ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

17 junho, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 17-6-10

Elevador Lacerda é Patrimônio Histórico Cultural

O tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aconteceu em 7 de dezembro de 2006, mas só agora foi homologado pelo Ministério da Cultura.
O Elevador Lacerda, inaugurado em 1872, é um dos principais cartões-postais de Salvador, possui duas torres, 72 metros de altura e atende uma média de 40 mil pessoas por dia.

Floresta Amazônica já foi densamente povoada

O professor e pesquisador Eduardo Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, fala sobre as descobertas arqueológicas feitas na região.
Os tradicionais estudos de história do Brasil têm origem na chegada dos colonizadores portugueses e espanhóis. No entanto, pesquisas arqueológicas na Amazônia já demonstram que a região contava com densa ocupação no passado. A descoberta de objetos refinados em cerâmicas e até mesmo de sociedades, que contavam com chefias e organizações de poder diferentes dos modelos ocidentais atuais, começam a quebrar de vez com as velhas visões que colocam os indígenas brasileiros como intelectualmente atrasados em relação a outras tribos sul-americanas.A arqueologia da Amazônia antiga, que corresponde ao período anterior à chegada dos europeus, tem revelado que a região é também resultado da interação com atividades humanas. “Os biomas da Amazônia tem uma história cultural tão rica quanto uma história natural”, explica o professor Eduardo Goes Neves, pesquisador da Amazônia brasileira, principalmente na sua porção oriental, e também atual presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira. A história indígena seria de longa duração, há mais de 10 mil anos e, talvez ultrapasse os 14 mil anos.Populações antigas deixaram sinais de vidas que estão sendo encontrados nos sítios arqueológicos da região, o que permite avaliar que grupos com diferentes culturas habitaram a Amazônia. A região como apresenta o pesquisador é repleta de paisagens resultantes da atividade humana. No entanto, ele salienta que é preciso ir além do reconhecimento da modificação da natureza pelas atividades do homem. “É preciso estabelecer os contextos culturais e sociais específicos nos quais esses processos de modificações da natureza foram exercidos no passado”.Já não é mais discussão entre arqueólogos a ideia de que a região amazônica foi densamente ocupada. A questão que está colocada no momento é descobrir qual foi o tamanho dessa população. Segundo Eduardo, tais sociedades eram compostas de povos que falavam línguas variadas, pelo menos seis grandes famílias lingüísticas já foram identificadas. Tal resultado confirma a diversidade cultural da região e explica as diferentes formas de modificações da natureza.Riqueza artística e sinais de vidaAntes mesmo de surgir a Renascença na Itália, cerâmicas com sofisticados traços gráficos já eram produzidas em Marajó e nas regiões de Manaus e Santarém. Os povos da Amazônia pré-colonial também esculpiram muiraquitãs, pequenos amuletos de pedra, na região de Oriximiná. O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo conta com alguns desses objetos em seu acervo.O espaço que hoje corresponde a cidade de Santarém, talvez tenha sido outra cidade, relatou Eduardo em artigo para a revista National Geografic do mês de maio. Se os indícios forem confirmados, Santarém é a cidade mais antiga do Brasil e pode ser também a única cujas origens remontam a história pré-colonial do país. E foi na região que foram encontradas o que talvez sejam as cerâmicas mais antigas das Américas, nos sítios de Taperinha e da Caverna da Pedra Pintada, com datas que podem chegar a 6000 a.C. Além dos objetos encontrados em sítios arqueológicos que indicam a presença humana ancestral na Amazônia, existem outras evidências como as abundantes matas de castanhais. O professor explica que as árvores dessa espécie são imensas e ultrapassam a altura média da copa da floresta e que pilhas da casca da fruta da castanha (os ouriços) espalham-se pelo chão. Também é característica da castanheira a demora para crescer e frutificar, sendo conhecido apenas dois animais na natureza que conseguem quebrar a casca do ouriço e dispersar sua castanha: a cutia e o homem. “Assim, é certo que a dispersão dos castanhais se deu por meio da atividade humana. Ao mesmo tempo, a baixíssima variabilidade genética entre castanheiras localizadas em pontos distintos da Amazônia como se os espécimes tivessem sido clonados, sugere que o processo de dispersão foi recente e começou dois mil anos atrás”, publicou Eduardo no artigo à revista. Outra descoberta que sinaliza a presença antiga do homem na Amazônia são as chamadas “terras pretas de índio”. Trata-se de um solo de coloração escura e muito fértil, podendo chegar a mais de 2 metros de profundidade. Normalmente, junto a essas terras são encontradas pedaços de cerâmica e ossos de animais.Durante muito tempo cientistas consideram esses solos como naturais, hoje eles são conhecidos como resultados da atividade humana, sendo considerados “solos culturais”. A análise do processo de formação e das propriedades dessas terras permite usá-las como marcadores arqueológicos de modos de vidas sedentários na Amazônia antiga. A idéia de assentamentos indígenas estáveis é reforçada ao considerar que a derrubada, limpeza, preparação e cultivos de áreas não aconteciam por meio de instrumentos de metais. O trabalho de preparação do solo era feito com o uso de objetos de pedra lascada ou polida, madeira, mão e fogo. A derrubada de árvores com machados de pedras implica em tempo muito maior do que a feita com machados de metal. As pesquisas arqueológicas na Amazônia têm revelado que a complexidade da floresta vai além dos meandros que envolvem seus recursos naturais. A região possui uma construção histórica antiga associada a uma densa população que habitou o espaço e deixou marcas de seus conhecimentos. É nesse contexto que o professor Eduardo identifica como “tarefa da arqueologia tentar estabelecer as autorias culturais associadas a modificações de paisagens”. As descobertas das relações ecológicas que essas populações conseguiram criar com a Amazônia podem ter muito a ensinar a sociedade contemporânea.
Por Daniele Silveira
Daniele Silveira é estudante de Jornalismo e participa do Projeto Repórter do Futuro.

Pesquisadores investigam mensagens secretas da capela Sistina

Em maio, cientistas da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, afirmaram ter descoberto desenhos secretos de uma parte do cérebro, da medula e dos nervos óticos na cena "Separação da Luz e das Trevas" da capela Sistina, obra de Michelangelo no Vaticano. A descoberta de mensagens na obra não é uma novidade, vários estudos já foram feitos a esse respeito, porém pesquisadores brasileiros, autores do livro A Arte Secreta de Michelangelo, apontam para um aspecto importante: os afrescos abrem espaço para várias interpretações, todas elas com bom embasamento.
Para o professor Marcelo Ganzarolli de Oliveira, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), autor do livro ao lado do médico Gilson Barreto, a proposta dos cientistas americanos Ian Sulk e Rafael Tamargo é "muito bem elaborada" e demonstra os vários vieses que existem na pesquisa desses mensagens secretas.
"No livro, o Gilson identificou nesta cena uma representação do osso hióide, que se situa logo abaixo do maxilar inferior. A identificação do Gilson não envolve as formas do pescoço. Envolve o tórax e os braços do personagem. O artigo em questão mostra um aspecto importante destas análises. Em uma mesma cena, um cirurgião de cabeça e pescoço (Gilson) pode enxergar uma estrutura do pescoço (o osso hióide) enquanto neuroanatomistas (Sulk e Tamargo) podem enxergar estruturas neuroanatômicas", afirma Oliveira em entrevista ao Terra.
O pesquisador diz que outros cientistas já estudaram os desenhos secretos do artista (veja mais detalhes na aba "fotos", acima) na obra da capela e ajudam a explicar melhor as interpretações das pinturas. "Nos outros dois artigos já publicados sobre correlações anatômicas na capela Sistina, um nefrologista (Garabed Eknoyan) enxergou estruturas do rim e outro neuroanatomista (Frank L. Meshberger) também enxergou estruturas neuroanatômicas (um corte sagital do cérebro). Estes casos revelam os vieses que podem existir nestas interpretações. Evidentemente, as análises são bastante subjetivas e sujeitas a vários artefatos", diz Oliveira.
"Isso é claro, não tira o fascínio da pintura de Michelangelo e nem o brilho da criatividade de todos os autores que tentam interpretá-la", afirma o pesquisador.
Séculos de segredo
Da criação de Michelangelo à descoberta feita por Meshberger de um cérebro escondido na cena "Deus cria Adão", em 1990, foram quase 500 anos. Segundo o outro autor do livro, o médico Gilson Barreto, há basicamente três motivos para essa demora.
"In loco creio ser impossível fazer um estudo mais detalhado do teto pelo desconforto cervical e pelo tempo ou disponibilidade de acesso ao local. Após a restauração (da capela), uma série de livros de imagens das cenas foram publicados e desde então os estudos se aprofundaram. Hoje em dia, não há critico de arte que saiba anatomia, portanto tivemos que esperar interesse de pessoas de outras áreas", diz o médico.
Sobre o motivo que teria levado Michelangelo a esconder esses desenhos na capela, Barreto afirma que a resposta teria um fundo religioso, inclusive com interesse na cabala: "a mensagem mais provável é a de sua filosofia religiosa neoplatônica, inspirada no judaísmo. Não creio que havia interesse científico para tal realização". "Na realidade, creio que a única maneira que podemos avançar no seu trabalho (sobre a capela Sistina) seria estudar a correlação entre as peças anatômicas e a árvore da vida da cabala judaica. Temporalmente, os filósofos Marcilio Ficino e Pico de Mirandola eram cabalistas e podem ter influenciado Michelangelo quanto à motivação de sua obra. Curiosamente o esquema do teto da capela é semelhante ao da árvore da vida da cabala", diz o médico.
Contudo, Barreto também afirma que havia um grande interesse de Michelangelo pelo estudo da anatomia humana, representado nessas mensagens escondidas, apesar da destruição de seus estudos. "Alguns desenhos ele próprio destruiu, outros se perderam e alguns foram queimados no saque a Roma em 1527. Mas, o amor pela anatomia humana pode ser comprovada nos seus poemas, na sua obra, na sua biografia e na sua amizade com Realdo Colombo, médico e anatomista", afirma.
O médico diz ainda que outras cenas da capela, inclusive outras obras de Michelangelo, como a estátua Moisés, foram estudadas, a maioria retratada no seu livro feito em parceiro com Oliveira.
Matheus Pessel
Direto de Porto Alegre
A portaria nº 57, do Ministério da Cultura, que confirma oficialmente o Elevador Lacerda como Patrimônio Histórico Cultural foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).

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