ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

18 junho, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 18-6-10

Rio de Janeiro-RJ - Casarão na Tijuca dos anos 20 é reformado

RIO - Depois de mais de uma década abandonado, um belo casarão dos anos 20 em estilo eclético, localizado na esquina das ruas Professor Gabizo e Doutor Satamini, na Tijuca, está prestes a deixar para trás os tempos de patinho feio. Após quatro meses em obras para abrigar a filial de um bar, o imóvel histórico terá a sua restauração concluída. Pela importância para a memória do bairro e para evitar o risco de demolição do imóvel, o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro determinara, em 2005, o tombamento provisório.
Dono do bar Odorico, que ocupará o espaço daqui a dois meses, o empresário Wellington Fontenelle conta que decidiu reformar a casa não só pela localização, mas pela sua qualidade arquitetônica, um atrativo a mais para conquistar a clientela:
- Estamos praticamente fazendo uma casa nova. Até agora, foram gastos R$ 900 mil na obra. Mas já dá para sentir que está valendo a pena.
André Rodrigues, arquiteto responsável pelo projeto de restauração, diz que buscou manter a fachada o mais próxima possível da original. No total, o imóvel tem 300 metros quadrados, divididos em dois pavimentos, além de um pátio. No segundo andar, por exemplo, o arquiteto manteve o desenho do piso em madeira. O forro acompanha a inclinação do telhado, como no projeto inicial. O muro em pedra foi mantido, assim como a parte em tijolo maciço. Ele conta que uma das maiores dificuldades encontradas na restauração está relacionada ao roubo de várias peças do casarão.
- Encontramos o imóvel todo depenado. Das 25 janelas de madeira, só restou uma, que serviu de modelo para a confecção das que faltavam. Além disso, levaram até os guarda-corpos das varandas.
Jacqueline Costa
O Globo

Sociedade que habitou Brasil era mais complexa do que se pensava
Foto: Paulo Antônio Dantas de Blasis/Agência Fapesp/Divulgação

Pesquisa coordenada pelo professor Paulo Antônio Dantas de Blasis, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), indica que as sociedades sambaquienses, que habitaram o litoral brasileiro durante um período entre 2 mil e 7 mil anos, mantiveram hábitos e culturas mais elaboradas do que se imaginava. As informações são da Agência Fapesp.
Os cientistas estudaram desde 2005 no litoral de Santa Catarina as sociedades que construíram morros conhecidos como sambaquis ("montes de conchas", em tupi-guarani). Essas comunidades ocupavam uma faixa do litoral brasileiro que ia da região Sul até o Nordeste. Contudo, elas desapareceram há cerca de mil anos. As construções foram observadas já pelos primeiros colonos europeus que chegaram ao País. "Mas, até hoje, sabemos muito pouco sobre a finalidade dos sambaquis", disse Blasis à agência.
Segundo os pesquisadores, entre as principais funções desses morros estava a funerária. Os mortos era enterrados em covas rasas e a pesquisa do material encontrado pelo estudo indica que eram feitas grandes festas funerárias que reuniam várias comunidades sambaquianas. Restos de comida eram depositados sobre os corpos, que depois ficavam sob conchas.
Os túmulos tinham forma de pequenos montes e eram construídos lado a lado, sendo que mais corpos eram colocados em novas camadas e, no final, formavam um único monte. Ao longo do tempo, o cálcio das conchas se espalha pela estrutura, que ficava petrificada.
Esse ritual funerário, além de outras descobertas, indica que essa sociedade era mais sofisticada do que pensava. "A maneira de tratar os mortos é bem característica de cada cultura", disse Blasis.
Ainda de acordo com o estudo, ao contrário do que se estimava, os sambaquianos não eram nômades, mas estabeleciam comunidades fixas, o que exigia um maior grau de organização. A pesquisa indica também que eles eram mais numerosos do que se imaginava, com milhares de comunidades espalhadas pela costa e que interagiam entre si, como indicam os rituais funerários.
Essa característica de interação entre as comunidades levou os cientistas à hipótese de que os sambaquis também funcionavam como um marcador territorial, para servir de aviso de que o local pertencia a determinado grupo. Para estudar essa hipótese, o grupo fez escavações e utilizou equipamentos como radares de superfície e instrumentos de datação de objetos com o método de carbono 14 e da luminescência opticamente estimulada.
Os pesquisadores afirmam ter criado um mapa do desenvolvimento dessa sociedade e construído uma "supercronologia regional". Participaram do estudo geólogos, bioantropólogos, geofísicos e arqueólogos, entre outros profissionais, além de especialistas em paleoclimatologia. "Essa especialidade diz sobre as oscilações do nível do mar, se há vestígios de mangue, se o ambiente era mais frio em relação ao clima de hoje ou se o solo era mais salgado comparado ao atual, entre outras informações", disse Blasis.
Os cientistas afirmam ainda que o Estado de Santa Catarina foi escolhido para o estudo por ter os maiores sambaquis remanescentes, já que a maioria dessas estruturas, que chegavam a 70 m de altura, foi destruída. A cal extraída dos sambaquis foi utilizada na construção civil entre os séculos XVII e XIV e, além disso, a degradação continuou pela ação humana até a década de 1970.
A pesquisa indica também que essa sociedade desapareceu de forma pacífica. "Nos ossos encontrados não há sinais de mortes violentas, o que sugere que os sambaquienses podem ter desaparecido de forma pacífica ao se miscigenar com outros grupos", afirmou Blasis.
Redação Terra

