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26 maio, 2011

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 26-5-11

Peças arqueológicas são encontradas no Cariri

Catarina Borges, diretora do Centro Cultural Raimundo de Oliveira Borges, guarda as peças, consideradas diferentes
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS

A história dos povos indígenas no Estado pode ganhar novo capítulo com acervo descoberto no Cariri
Achados indígenas, que poderão comprovar formação de aldeamento neste Município foram encontrados na cidade. São peças em cerâmica que foram vistas durante as obras do projeto de iluminação, no Estádio Moraizão. O material ficou guardado por alguns dias com um morador, até que ele decidiu repassar para o Centro Cultural Raimundo de Oliveira Borges. Esta semana, um grupo de técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) estará em Caririaçu para examinar o material e verificar o local onde as peças foram localizadas.
O material cerâmico é grande e também pesado e se assemelha a bacias e panelas. Mas a maior delas poderá ter sido uma urna. Conforme e diretora do Centro Cultural, Catarina Borges Macedo, que está guardando as peças, é algo diferente do que se vê normalmente. Ela acredita que os achados arqueológicos poderão se tornar uma atração da cidade.
"A história de Caririaçu poderá ser elucidada por meio dessas cerâmicas", acredita a professora Catarina. Ela disse que há vários anos foi encontrado outro registro desse tipo de material, nas proximidades da Igreja Matriz de São Pedro, no Centro. Nada foi guardado e não se sabe o destino que foi dado à cerâmica na época da descoberta.
Logo que recebeu as peças de um amigo, Catarina decidiu consultar a arqueóloga Rosiane Limaverde, que há vários anos tem desenvolvido pesquisa na área, com a identificação de diversos sítios arqueológicos. A partir dos já identificados, a pesquisadora acredita que os aldeamentos cerâmicos ocorriam do sopé da Chapada do Araripe até o sertão dos Inhamuns.
Era nas áreas mais altas que os índios procuravam abrigo mais seguro, principalmente para se protegerem das inundações e porque eram locais mais próximos das fontes de água.
De acordo com a arqueóloga, foram formados vários núcleos de aldeias. São áreas de mais de 600 metros de altitude. O material que ficou nas áreas baixas acabou sendo arrastado pelas enxurradas. Os técnicos do Iphan farão uma notificação do material. A arqueóloga irá solicitar a guarda das peças para pesquisa no laboratório de Arqueologia da Fundação Casa Grande. Esse trabalho servirá para comprovar a autenticidade e origem do material. Quase 20 sítios arqueológicos já foram identificados na região.
Região privilegiada
A região do Cariri é um dos locais importantes para a pesquisa científica nas áreas da Arqueologia e da Paleontologia. Antes da chegada do homem branco à região, no século XVII, o local era habitado por inúmeros indígenas. E não só as tribos, mas há mais de 100 milhões de anos, os céus do Cariri eram invadidos pelos pterossauros, répteis voadores, inspiração do cineasta Spielberg, dinossauros e outros animais pré-históricos. Segundo a arqueóloga Rosiane Limaverde, está comprovado que os índios seguiram o caminho das águas, isto é, entraram no Cariri, vindos da Paraíba, pelo Riacho dos Porcos, e caminharam no leito dos rios até os pés de serra. Os achados em Caririaçu poderão comprovar que essas tribos habitavam as áreas mais altas e com fontes de água.
Pesquisa urbana
Um dos recentes trabalhos do grupo da Casa Grande está sendo desenvolvido na cidade de Santana do Cariri, com acompanhamento de uma obra de saneamento. Pela primeira vez na região é realizada a pesquisa na área da Arqueologia Urbana. O material encontrado é encaminhado para o laboratório da fundação para ser examinado.
As peças de Caririaçu estão sendo motivo de curiosidade na cidade. Para Catarina, esse material poderá ser a comprovação da presença dos índios, de forma concreta. "É uma maneira de trabalharmos essa comprovação histórica não apenas nos depoimentos dos livros, mas com o que restou desse povoamento", diz ela.
Como educadora infantil, tem utilizado os achados para instruir as crianças. As pesquisas históricas na cidade também poderão ficar mais enriquecidas, conforme Catarina. A dona-de-casa Francisca de Oliveira Macedo está admirada com as peças. "Parece coisa de índio mesmo", ressalta. Ela considera as cerâmicas de grande importância para a cidade.
Têm sido constantes os achados arqueológicos registrados na região. Além disso, diversas inscrições rupestres já foram identificadas em sítios pela região. No caso de Santana do Cariri, quando é identificado algum vestígio, a prioridade é dos estudiosos, já que no local poderão ser encontradas peças que servirão de ponto de partida para elucidar a origem de cada lugar e do seu povoamento.
Autenticidade
A guarda do material para estudo deverá ser concedida pelo Iphan para a Fundação Casa Grande. Para Catarina Borges, é importante que todo esse material seja examinado, para posterior divulgação de análise, garantindo a autenticidade.
Será também uma maneira de educar a sociedade quanto à importância desse patrimônio. É algo que aparentemente, para a maioria das pessoas, segundo ela, pode parecer simples, mas que tem um grande significado para a civilização. É um criativo meio para conhecer o seu passado e melhor compreender o processo civilizatório.
Povoamento
"Os índios costumavam ficar em lugares altos e próximos de fontes de água, durante os aldeamentos"
Rosiane Limaverde
Arqueóloga e diretora da Fundação Casa Grande
MAIS INFORMAÇÕES
Centro Cultural Raimundo de Oliveira Borges, Av. Francisco Barros Sobrinho, 40, Santo Augustinho
Caririaçu, telefone: (88) 9912.4068
Elizângela Santos
Repórter
Diário do Nordeste

Prefeito de São José dos Pinhais ordena a destruição de um edíficio de 130 anos
Tratores para derrubar o prédio, que estava em processo de tombamento, chegaram por volta da 1h
Na madrugada deste sábado (14), o prefeito de São José dos Pinhais, Ivan Rodrigues (PTB), ordenou a derrubada da antiga prefeitura da cidade. A edificação foi construída na década de 1880 e, desde agosto de 2010, estava em processo de tombamento pelo conselho do patrimônio histórico do município.
Segundo a historiadora Maria Angélica Marochi, 60, os tratores chegaram à Rua Passos de Oliveira, onde ficava a sede, por volta da 1 hora. “A casa pertenceu a um prefeito da cidade nos anos 20. Desde a década de 1970 existiam iniciativas para tombar o local. O prefeito não respeitou seus cidadãos.”
Maria faz parte do Conselho do Patrimônio de São José dos Pinhais. Ela conta que o pedido de tombamento da edificação foi aprovado pelos conselheiros por unanimidade. “O processo já tinha tido início. Aí o prefeito recusou a proposta no fim do ano passado e não tocou mais no assunto desde então.”
A professora Neusa Koerbel, 60, conta que cresceu observando o prédio e quase não acredita no que aconteceu. Ela mora há três quadras da prefeitura e acordou chocada com a notícia. “Sinto como se tivessem matado uma parte da memória da cidade”, lamenta. O prefeito Ivan Rodrigues foi procurado pela reportagem, mas não quis comentar a situação
Gazeta do Povo

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