CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 20-7-10
Estátua do Padre Cícero em Juazeiro do Norte poderá ser tombada pelo patrimônio histórico
FORTALEZA - A estátua do Padre Cícero em Juazeiro do Norte, no Ceará, poderá ser tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan). Se aprovado, o projeto poderá marcar a programação em comemoração dos 100 anos de Juazeiro, que começa no dia 17 deste mês. A decisão do Iphan sai nos próximos dias
Na próxima semana, sairá a decisão do órgão em reunião em Fortaleza. Historiadores, arquitetos e técnicos do Iphan e da Universidade Federal do Ceará (UFC) participam do encontro
O bispo de Crato, Dom Fernando Panico, conduz um processo de reabilitação do padre junto ao Vaticano, para que ele possa ser declarado santo.
O Globo
Restauração de tela de Da Vinci traz à tona detalhes escondidos
"Virgem das Rochas", de Da Vinci, antes (esq.) e depois da restauração, que durou 18 meses: obra será novamente exposta na National Gallery de Londres a partir desta quarta (13/7/2010)
Versão posterior da pintura exposta no Louvre, em Paris, a tela também aparenta nunca ter sido inteiramente concluída, segundo a equipe de conservação da National Gallery, de Londres, onde o quadro voltará a ser exposto nesta quarta-feira.
O processo de limpeza trouxe à tona detalhes que passaram muito tempo ocultos sob uma camada de verniz aplicada em 1948-9 e fortemente degradada desde então, que também reduziu o sombreamento sutil da pintura, especialmente em suas áreas mais escuras, e prejudicou o senso de espaço pretendido.
O trabalho de conservação e o estudo dos materiais e técnicas empregados revelaram que partes diferentes da tela alcançaram graus diferentes de completude, disse a galeria. A mão do anjo, por exemplo, mal foi esboçada, enquanto as cabeças das figuras principais parecem ter sido inteiramente completadas.
"No passado, os curadores da galeria, assim como muitos outros estudiosos da pintura renascentista, explicaram os níveis diferentes de acabamento e resolução na tela, argumentando que Leonardo foi auxiliado por assistentes", disse a galeria em comunicado à imprensa.
Trabalho solitário
"Hoje parece possível que Leonardo tenha pintado a tela inteira sozinho, deixando algumas partes apenas esboçadas ou sem ser inteiramente acabadas, enquanto outras foram trabalhadas completamente."
Em 2005, com a ajuda de tecnologia infravermelha, especialistas descobriram dois desenhos distintos sob a superfície da tela, comprada pela National Gallery em 1880.
Um deles era totalmente diferente daquilo que acabou sendo pintado sobre ele, e o segundo é um desenho da Virgem das Rochas, mas com mudanças consideráveis.
Realizado por uma equipe que incluiu curadores e membros dos departamentos de conservação e científico da galeria, o projeto de restauração também incluiu discussões com especialistas de outros países, incluindo alguns do Louvre.
Pintada entre cerca de 1491 e 1508, a tela será exposta em uma nova moldura que incorpora parte de uma moldura italiana do final do século 15 comprada pela galeria no ano passado especialmente para esse fim.
(Reportagem de Kylie MacLellan)
Iphan autorizou obra indevida em imóvel de extrema relevância histórica situado na cidade de Mariana
O Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG) ajuizou ação civil pública contra o Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural (Iphan) e a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) para que os réus sejam obrigados a demolir anexo em construção no campus da Ufop em Mariana (MG), com a recuperação da área atingida, inclusive no que diz respeito à cobertura vegetal, e a recolocação das pedras “pé de moleque” retiradas do pátio externo.
A obra é verdadeiro acréscimo ao prédio onde funcionou o Seminário Menor Nossa Senhora da Boa Morte e atualmente está instalado o Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) da Ufop. O MPF/MG pede a concessão de liminar para a paralisação imediata da construção, que está acontecendo de maneira célere, através do sistema de pré-moldados.
A universidade destruiu o antigo estacionamento, que era todo revestido por calçamento colonial, para construir um anexo destinado a ampliar a capacidade da escola. O problema é que toda a edificação, objeto de tombamento federal individual, também integra o núcleo histórico de Mariana, um dos mais importantes conjuntos histórico-urbanísticos do país.
O caso chegou ao conhecimento do MPF em março deste ano, que instaurou procedimento administrativo para investigar os fatos e determinou perícia no local, quando se confirmou a inexistência de aprovação da obra pelo Iphan. Além de embargar a construção, o Iphan, naquela ocasião, manifestou preocupação com o crescimento desordenado do campus e a necessidade de se limitar essa ocupação.
Apesar do embargo, as obras continuaram, razão pela qual o MPF convocou ambas as instituições para uma reunião durante a qual decidiu-se pela paralisação das construções, até que a Ufop apresentasse um projeto, submetendo-o ao Iphan para prévia aprovação.
