ATUALIDADES - 1-7-11

Pão de Açúcar propõe fusão com Carrefour no Brasil

Se aprovada, união criará grupo com 27% do varejo nacional; sócio pode barrar negócio

O Carrefour anunciou ontem que recebeu uma oferta de união das operações com o Pão de Açúcar no Brasil.

Se aprovado em 60 dias pelos acionistas, o negócio pode consolidar a liderança do Pão de Açúcar no país e criar um grupo com domínio de 27% do varejo nacional. Com a fusão, a rede de Abílio Diniz passa a operar em oito Estados em que não atuava antes. Além disso, o grupo se internacionaliza, já que, pela proposta, a varejista ficaria com 11,7% do Carrefour França, que está presente em nove países.

A proposta é de uma transação complexa, mas que, em última análise, consistiria na criação de uma empresa - o Novo Pão de Açúcar (NPA) -, que seria controlada em partes iguais pelo Carrefour França e por uma empresa designada Gama, que além do grupo Pão de Açúcar teria o BNDES e o BTG como sócios. Os novos sócios entrariam com R$ 4,55 bilhões para viabilizar a operação de fusão.

Negociação é 'ilegal'

Sobre o negócio paira a suspeita de traição. Os sócios franceses acusam Diniz de ter iniciado as negociações com o Carrefour sem a sua permissão e podem barrar a união.

Para Jean Charles Naouri (JCN), presidente do Casino, a negociação é "ilegal". Já Diniz diz que a união não sai sem o aval dos sócios. Ele esteve ontem em Paris e não conseguiu ser recebido pelo parceiro. "JCN se nega a dialogar", disse em nota. As ações do Pão de Açúcar subiram 12,6%.

Concentração de mercado é ruim para o consumidor

O consumidor brasileiro pode ser o principal prejudicado com a fusão caso ela seja aprovada.

Ele perde porque aumenta a concentração no mercado. A nova empresa teria três vezes o tamanho da unidade brasileira do Walmart, segunda colocada no ranking.

Para o especialista em fusões e aquisições Marcos Morita, existe o risco de aumento de preços para o consumidor. Para ele, o risco maior é no Sudeste, onde as duas redes são mais fortes.

A operação precisará passar pelo crivo do órgão de defesa do consumidor, o Cade, que ainda nem avaliou a compra, pelo Pão de Açúcar, de Ponto Frio e Casas Bahia.

 

Abílio Diniz

Destak Jornal