Tombamento do Jockey Club de São Paulo breca projeto de torres

Inaugurado em 1941, hipódromo da Cidade Jardim não poderá ter suas construções
Decisão. O Condephaat acelerou a decisão depois da revelação, pelo ‘Estado’, de que o Jockey cederia 100 mil m do hipódromo – 1/6 do terreno – para a construção de área comercial O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephaat) decidiu ontem, por 11 votos a 4, tombar o Jockey Club de São Paulo. Nenhuma edificação do hipódromo da Cidade Jardim, na zona sul da cidade, poderá ser alterada sem autorização dos conselheiros do órgão - o que, em outras palavras, praticamente enterra os projetos da atual direção do Jockey de ceder parte de seu terreno ao mercado imobiliário.
Segundo o Condephaat, o tombamento engloba todo o terreno murado do Jockey, além de um espaço para eventos localizado na Rua Bento Frias, vizinho do hipódromo. A decisão do órgão foi apressada nas últimas semanas, depois que o Estado revelou os planos do Jockey de ceder 100 mil metros quadrados da área, o equivalente a 1/6 do terreno, para a construção de torres comerciais e um shopping center. O projeto serviria também para abater a dívida da entidade - só de IPTU, são cerca de R$ 150 milhões. O projeto, porém, foi barrado na Justiça.
Integrantes da Secretaria de Estado da Cultura e do Condephaat entenderam que a aprovação do processo de tombamento do Jockey acabaria de vez com os planos de venda do local - agora, com a decisão, volta à pauta a ideia de transformar o Jockey em parque público, pagando a desapropriação com a dívida de IPTU que a entidade tem com a Prefeitura. O valor venal do hipódromo é estimado em R$ 300 milhões. Procurado ontem, o Jockey não quis manifestar-se sobre a decisão do Condephaat.
Imbróglio. A direção do Jockey tratava o projeto de cessão como a melhor alternativa para abater as dívidas. No fim de 2009, 12 sócios se insurgiram contra o projeto, apontando diversas irregularidades. Em novembro, as partes foram convocadas para uma audiência de conciliação, mas não houve acordo. Já em março o juiz Rogério Marrone de Castro Sampaio, da 27.ª Vara Cível, declarou nula a licitação. Em seu despacho, ele acolheu o argumento de que a permuta ou venda de imóveis deveria antes passar obrigatoriamente pelo crivo dos sócios, em assembleia extraordinária, como determina o estatuto do clube.
"Mesmo que se reconheçam as dificuldades econômicas enfrentadas pela ré e a intenção (...) de tentar solucioná-las, o certo é que não se pode prescindir do respeito às exigências estatutárias", escreveu o juiz. Na ocasião, a advogada Magadar Briguet, que defende os 12 sócios, assinalou que seus clientes não eram contra a permuta. "O que se buscou foi o direito de eles serem ouvidos, em vez de aceitarem um pacote pronto", disse a advogada em entrevista.
Ontem, o coordenador do grupo Pró-Jockey, do qual fazem parte os 12 sócios autores da ação, comemorou a decisão do Condephaat. "O tombamento vai ao encontro do que defendíamos", disse Antonio Lafayette Salles. "Todo o imóvel em processo de tombamento já precisa da anuência do órgão de defesa do patrimônio. Esse foi um dos erros da diretoria do Jockey, que levou esse projeto adiante sem consultá-los."
Futuro. Salles lembra que há em tramitação no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio (Conpresp) outro processo de tombamento do Jockey. Para o coordenador do Pró-Jockey, o tombamento não inviabiliza futuros projetos no hipódromo. "Acredito que seja possível desenvolver projetos para o Jockey, mas algo que seja razoável e equilibrado, condizente com a vocação daquela área."
PARA LEMBRAR
Plano previa shopping e vários prédios
O tombamento do hipódromo da Cidade Jardim praticamente enterra o polêmico plano do Jockey Club de ceder parte de seu terreno para o mercado imobiliário.
Batizado de Vila Hípica, o projeto de cessão da área previa inúmeras mudanças onde estão hoje as cocheiras e casas à beira da Marginal do Pinheiros. No local, a intenção era construir duas torres comerciais, uma com 30 pavimentos de 1.850 metros quadrados e outra com 16 andares de 845 m2, alguns pequenos edifícios de lajes comerciais com 660 salas de 42 m2, além de um shopping de 3 mil m2 com lojas, praça de alimentação e centro cultural.
O Jockey Club também apresentou planos de erguer um condomínio fechado de casas no centro de treinamento em Campinas, a 98 quilômetros da capital paulista, e um outro condomínio de prédios de quatro andares, com um total de 648 unidades, em um terreno de 151 mil m2 na Chácara do Jockey, na Vila Sônia, zona sul de São Paulo.
Havia planos ainda de construir um centro de treinamento de animais em área de 1.370.000 m² em Porto Feliz, cidade a 112 quilômetros da capital.
PONTOS-CHAVE
História
Com 73 sócios, o Jockey foi fundado no ano de 1875, com o nome de "Club de
Corridas Paulistano". Mas o primeiro páreo oficial ocorreu apenas um ano depois
Na Cidade Jardim
O Jockey da Cidade Jardim (foto) foi inaugurado em 25 de janeiro de 1941, para substituir o Hipódromo da Mooca. A sede social do clube, no entanto, sempre permaneceu na região central
Presente
Hoje, o Jockey Club de São Paulo abriga cerca de 1.500 animais puro-sangue inglês de corrida e mais os 500 cavalos que estão alojados nos centros de treinamento da entidade
Patrimônio
O Condephaat decidiu tombar integralmente a área do Jockey Club. Tanto as edificações quanto a volumetria do hipódromo da Cidade Jardim não podem mais ser alterados
Rodrigo Brancatelli e Bruno Tavares - O Estado de S.Paulo
Pesquisadores examinam sambaqui em Santa Catarina

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