Em 28 de maio último, o Escritório Técnico do Iphan em Mariana liberou a obra, em parecer que o MPF considerou “extremamente lacônico em sua fundamentação”. A anterior exigência de que a universidade apresentasse um planejamento de desenvolvimento foi completamente ignorada.
Segundo a procuradora da República Zani Cajueiro Tobias de Souza, “No que tange, ainda, à visibilidade do bem tombado e sua relação com o conjunto arquitetônico de Mariana, o Iphan sequer juntou fotografias, limitando-se a apor 'ficha fotográfica' com imagens do 'Google Earth' em escala que inviabiliza qualquer avaliação. Também não houve análise mais acurada das plantas. Na verdade, o novo parecer não teve qualquer coerência com as análises anteriores feitas pelo próprio Iphan, em desacordo com os procedimentos usualmente adotados, o que contraria frontalmente o dever da autarquia de preservar o patrimônio cultural brasileiro”.
Obra de arte arquitetônica - O MPF chama a atenção para o fato de que “o complexo do Seminário Menor e Capela da Boa Morte, além de tombado por pertencer ao conjunto arquitetônico e urbanístico de Mariana, foi também inscrito no livro de Belas Artes, sendo-lhe portanto conferida a característica de obra de arte. Ou seja, ele possui inequívoca relevância e importância para a história e a arte e em hipótese alguma poderá ser admitida qualquer intervenção que interfira na leitura tanto do monumento individualmente, quanto do contexto urbano em que está inserido”.
“A disposição do prédio em dois blocos enquadrando a capela, no formato de um E, foi objeto de ressalto na descrição do tombamento, sendo qualificada por sua elegância. Nessa linha, resta evidente que o acréscimo que vem sendo realizado pela Ufop modificará, de forma grotesca, tal disposição”, afirma Zani Cajueiro.
A própria natureza do acréscimo, que, segundo exigiu inicialmente o Iphan, deveria “apresentar mínima visibilidade em relação ao edifício tombado, quando observado a partir do centro histórico e do acesso ao campus do ICHS”, na prática, trata-se de uma edificação, com área total de 2.000 m², formada por dois blocos de dois pavimentos, superiores ao pré-existente, tanto no sentido longitudinal, como transversal, e altura avançando sobre o edifício original. A universidade está construindo ainda um novo estacionamento, com ampla e nova pavimentação em área anteriormente “verde”, embora o próprio tombamento do bem destacasse a importância de tal envoltório para a caracterização do imóvel e preservação das características que lhe conferiram o status de bem tombado.
O MPF destaca que, pelo projeto, “a ambiência tradicional do bem não será conservada, nem mesmo a volumetria, as cores e formas da fachada, o que constitui flagrante desrespeito às normas que obrigam à preservação dos bens culturais”.
Zani Cajueiro lembra que “o mais grave, na condução do processo pelo Iphan, é que a análise do caso foi invertida: partiu-se do pressuposto da efetiva existência das fundações no local quando o correto seria exigir da Ufop a modificação do projeto”.
Para o MPF, a efetiva necessidade da oferta de vagas para os cursos oferecidos pela universidade não podem se sobrepor à proteção conferida pelo tombamento. Se a cidade é um ente dinâmico, obviamente, há que se inserir, na análise do Iphan, a possibilidade de indicação de alternativas locacionais para o empreendimento, em verdadeira analogia – até porque está a se tratar de direito ambiental – ao que exige a Resolução Conama 01/86.
“A pergunta que fazemos é: por que a obra não pode ocorrer em outros imóveis da Ufop, inclusive através de instrumentos como a cessão de uso ou mesmo a desapropriação? Em que momento, considerando a ausência de planejamento, a médio e longo prazo, de crescimento das Instituições Federais de Ensino, será obstaculizada a utilização do bem tombado como objeto, quase infindável, de acréscimos?”, indaga a procuradora da República. “Infelizmente, nesse caso, o Iphan não somente se omitiu na fiscalização da obra, como efetivamente corroborou em sua continuidade, quer seja por ter aprovado, no início deste ano, sua volumetria, quer seja porque permitiu a continuidade da realização das “fundações”, quer seja, por fim, por ter aprovado a proposta da Ufop”.
Por essa razão, foi pedida também a nulidade da autorização concedida pelo Iphan para a execução das obras.
Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal em Minas Gerais
(31) 2123.9008
Twitter: mpf_mg
LONDRES - Um projeto de 18 meses de duração para restaurar a "Virgem das Rochas", de Leonardo da Vinci, revelou que o artista renascentista provavelmente pintou a tela inteira ele próprio, e não, como se pensava anteriormente, com a ajuda de seus assistentes.Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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