CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 7-6-10
Minas tem capital do Pé de Moleque
Piranguinho produz sete pés de moleque por habitante, cerca de 60 mil por mês
Piranguinho. "Minas são muitas". A frase cunhada pelo escritor Guimarães Rosa para definir a diversidade cultural mineira também expressa as vocações econômicas espalhadas pelo Estado. Terra do minério de ferro e do café, Minas Gerais também abriga várias "capitais" produtivas, como Salinas (cachaça artesanal), Nova Serrana (calçados esportivos) ou a própria capital mineira, Belo Horizonte, com os inúmeros botecos. Essa alcunha vale não só para definir a fabricação em larga escala em um único município ou região, como também destaca a importância cultural que o produto adquire.
É o caso de Piranguinho, no Sul de Minas, conhecida como a "capital do pé de moleque". No ano passado, o doce artesanal ganhou o título de Patrimônio Cultural de Minas Gerais. A fama remonta aos idos de 1936, quando dona Matilde decidiu vender o doce na extinta estação ferroviária da cidade, chefiada pelo marido, seu Modesto.
Pessoas ilustres como o vice-presidente José Alencar, Tancredo Neves e o poeta Carlos Drummond de Andrade já atestaram a qualidade do doce de Piranguinho, cuja produção mensal ultrapassa 60 mil unidades, sete vezes mais que a população de 8.220 habitantes. Um terço dessa produção é feita pela Barraca Vermelha, fundada por dona Matilde e hoje administrada pela sobrinha Sônia Regina Guedes Torino, 55.
"Somos os únicos a manter a receita tradicional, à base de amendoim e rapadura", conta a empresária, que emprega 15 pessoas, entre produção e comércio. Hoje, são mais de 11 produtores. Cada barraca tem o nome de uma cor, às margens da BR-459, que liga Pouso Alegre a Itajubá.
Zu Moreira
O Tempo
Escavação do metrô de São Paulo dá outra visão do passado
Ampliação da Linha 5-Lilás provoca nova descoberta arqueológica em Santo Amaro
Trabalho delicado. Equipe continua em busca de novos itens históricos no canteiro de obras da Estação Adolfo Pinheiro
Uma outra São Paulo está enterrada sob a Avenida Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro, na zona sul. Essa cidade antiga pouco a pouco volta à tona, graças ao prolongamento da Linha 5-Lilás do Metrô. Nas últimas semanas, a equipe de escavação se deparou com um tesouro arqueológico: frascos de remédio, uma pederneira, um urinol, centenas de peças de louça e vários outros utensílios domésticos deixados ali entre os séculos 18 e 19.
Os vestígios foram encontrados pela equipe que trabalha no canteiro de obras da futura Estação Adolfo Pinheiro, entre o Largo Treze e a Rua Conde de Itu. Segundo os arqueólogos, a análise das quase duas mil peças vai ajudar a montar um retrato mais fiel da vida na época.
Além das peças de cerâmica e porcelana - a maioria dos itens -, também há pesos de balanças, frascos de remédio, moedas de cobre e ossos de animais. "Como são objetos tão diversos, provavelmente esse local deveria ser usado para descarte de material, como um antigo lixão", explicou a coordenadora de Arqueologia da obra, Rucirene Miguel. As marcas de carvão queimado encontradas na área de escavação reforçam essa hipótese.
Pela análise preliminar dos utensílios e da profundidade em que foram encontrados, a arqueóloga acredita que as peças sejam da segunda metade do século 18 e de todo o século 19. Mas há a hipótese de que alguns fragmentos de cerâmica remontem ao século 16, quando missionários jesuítas ergueram um aldeamento na região - quase tão antigo quanto o de São Paulo de Piratininga, origem de São Paulo.
Mais antigos. A datação correta, no entanto, só será feita quando as peças forem estudadas em laboratório. Enquanto isso, a equipe realiza a limpeza e a catalogação preliminar dos artefatos já encontrados em uma pequena sala ao lado do canteiro de obras. Os pesquisadores acreditam que podem haver objetos ainda mais antigos nas camadas mais profundas e, por isso, a escavação continua.
O grupo é composto por uma historiadora, que estuda os registros fotográficos e escritos de Santo Amaro para levantar as fases de ocupação e o contexto social de quando os objetos foram utilizados. Depois, os objetos devem ser expostos ao público.
PARA LEMBRAR
Trilhos já foram redescobertos
Há dois meses, os trabalhadores do Metrô já haviam esbarrado nos antigos trilhos do bonde que ligava a região de Santo Amaro à Sé, a poucos metros de onde agora foram encontrados os utensílios.
Os trilhos estavam enterrados a apenas 20 centímetros de onde hoje passa o asfalto, ao lado do antigo pavimento de paralelepípedos da via. A linha funcionou entre 1913 e 1968 e foi a última de São Paulo a deixar de operar.
PONTOS-CHAVE
História
Já se sabia que o local das escavações da Linha 5-Lilás tem alta relevância histórica, já que a ocupação na região de Santo Amaro é uma das mais antigas de São Paulo.
Equipe
16 trabalhadores fazem a escavação em busca de mais objetos e nove arqueólogos fazem a catalogação preliminar dos artefatos.
Utensílios
A maioria dos objetos encontrados é de cerâmica ou porcelana - são panelas, potes, tigelas, pratos e jarros. Mas há itens de uso mais específico, como pesos para balanças.
Rodrigo Burgarelli - O Estado de S.Paulo
Macau: Arqueólogos descobrem muralha da cidade e vestígios da dinastia Qing junto às ruínas de São Paulo
Uma equipa de arqueólogos chineses descobriu em Macau, junto às ruínas de São Paulo, uma troço da antiga muralha da cidade, que julgam datar da dinastia Ming (1368-1644), e objetos da dinastia Qing (1644-1912).
As escavações iniciaram-se a 10 de abril nas imediações das ruínas de São Paulo numa área de 735 metros quadrados, onde foram demolidos, em março, dois edifícios da Administração, no âmbito do Plano Geral Urbano para aquela área da cidade, que o Governo pretende transformar numa “zona cultural e arqueológica”.
Em cerca de dois meses de trabalhos, a equipa do Instituto de Arqueologia da Academia Chinesa de Ciências Sociais, convidada pelo Instituto Cultural de Macau, anunciou ter descoberto um troço da antiga muralha da cidade, próximo da Fortaleza do Monte, e relíquias da dinastia Qing, como objetos de cerâmica, ladrilhos, telhas, conchas e balas de canhão em pedra.
O troço da muralha, com 1,5 metros de comprimento, 2,5 metros de altura e uma espessura de 1,27 metros, “trata-se de uma estrutura com um alinhamento de, pelo menos, cinco blocos de pedra e diversas camadas de uma mistura de solo de cor clara, formando um emparelhamento sucessivo, finalizado com tijolos cinzentos chineses”, explicam os especialistas.
“Tendo-se efetuado um estudo comparativo com base em mapas antigos de 1760, 1886 e 1912 verificou-se que esses documentos ilustram precisamente esta antiga muralha da cidade”, salientam os arqueólogos citados numa nota do Instituto Cultural.
Os especialistas do continente chinês procuram agora interpretar se o troço de muralha descoberto se trata de um segmento que pertencia ao antigo Colégio de S. Paulo ou se era parte do sistema defensivo da cidade, ou mesmo se serviria as duas vertentes de uso.
Os Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes de Macau vão em breve demolir outros dois prédios na zona das ruínas de São Paulo, que são propriedade do Executivo da região, para permitir a continuação das escavações arqueológicas.
No final dos trabalhos e em função das descobertas, o Governo vai elaborar um plano geral da área classificada como Património Mundial pela UNESCO, centrada nas ruínas de São Paulo, com o objetivo de requalificar os recursos turísticos e culturais, elevar a qualidade de vida e promover o desenvolvimento diversificado da economia daquela zona da cidade.
Após a conclusão do estudo do plano preliminar, o Executivo vai lançar o tema à consulta pública a fim de “alcançar o equilíbrio entre a defesa dos valores históricos e culturais e criar condições propícias ao desenvolvimento económico”, refere uma nota oficial.
“A zona das Ruínas de S. Paulo é o eixo central do centro histórico de Macau e também o centro da indústria cultural e do turismo, pelo que terá um papel difusor e catalítico na economia de toda a região”, defende o Executivo.
Correio do Minho
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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