquiano Qasim Sabti sorri em frente a uma de suas obras em um café em Bagdá
A mansão de verão dos czares russos em São Petersburgo
 O palácio Rio Negro serve ao verão presidencial em Petrópolis
Menino escala fonte do antigo Palácio de Verão de Pequim
 Dançarinos diante do Palácio de Verão em Postdam (Alemanha)

Marcadores: , ,

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial