CULTURA, PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL - 8-10-2008
O mosaico de Portinari no prédio de Niemeyer
No universo de obras-primas deixadas por Cândido Portinari, a cidade de São Paulo tem um pequeno e raro acervo. Um dos poucos mosaicos está em processo de degradação - apesar de muitos nem saberem que ele existe.
O mestre de Brodósqui criou um mosaico com quase 250 metros quadrados, no início da década de 50, na parede interna do Edifício e Galeria Califórnia, na Rua Barão de Itapetininga, região central. Esse trabalho, por muitos esquecido dentro de outro patrimônio histórico - de autoria de Oscar Niemeyer e Carlos Lemos -, deve passar por um processo de restauro até o fim deste ano.
Segundo estudiosos em arte, se trata de um mosaico raríssimo, classificado como abstrato, em função de uma linguagem pouco usual na obra do pintor.
No Califórnia, as pastilhas são de vidro de 2 por 2 centímetros em tons de cinza, preto e vermelho. A assinatura de Portinari está no canto inferior direito, feita com pastilhas delicadamente recortadas, uma a uma. A obra foi executada para revestir parte da parede lateral direita da galeria, próxima da entrada do antigo Cine Barão, que se transformou recentemente num bingo e agora vai dar lugar a um teatro da União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo (Uniesp).
A obra está bastante desgastada e prejudicada em alguns pontos. Há muita sujeira e uma quantidade muito grande de pastilhas caiu ou foi retirada. O espaço acabou preenchido com argamassa. "Tinham colocado uma placa enorme do cinema num dos lados. Ainda dá para ver a mancha escura que a sujeira deixou. E na outra ponta havia as bilheterias. Eu trabalhei muito para retirar isso da frente", conta o ex-síndico do condomínio Jaime David Winiawer.
Próximo do guichê da portaria, o mosaico de Portinari foi corrompido, com instalação de luminária por sobre as pastilhas - e há até de uma câmera de segurança. Isso apesar de o edifício ser tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).
"Vamos investir R$ 6 milhões na reforma do local (cinema) e construir um amplo teatro com 600 lugares, numa área de 1.800 metros quadrados. Vai se chamar Teatro Portinari e vamos restaurar essa obra importantíssima para o local e para São Paulo", afirma o presidente da Uniesp, Fernando Costa. O objetivo é iniciar as obras nos próximos dias e fazer a inauguração do mosaico e do teatro até o fim do ano.
NÃO CONHEÇO NADA DELE
"Portinari? Não conheço nada dele, não. Ele faz quadro bonito, né? Passo aqui todo dia e nunca tinha lido esse nome aí embaixo", diz a balconista Maria Suzana da Silva, que trabalha na Rua Barão de Itapetininga. "Esse monte de pedrinha amontoada é Portinari? Mentira", completa a colega de serviço Cleide Silva.
Além da obra do pintor, o Edifício e Galeria Califórnia tem encanto próprio. O projeto é de autoria de Oscar Niemeyer e Carlos Lemos e foi publicado na revista Habitat em 1951. Pesquisa feita pelo arquiteto e urbanista Alessandro José Castroviejo Ribeiro mostra que a proposta demorou cinco anos para ser aprovada pela Prefeitura de São Paulo. A tramitação durou de 1951 a 1955. "As fachadas têm volumetria elegante e os pilares são em V.
Ele (Niemeyer) não gosta tanto do Califórnia, mas é uma obra importante", destaca Ribeiro.
O projeto da Uniesp prevê também a revitalização da galeria, para ser transformada em ponto de encontro de estudantes. A entidade quer chegar a 50 mil alunos em seus quatro câmpus na região do centro velho da capital paulista. Na semana passada, Fernando Costa fechou convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que financiará parte das mensalidades dos universitários. "Temos uma riqueza cultural a serviço do aluno aqui e em todo o entorno", afirma. Ainda funcionam hoje, no térreo do edifício, lojas de pedrarias, bares, restaurantes e outros estabelecimentos. Alguns deles, conforme o projeto, serão retirados, para que o mosaico de Portinari possa ganhar maior visibilidade.
Eduardo Reina
Estadão.com.br
Eduardo Reina
Estadão.com.br
Chapéus Cury se torna patrimônio de Campinas
Após 14 anos de estudos, Condepacc tomba a fachada e a chaminé do prédio que a empresa ocupa desde 1920
Prestes a completar 90 anos de existência, a Chapéus Cury acaba de se tornar patrimônio histórico de Campinas. As fachadas do prédio que a empresa ocupa desde 1920 e a chaminé foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc). Os estudos visando ao tombamento estavam abertos desde 1994 e levaram em consideração a importância econômica da empresa para a cidade, sua história de indústria familiar e a participação no desenvolvimento urbano de Campinas.
Paulo Cury Zakia na frente ao prédio histórico(Foto: Júlio César Costa/AAN)
A empresa é conhecida internacionalmente como a fabricante do chapéu de Indiana Jones. O visual faroeste do herói, personagem de Harrison Ford na série de filmes sobre o aventureiro, tem o acessório “made in Campinas” como uma de suas marcas. Ford usa o chapéu desde Os Caçadores da Arca Perdida, o primeiro filme, de 1981.
A história da empresa em Campinas começou em 1920, quando Miguel Vicente Cury — prefeito de Campinas nas gestões de 1948 a 1951 e depois de 1960 a 1963 — e o pai dele, Vicente Cury, fixaram residência na cidade e fundaram uma pequena fábrica de chapéus. Antes disso, eles tinham uma oficina de reforma de chapéus, em Mogi Mirim. No começo, importavam da Europa o pêlo de coelho que era usado na confecção de carapuças de feltro, como são chamados os chapéus semi-acabados, para os modelos masculinos, sociais e de campo.
Segundo a empresa, o fundador e sua própria família foram os responsáveis pelo início da produção, por sinal muito pequena. As dificuldades eram tremendas, mas, empenhando-se com tenacidade e entusiasmo, Miguel, o pai, conseguiu enfrentá-las. Fabricava-se uma dúzia de chapéus — que imediatamente era vendida — e, com o dinheiro, comprava-se os materiais para a fabricação de novos chapéus, e assim por diante, até que a indústria encontrasse bases financeiras mais folgadas. Ainda nos primórdios, no ano de 1924, passaram a integrar a sociedade os irmãos Salim Zakia e José Elias Zakia, primos de Miguel Vicente Cury, com atuação destacada no desenvolvimento da indústria.
No decorrer dos anos, a empresa foi crescendo cada vez mais: aumentando as áreas de construção e adquirindo máquinas mais modernas no gênero de chapéus, provenientes de países europeus e dos Estados Unidos. Para aprimoramento da qualidade dos produtos, contratavam para prestar assistência temporária técnicos europeus e norte-americanos, imprimindo dessa forma maior aperfeiçoamento na técnica de fabricação e possibilitando que conquistasse boa parcela do mercado. No ano de 1975, a empresa deu um grande passo, adquirindo a maquinária e marca Ramenzoni. Passaram, então, a fabricar também chapéus de lã de ovelha e os de pêlo de coelho de ambas as marcas: Cury e Ramenzoni.
Atualmente, a Chapéus Cury fabrica, conforme consta do site da empresa, chapéus de feltro de pêlo de coelho, chapéus de feltro da mistura de pêlo de coelho e lã de ovelha, bonés, boinas, cartolas e chapéus de palha (estilo Panamá). O pêlo de coelho é importado, enquanto que a lã de ovelha tem parte importada e parte nacional.
Maria Teresa Costa
O museu é anexo ao Espaço Cultural da Urca. O Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas passa por obras de revitalização e ficará fechado temporariamente, a partir desta terça-feira (7). O prazo previsto para a conclusão das obras é de dois meses. O projeto de restauração já foi autorizado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico de Poços de Caldas (CONDEPHACT) e manterá as características do prédio.
Serão investidos aproximadamente R$ 120 mil para a revitalização do prédio. Rufos e calhas já foram totalmente substituídos. A reforma prevê, ainda, a substituição de pisos, do madeiramento, gradis, janelas e pintura interna e externa. As obras estão sob a responsabilidade da empresa LG Construtora.
De acordo com o diretor administrativo do Museu, Haroldo Paes Gessoni, o prédio não passa por uma ampla reforma desde 1996. “É uma obra mais que bem-vinda. Estamos muito realizados com a reforma porque o casarão não só é um belo exemplar da arquitetura do final do século XIX, como também guarda a memória do município”, destaca. “Nós temos que cuidar da casa para poder receber os turistas e estudantes que nos visitam”, acrescenta. Durante o período da reforma, as visitas monitoradas das escolas também estarão suspensas.
O Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas foi fundado em 1972 integrando os festejos do Centenário da cidade e funcionou durante 24 anos no Country Club.
No final de 1996, o acervo do Museu foi transferido para o prédio da Villa Junqueira, patrimônio tombado construído em 1898, totalmente restaurado, integrando o Projeto Centro Vivo.A instituição é mantida pela Prefeitura Municipal de Poços de Caldas, subordinada à Secretaria Municipal de Educação e Cultura e conta com o apoio da Associação Amigos do Museu.
O prédio
Segundo Nilza Botelho Megale, historiadora, museóloga e curadora do Museu, o prédio onde está instalado o Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas é um dos edifícios mais antigos e bonitos da cidade e acompanhou grande parte da história da estância, sendo um dos poucos prédios remanescentes da arquitetura do final do século XIX.
Foi construído para o Sr. Martinho Prado Junior e recebeu o nome de Vila Albertina, em homenagem à esposa do abastado fazendeiro paulista. No início do século XX, o casarão foi adquirido pelo Coronel Agostinho José da Costa Junqueira, que ali se estabeleceu com sua família. Por ter pertencido muito tempo à tradicional família poços-caldense, o edifício foi denominado “Villa Junqueira”.
Após o falecimento do Coronel Agostinho, em 1926, e de sua esposa, Dona Isaura, em 1929, a casa foi alugada. Funcionou como hospital, hotel e escola, por onde passaram várias gerações de alunos até 1995, quando se iniciaram as obras de restauração do edifício, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Municipal em 1985.
Incorporado ao Projeto “Centro Vivo” para abrigar o Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas, a Villa Junqueira, reinaugurada em dezembro de 1996, abriu suas portas ao público interessado na história da cidade, assim como a todos aqueles que desejam pesquisar acontecimentos políticos e sociais do município.
Biblioteca
O projeto “Modernização e Organização da Biblioteca do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas” também está sendo executado. Durante a reforma, a biblioteca também fica fechada para pesquisa e deve ser reinaugurada no final deste ano.
O projeto permitirá a criação de uma nova política de preservação dentro do Museu, com fundamentos baseados nas recomendações internacionais que sugerem a construção de arquivos de segurança com equipamentos específicos e requisitos técnicos indispensáveis para a guarda e manutenção do acervo.
Entre as mudanças estão a substituição do piso de madeira por piso cerâmico, implantação de duas novas janelas para melhorar a ventilação e iluminação do local, impermeabilização e instalação de novo mobiliário e equipamentos de segurança. Além, disso, todo o acervo será catalogado. “Com a organização da biblioteca do Museu, será possível disponibilizar o acesso aos dados e informações de forma ampla e adequada a todos que se interessam pela história local, dando subsídios às pesquisas, às exposições e à ação educativa da instituição”, afirma o diretor administrativo.
Prefeitura de Poços de Caldas
Prefeitura de Poços de Caldas
Teresina-PI - MInC e Fundac implementam programa Mais Cultura
O Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Cultural do Piauí (Fundac) realizarão, nos dias 7 e 8 de outubro, no Rio Poty Hotel, uma oficina para instituir o Plano de Implementação e Gestão do Programa Mais Cultura no Estado, que tem como objetivo garantir acesso aos bens culturais, promover a diversidade social e cultural, qualificar o ambiente social das cidades e gerar oportunidades de emprego e renda.
A oficina será um momento de articulação com representantes de órgãos e da sociedade civil que irão compor o Comitê Gestor e efetivar os parceiros por meio da apresentação das ações do programa, seguida de debates para pactuação de metas, territorialização e atribuição das competências dos entes federados em cada ação. Os Grupos de Trabalhos serão definidos por áreas temáticas, com o objetivo de produzir um plano de ação básico de acordo com a realidade do Estado e os diagnósticos dos seis municípios a serem trabalhados prioritariamente em 2008.
Na conclusão dos trabalhos, será consolidado o Plano Estratégico e formalizadas as Unidades de Gestão, responsáveis pelo planejamento, execução e monitoramento das ações, e o Comitê de Gestão Compartilhada do Programa Mais Cultura no Piauí, que funcionará como órgão consultivo e fiscalizador das ações.
Na oportunidade, será possível identificar ações existentes na atuação de cada parceiro, seja nos setores públicos locais como na sociedade civil, no sentido de mobilizar, qualificar, potencializar e integrar as iniciativas a serem desenvolvidas no Mais Cultura.
O Programa Mais Cultura possui linhas de ações destinadas à cultura, cidadania e renda, direcionadas para a implementação e modernização de bibliotecas públicas, instalação dos Pontos de Cultura, Agentes de Leitura e ainda em espaços culturais multiuso, pontos de difusão digital e memória. A oficina será ministrada por representantes do Ministério da Cultura.
Para a presidente da Fundac, Sônia Terra, a oficina servirá para levantar várias ações que podem ser efetivadas no programa através dos parceiros, de forma a elaborar as reais possibilidades para atuar com ações uniformes e fortalecimento de cada área a ser trabalhada. Um exemplo das ações do programa é zerar o déficit de bibliotecas públicas no Brasil e dar início ao processo de seleção para agentes de leitura até o fim deste ano.
45 Graus
O Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Cultural do Piauí (Fundac) realizarão, nos dias 7 e 8 de outubro, no Rio Poty Hotel, uma oficina para instituir o Plano de Implementação e Gestão do Programa Mais Cultura no Estado, que tem como objetivo garantir acesso aos bens culturais, promover a diversidade social e cultural, qualificar o ambiente social das cidades e gerar oportunidades de emprego e renda.
A oficina será um momento de articulação com representantes de órgãos e da sociedade civil que irão compor o Comitê Gestor e efetivar os parceiros por meio da apresentação das ações do programa, seguida de debates para pactuação de metas, territorialização e atribuição das competências dos entes federados em cada ação. Os Grupos de Trabalhos serão definidos por áreas temáticas, com o objetivo de produzir um plano de ação básico de acordo com a realidade do Estado e os diagnósticos dos seis municípios a serem trabalhados prioritariamente em 2008.
Na conclusão dos trabalhos, será consolidado o Plano Estratégico e formalizadas as Unidades de Gestão, responsáveis pelo planejamento, execução e monitoramento das ações, e o Comitê de Gestão Compartilhada do Programa Mais Cultura no Piauí, que funcionará como órgão consultivo e fiscalizador das ações.
Na oportunidade, será possível identificar ações existentes na atuação de cada parceiro, seja nos setores públicos locais como na sociedade civil, no sentido de mobilizar, qualificar, potencializar e integrar as iniciativas a serem desenvolvidas no Mais Cultura.
O Programa Mais Cultura possui linhas de ações destinadas à cultura, cidadania e renda, direcionadas para a implementação e modernização de bibliotecas públicas, instalação dos Pontos de Cultura, Agentes de Leitura e ainda em espaços culturais multiuso, pontos de difusão digital e memória. A oficina será ministrada por representantes do Ministério da Cultura.
Para a presidente da Fundac, Sônia Terra, a oficina servirá para levantar várias ações que podem ser efetivadas no programa através dos parceiros, de forma a elaborar as reais possibilidades para atuar com ações uniformes e fortalecimento de cada área a ser trabalhada. Um exemplo das ações do programa é zerar o déficit de bibliotecas públicas no Brasil e dar início ao processo de seleção para agentes de leitura até o fim deste ano.
45 Graus
Portugal - Cultura: Amália inaugura série de oito fotobiografias que revelam imagens inéditas
Lisboa, 06 Out (Lusa) - Amália Rodrigues inaugura uma série de fotobiografias de oito figuras da cultura portuguesa do século XX, que será apresentada terça-feira em Lisboa.
Além de Amália, cujo texto é assinado pela historiadora Cristina Faria, a série inclui os actores Vasco Santana e Amélia Rey-Colaço, o fotógrafo Joshua Benoliel, o arquitecto Pardal Monteiro, o músico José Afonso, o pintor Amadeo de Souza-Cardoso e o poeta Fernando Pessoa.
A coordenação da série é do jornalista Joaquim Vieira que, em declarações à Lusa, salientou "serem estas algumas das figuras incontornáveis do século XX português, que o viveram e o marcaram".
Por outro lado, enfatizou, "procurou-se que não fosse um álbum de fotografias com texto, mas que este valesse também por si".
"Neste caso há metade que é um texto investigado e desenvolvido que só por si constitui uma biografia da personalidade e imagens. Isto é, uns 50% de texto e 50% de imagens. O texto é tão importante como as imagens", sublinhou.
Comum a todas as fotobiografias é a publicação de imagens inéditas.
"No caso de Amália, além de algumas cedidas por familiares, há uma imagem dela aos 15 anos a cantar a solo na marcha de Alcântara, em 1935", disse.
Esta fotografia existia nos arquivos do Diário de Notícias mas nunca foi publicada, tal como outra inédita proveniente do mesmo fundo documental, do funeral de Fernando Pessoa.
"E a par das inéditas há aquelas fotografias que são absolutamente incontorn��veis, que marcam muito e identificam a personalidade referenciada", acrescentou.
Joaquim Vieira, além de coordenar a série que será editada pelo Círculo de Leitores até final do próximo ano, é também o autor do álbum correspondente ao fotojornalista Joshua Benoliel.
Relativamente aos outros biografados, a historiadora Irene Pimentel é autora do texto sobre José Afonso, o ensaísta Richard Zenith escreve sobre o poeta de "A Mensagem", Ana Tostões, que tem "feito vários trabalhos sobre arquitectura", assina a biografia de Pardal Monteiro.
Luís Trindade, que assinara um fotobiografia do actor António Silva, é o autor da do actor Vasco Santana, enquanto a historiadora Júlia Leitão de Barros, que colaborou na série "os anos de Salazar", é autora da de Amélia Rey-Colaço.
A fotobiografia do pintor modernista Amadeo de Souza-Cardoso tem dupla autoria, da pintora Margarida Cunha Belém e da historiadora Margarida Magalhães Ramalho.
NL.
Lusa
Lisboa, 06 Out (Lusa) - Amália Rodrigues inaugura uma série de fotobiografias de oito figuras da cultura portuguesa do século XX, que será apresentada terça-feira em Lisboa.
Além de Amália, cujo texto é assinado pela historiadora Cristina Faria, a série inclui os actores Vasco Santana e Amélia Rey-Colaço, o fotógrafo Joshua Benoliel, o arquitecto Pardal Monteiro, o músico José Afonso, o pintor Amadeo de Souza-Cardoso e o poeta Fernando Pessoa.
A coordenação da série é do jornalista Joaquim Vieira que, em declarações à Lusa, salientou "serem estas algumas das figuras incontornáveis do século XX português, que o viveram e o marcaram".
Por outro lado, enfatizou, "procurou-se que não fosse um álbum de fotografias com texto, mas que este valesse também por si".
"Neste caso há metade que é um texto investigado e desenvolvido que só por si constitui uma biografia da personalidade e imagens. Isto é, uns 50% de texto e 50% de imagens. O texto é tão importante como as imagens", sublinhou.
Comum a todas as fotobiografias é a publicação de imagens inéditas.
"No caso de Amália, além de algumas cedidas por familiares, há uma imagem dela aos 15 anos a cantar a solo na marcha de Alcântara, em 1935", disse.
Esta fotografia existia nos arquivos do Diário de Notícias mas nunca foi publicada, tal como outra inédita proveniente do mesmo fundo documental, do funeral de Fernando Pessoa.
"E a par das inéditas há aquelas fotografias que são absolutamente incontorn��veis, que marcam muito e identificam a personalidade referenciada", acrescentou.
Joaquim Vieira, além de coordenar a série que será editada pelo Círculo de Leitores até final do próximo ano, é também o autor do álbum correspondente ao fotojornalista Joshua Benoliel.
Relativamente aos outros biografados, a historiadora Irene Pimentel é autora do texto sobre José Afonso, o ensaísta Richard Zenith escreve sobre o poeta de "A Mensagem", Ana Tostões, que tem "feito vários trabalhos sobre arquitectura", assina a biografia de Pardal Monteiro.
Luís Trindade, que assinara um fotobiografia do actor António Silva, é o autor da do actor Vasco Santana, enquanto a historiadora Júlia Leitão de Barros, que colaborou na série "os anos de Salazar", é autora da de Amélia Rey-Colaço.
A fotobiografia do pintor modernista Amadeo de Souza-Cardoso tem dupla autoria, da pintora Margarida Cunha Belém e da historiadora Margarida Magalhães Ramalho.
NL.
Lusa
Congresso da Cultura Ibero-Americana, no México, teve forte participação brasileira
O 1º Congresso da Cultura Ibero-Americana, que teve como foco Cinema e Audiovisual na Ibero-América, terminou neste domingo, 5 de outubro, na Cidade do México. O audiovisual foi escolhido como tema inicial por ser manifestação cultural relevante comum a todos os países e por sua contribuição à construção de um imaginário coletivo que reconhece a diversidade dos povos. “A importância do Congresso está no fato de terem estado reunidos, pela primeira vez em um espaço ibero-americano, autoridades cinematográficas e audiovisuais, produtores, diretores, pesquisadores, profissionais de conservação, de patrimônio.
O 1º Congresso da Cultura Ibero-Americana, que teve como foco Cinema e Audiovisual na Ibero-América, terminou neste domingo, 5 de outubro, na Cidade do México. O audiovisual foi escolhido como tema inicial por ser manifestação cultural relevante comum a todos os países e por sua contribuição à construção de um imaginário coletivo que reconhece a diversidade dos povos. “A importância do Congresso está no fato de terem estado reunidos, pela primeira vez em um espaço ibero-americano, autoridades cinematográficas e audiovisuais, produtores, diretores, pesquisadores, profissionais de conservação, de patrimônio.
O Brasil levou contribuição importante, de profissionais de áreas variadas. Participamos dos debates sobre distribuição, crítica, televisão, sobre cinema e povos indígenas, sobre experiências de capacitação e movimentos sociais, sobre co-produção, formação, entre outros”, avaliou Silvio Da-Rin, secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura.
Da-Rin participou do encontro ao lado do secretário de Programas e Projetos Culturais, Célio Turino, e da gerente de Integração e Assuntos Multilaterais da Diretoria de Relações Internacionais, Thays Pessotto.
A delegação brasileira, organizada pelo MinC, foi composta mais de 30 profissionais da área. A segunda edição do Congresso da Cultura Ibero-Americana deverá ocorrer em 2009, no Brasil, com o tema Cultura e Transformação Social. Os debates serão em torno de iniciativas como os Pontos de Cultura e experiências semelhantes na Ibero-América. Propostas O secretário do Audiovisual participou, durante quatro dias, da reunião das Conferência de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais da Ibero-América (CAACI), que reuniu 18 países e terminou com um documento de propostas.
“São decisões de consenso que serão encaminhadas aos ministros para que se comprometam com a implementação dos pleitos e das recomendações”, afirmou Da-Rin. O encontro dos Ministros de Cultura da Ibero-América está previsto para novembro, em El Salvador. O documento das autoridades avalia que o Congresso contribuiu de forma significativa para o estabelecimento de laços de cooperação com o objetivo de integrar a comunidade cultural ibero-americana. A partir do reconhecimento de que a cinematografia e o audiovisual constituem uma expressão essencial da cultura de um país, eles indicam que “os Estados devem facilitar o acesso dos cidadãos a seu conhecimento e fruição, como direito fundamental do ser humano”, e que para isso devem instituir políticas públicas que “garantam a existência e o desenvolvimento da cinematografia e audiovisual, em cada Estado ibero-Americano e na área em conjunto”.
O texto aponta 12 pontos relacionados às políticas públicas, voltados ao estímulo e proteção à produção e distribuição independentes, para garantir as diferentes formas de circulação das obras cinematográficas e audiovisuais da região e o acesso dos cidadãos às mesmas; promoção da existência de salas de exibição que incluam em sua programação regular obras ibero-americanas, de produção independente, estabelecendo também mecanismos que estimulem sua permanência em exibição. Indica a necessidade de estímulo “à participação das televisões na co-produção, difusão e promoção de obras cinematográficas e conteúdos audiovisuais ibero-americanos, principalmente mediante um maior apoio financeiro e institucional dos Estados às televisoras de caráter público”.
O Programa Ibermedia, formação de públicos, capacitação e intercâmbio de profissionais, garantia da conservação do patrimônio audiovisual, novas tecnologias e direitos autorais também foram abordados. Veja aqui a íntegra do documento. As autoridades sugerem, ainda, à CAACI e ao Governo do México, a constituição de um Comitê de Acompanhamento das conclusões do Congresso, a fim de observar seu cumprimento e sua aplicação prática. E, à Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI), indicam a criação de programa de mobilidade acadêmica para estudantes e professores da região. Mostras de Filmes - A programação do Congresso da Cultura Ibero-Americana buscou analisar a atividade audiovisual como fator de desenvolvimento social e econômico. Para dar suporte aos debates, foram organizadas mostras cinematográficas como o Festival Ibermedia, que exibiu filmes contemporâneos apoiados pelo Fundo Ibermedia, e a Retrospectiva de Manoel de Oliveira, e Histórias em comum, 40 anos/50 filmes ibero-americanos e a mostra DOCTV Iberoamérica. Na Maratona de Curta-Metragens, foram exibidos 42 trabalhos representativos da região, entre eles os brasileiros Vida Maria, animação de Márcio Ramos, Café com Leite, de Daniel Ribeir e Ilha das Flores, de Jorge Furtado.
Jornal Dia a Dia
Jornal Dia a Dia
De volta à música, Gil diz evitar 'a saudade do ministério'
Durante sua passagem por Nova York, na semana passada, quando, acompanhado do filho Bem, se apresentou por três noites no Joe s Pub, Gilberto Gil fez em entrevista ao jornal O Globo, seu balanço da experiência à frente do Ministério da Cultura. Em ritmo de “refazenda”, assegura que nunca pensou em fazer daquele posto um trampolim para uma carreira política.
Gil: 'orgulhoso' por ajudar movimentos sociais
Gil ainda afirma que, da mesma forma como foi ministro sem sentir nostalgia do palco, volta a ser artista integralmente sem sentir saudade dos salões e dos figurinos de Brasília. Gil também prepara-se para reestrear no Brasil o show de seu novo disco, Banda Larga Cordel — nos dias 18 e 19 próximos, no Vivo Rio —, que, agora, terá cenários de Hélio Eichbauer, figurinos da Osklen e um novo roteiro.
O disco novo marca a sua volta à composição, depois de muitos anos sem compor…Eu tinha abandonado a composição desde que cheguei ao ministério, e este disco tem pelo menos dez canções novas, feitas neste último ano. Voltei a compor, voltei a trabalhar a minha música. E a realização no estúdio, claro. Eu não entrava em estúdio há mais de seis anos, desde o Kaya n’gan daya. Já não gosto muito de estúdio, não sou daqueles que trabalham com tranqüilidade a artesania do som, prefiro o palco. Mas precisava ir para o estúdio porque a primeira forma das canções sempre passa por lá.
Esta é sua primeira entrevista de balanço após deixar o governo. Que avaliação o senhor faz da experiência como ministro?
Gil: 'orgulhoso' por ajudar movimentos sociais
Gil ainda afirma que, da mesma forma como foi ministro sem sentir nostalgia do palco, volta a ser artista integralmente sem sentir saudade dos salões e dos figurinos de Brasília. Gil também prepara-se para reestrear no Brasil o show de seu novo disco, Banda Larga Cordel — nos dias 18 e 19 próximos, no Vivo Rio —, que, agora, terá cenários de Hélio Eichbauer, figurinos da Osklen e um novo roteiro.
O disco novo marca a sua volta à composição, depois de muitos anos sem compor…Eu tinha abandonado a composição desde que cheguei ao ministério, e este disco tem pelo menos dez canções novas, feitas neste último ano. Voltei a compor, voltei a trabalhar a minha música. E a realização no estúdio, claro. Eu não entrava em estúdio há mais de seis anos, desde o Kaya n’gan daya. Já não gosto muito de estúdio, não sou daqueles que trabalham com tranqüilidade a artesania do som, prefiro o palco. Mas precisava ir para o estúdio porque a primeira forma das canções sempre passa por lá.
Esta é sua primeira entrevista de balanço após deixar o governo. Que avaliação o senhor faz da experiência como ministro?
Foi interessante ter aceitado o cargo. Eu me lembro que Caetano (Veloso) ficou temeroso, e Chico (Buarque) dizia uma coisa muito interessante: “Gil no ministério é muito bom pra nós, mas pra ele talvez não seja” Hoje, após seis anos, gostei muito de ter decidido aceitar ser ministro e dar uma contribuição a um governo que, naquele momento, chegava cercado de tantas dúvidas quanto eu.
Gostei de ter somado esta experiência à minha vida. Levei para o governo um certo espontaneísmo, uma noção de trabalho em fluxo. Consegui esta compatibilização rara e quase inédita entre a minha participação no governo e o meu trabalho artístico, que continuou, ainda que de forma residual. Foi uma experiência valiosa. O desempenho do ministério foi muito bem aceito, inclusive internacionalmente.
E em termos do que o senhor pretendia? Não entrei para cumprir um programa previamente determinado, e sim para rever o que é cultura observada de um ponto de vista oficial, qual deve ser o papel do ente oficial num universo cultural do Brasil, como seria possível redefinir esse panorama, o que é o mundo no Brasil e o Brasil no mundo, o que é a contemporaneidade cultural, qual o impacto das tecnologias. Essas eram as questões. Não era o cumprimento de metas programáticas previamente determinadas. Eu queria rever o que é cultura, debater cultura.
Mas o Ministério da Cultura tem tarefas específicas, como a administração do patrimônio, por exemplo. O senhor ficou satisfeito com a sua gestão neste sentido?
Mas esse é um exemplo da discussão. A visão estabelecida do patrimônio dizia respeito às grandes obras, à arquitetura, aos monumentos, aos sítios históricos. Atualmente, a dimensão do patrimônio imaterial ganhou uma importância muito grande.
A Unesco havia promovido a convenção do patrimônio imaterial logo antes da convenção da diversidade cultural, para a qual o nosso ministério trabalhou fortemente. Eu vejo as pessoas dizerem: “Mas o pão de queijo é patrimônio histórico? O samba de roda é patrimônio histórico? A pintura corporal dos índios é patrimônio histórico?”. É isso mesmo, e foi preciso trabalhar a consciência nacional para aceitar isso.
Sou orgulhoso de ter dado atenção aos movimentos sociais como produtores culturais e agentes cuturais. O programa Cultura Viva é um avanço. E o programa Cultura e Pensamento, para se pensar a política cultural e publicar ensaios e visões variadas para uma discussão no âmbito nacional. Investimos em música, sobretudo em publicação de livros na Funarte, investimos na área do circo…
E o projeto de descentralização cultural, já que o Brasil era muito dependente do eixo Rio-São Paulo?
Acho que sim. Há números comprovando que aumentaram os investimentos em cultura no Nordeste e no Norte. A lei de incentivo fiscal era muito centralizadora no Rio e em São Paulo. Comprei briga por causa disso, sim…
E por que sair do governo, se estava tudo dando certo?
Tive problemas de voz. A quantidade muito grande de reuniões, de discursos me prejudicava. E também a rotina de acordar cedo e cumprir horas e horas de trabalho. As pessoas solicitavam a minha agenda e não acreditavam na quantidade de coisas que eu fazia todos os dias. Queria me dedicar muito ao trabalho, e isso afetou muito a minha voz. Tive recomendação médica de parar com esse uso nada musical dela.
E, depois de sair, o senhor sente falta desse meio da política, os salões, o outro figurino?
Ah, pois é, tem tudo isso… Outros salões, outros figurinos. E, como eu havia me disposto a entrar nisso sem nostalgia do palco e da vida de artista, também evitei a saudade do ministério quando voltei a ser artista.
Gostei de ter somado esta experiência à minha vida. Levei para o governo um certo espontaneísmo, uma noção de trabalho em fluxo. Consegui esta compatibilização rara e quase inédita entre a minha participação no governo e o meu trabalho artístico, que continuou, ainda que de forma residual. Foi uma experiência valiosa. O desempenho do ministério foi muito bem aceito, inclusive internacionalmente.
E em termos do que o senhor pretendia? Não entrei para cumprir um programa previamente determinado, e sim para rever o que é cultura observada de um ponto de vista oficial, qual deve ser o papel do ente oficial num universo cultural do Brasil, como seria possível redefinir esse panorama, o que é o mundo no Brasil e o Brasil no mundo, o que é a contemporaneidade cultural, qual o impacto das tecnologias. Essas eram as questões. Não era o cumprimento de metas programáticas previamente determinadas. Eu queria rever o que é cultura, debater cultura.
Mas o Ministério da Cultura tem tarefas específicas, como a administração do patrimônio, por exemplo. O senhor ficou satisfeito com a sua gestão neste sentido?
Mas esse é um exemplo da discussão. A visão estabelecida do patrimônio dizia respeito às grandes obras, à arquitetura, aos monumentos, aos sítios históricos. Atualmente, a dimensão do patrimônio imaterial ganhou uma importância muito grande.
A Unesco havia promovido a convenção do patrimônio imaterial logo antes da convenção da diversidade cultural, para a qual o nosso ministério trabalhou fortemente. Eu vejo as pessoas dizerem: “Mas o pão de queijo é patrimônio histórico? O samba de roda é patrimônio histórico? A pintura corporal dos índios é patrimônio histórico?”. É isso mesmo, e foi preciso trabalhar a consciência nacional para aceitar isso.
Sou orgulhoso de ter dado atenção aos movimentos sociais como produtores culturais e agentes cuturais. O programa Cultura Viva é um avanço. E o programa Cultura e Pensamento, para se pensar a política cultural e publicar ensaios e visões variadas para uma discussão no âmbito nacional. Investimos em música, sobretudo em publicação de livros na Funarte, investimos na área do circo…
E o projeto de descentralização cultural, já que o Brasil era muito dependente do eixo Rio-São Paulo?
Acho que sim. Há números comprovando que aumentaram os investimentos em cultura no Nordeste e no Norte. A lei de incentivo fiscal era muito centralizadora no Rio e em São Paulo. Comprei briga por causa disso, sim…
E por que sair do governo, se estava tudo dando certo?
Tive problemas de voz. A quantidade muito grande de reuniões, de discursos me prejudicava. E também a rotina de acordar cedo e cumprir horas e horas de trabalho. As pessoas solicitavam a minha agenda e não acreditavam na quantidade de coisas que eu fazia todos os dias. Queria me dedicar muito ao trabalho, e isso afetou muito a minha voz. Tive recomendação médica de parar com esse uso nada musical dela.
E, depois de sair, o senhor sente falta desse meio da política, os salões, o outro figurino?
Ah, pois é, tem tudo isso… Outros salões, outros figurinos. E, como eu havia me disposto a entrar nisso sem nostalgia do palco e da vida de artista, também evitei a saudade do ministério quando voltei a ser artista.
Portal Vermelho
Casa de Jorge Amado: impasse no tombamento
O casal viveu no imóvel por mais de 40 anos. O primeiro pedido de tombamento foi de Zélia Gattai.
Os caminhos que levam à preservação da casa onde Jorge Amado e Zélia Gattai compartilharam mais de quatro décadas de vida agora são outros. Antes mesmo do anúncio oficial do parecer sobre o tombamento do imóvel pela Câmara de Patrimônio do Conselho de Cultura, programado para as 14 horas desta quarta-feira, 8, a família dos escritores assumiu nova posição no diálogo que vinha mantendo com o governo do Estado.
Sobre a tão comentada casa do Rio Vermelho, João Amado Filho, neto do casal de escritores, declarou, em entrevista a A TARDE, que a família desistiu. “Pedi ao secretário de Cultura que não fizesse mais o tombamento”, afirmou. O filho de João Jorge Amado disse que nem mesmo sabia que o tal parecer estava para ser anunciado.
“Eu nem estava sabendo disso. Vamos aguardar, mas eu espero que a resposta seja não”, assegurou. “A família agora decidiu tomar para si o projeto. A gente não vai esperar mais nem governo nem iniciativa privada, vamos fazer tudo com recursos próprios”, acrescentou.
A decisão da família Amado surpreendeu o Conselho Estadual de Cultura, órgão que responde pela avaliação dos pedidos de tombamento, através da Câmara de Patrimônio. “Nos pegou totalmente de surpresa. A gente não entendeu qual a razão disso”, afirmou o presidente do Conselho, Albino Rubim, que adiantou a A TARDE o resultado do parecer.
DECISÃO – “O Conselho já aprovou o tombamento desde setembro. Só não divulgamos imediatamente porque havia alguns retoques a serem feitos, o que demonstra justamente que tivemos o máximo cuidado, já que consideramos algo muito importante”, declara Rubim.
A Câmara de Patrimônio é formada por especialistas como Pascoalino Magnavita, Ana Fernandes, Paulo Ormindo e a decisão foi tomada coletivamente, segundo Albino Rubim. “Nos debruçamos sobre o processo em várias reuniões”, afirma Rubim, lembrando que o parecer não finaliza o processo de tombamento.
“Já fizemos a parte que nos cabe. Do Conselho, essa deliberação segue para a Secretaria de Cultura e de lá segue para o governo do Estado, que transforma a decisão em um decreto”, explica o presidente do órgão. “O processo pode ser interrompido, se houver uma solicitação oficial da família, mas esse situação seria meio inusitada”, considera.
Para o secretário de Cultura, Márcio Meirelles, o não-tombamento da Casa do Rio Vermelho também não estava na pauta de discussões. “O tombamento garante que aquilo ali vai ser mantido, agrega valor, é como um selo de qualidade”, afirmou o secretário de Cultura, na semana passada.
PEDIDO – O pedido foi feito, em princípio, pela escritora Zélia Gattai, que encaminhou ao governo uma solicitação de próprio punho. Isso aconteceu em 2005, portanto, ainda na gestão do governador Paulo Souto.
Na época, o então Conselho de Cultura emitiu um parecer desfavorável, por considerar que havia impedimentos do ponto de vista arquitetônico. No início deste ano, porém, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – Ipac reencaminhou o processo ao atual Conselho, para uma reapreciação sob os pontos de vista histórico e cultural.
“Quando recebemos o processo de volta, o Conselho se debruçou sobre ele em várias reuniões”, lembra Albino Rubim. “A demora no processo só se deu por conta da avaliação do projeto arquitetônico que veio em anexo, que previa a construção de um restaurante”, pontua.
“Mas é bom que se diga que nós não éramos contra o restaurante, somos a favor de dispositivos que possam ajudar na sustentabilidade do memorial. A polêmica estava em torno da dimensão do projeto, que era muito grande, mas isso já foi contornado”, esclarece Rubim.
ESPERA – Por telefone, pouco antes do fechamento desta edição, João Amado Filho reafirmou a decisão da família de não contar com o apoio do governo. “Não muda nada, porque a gente já decidiu que não vai ficar esperando”, declarou. A única ressalva do neto de Jorge Amado e Zélia Gattai diz respeito às possíveis restrições que possam ser impostas pelo tombamento do imóvel.
“Espero que não venha atrapalhar nosso projeto, que inclui uma cozinha industrial e acesso para deficientes”, ressaltou João Amado Filho, que cogitou a possibilidade de a família oficializar um pedido de interrupção do processo.
A questão será tema de uma reunião familiar tão logo João Jorge Amado retorne de uma viagem a Paris e Paloma Amado chegue do Rio de Janeiro, onde está resolvendo questões ligadas ao espólio. “Do acervo, a gente não abre mão”, pontua João Amado Filho.
SÉRIE – A matéria sobre o tombamento da casa do Rio Vermelho abre uma série que o Caderno 2 começa a publicar a partir desta segunda-feira, para colocar o leitor a par do destino de acervos de grandes artistas nascidos ou não na Bahia. As obras de Dorival Caymmi, Genaro de Carvalho, Mario Cravo Jr. e Frans Krajcberg serão as próximas a serem abordadas.
Daniela Castro
A Tarde
Casa de Jorge Amado: impasse no tombamento
O casal viveu no imóvel por mais de 40 anos. O primeiro pedido de tombamento foi de Zélia Gattai.
Os caminhos que levam à preservação da casa onde Jorge Amado e Zélia Gattai compartilharam mais de quatro décadas de vida agora são outros. Antes mesmo do anúncio oficial do parecer sobre o tombamento do imóvel pela Câmara de Patrimônio do Conselho de Cultura, programado para as 14 horas desta quarta-feira, 8, a família dos escritores assumiu nova posição no diálogo que vinha mantendo com o governo do Estado.
Sobre a tão comentada casa do Rio Vermelho, João Amado Filho, neto do casal de escritores, declarou, em entrevista a A TARDE, que a família desistiu. “Pedi ao secretário de Cultura que não fizesse mais o tombamento”, afirmou. O filho de João Jorge Amado disse que nem mesmo sabia que o tal parecer estava para ser anunciado.
“Eu nem estava sabendo disso. Vamos aguardar, mas eu espero que a resposta seja não”, assegurou. “A família agora decidiu tomar para si o projeto. A gente não vai esperar mais nem governo nem iniciativa privada, vamos fazer tudo com recursos próprios”, acrescentou.
A decisão da família Amado surpreendeu o Conselho Estadual de Cultura, órgão que responde pela avaliação dos pedidos de tombamento, através da Câmara de Patrimônio. “Nos pegou totalmente de surpresa. A gente não entendeu qual a razão disso”, afirmou o presidente do Conselho, Albino Rubim, que adiantou a A TARDE o resultado do parecer.
DECISÃO – “O Conselho já aprovou o tombamento desde setembro. Só não divulgamos imediatamente porque havia alguns retoques a serem feitos, o que demonstra justamente que tivemos o máximo cuidado, já que consideramos algo muito importante”, declara Rubim.
A Câmara de Patrimônio é formada por especialistas como Pascoalino Magnavita, Ana Fernandes, Paulo Ormindo e a decisão foi tomada coletivamente, segundo Albino Rubim. “Nos debruçamos sobre o processo em várias reuniões”, afirma Rubim, lembrando que o parecer não finaliza o processo de tombamento.
“Já fizemos a parte que nos cabe. Do Conselho, essa deliberação segue para a Secretaria de Cultura e de lá segue para o governo do Estado, que transforma a decisão em um decreto”, explica o presidente do órgão. “O processo pode ser interrompido, se houver uma solicitação oficial da família, mas esse situação seria meio inusitada”, considera.
Para o secretário de Cultura, Márcio Meirelles, o não-tombamento da Casa do Rio Vermelho também não estava na pauta de discussões. “O tombamento garante que aquilo ali vai ser mantido, agrega valor, é como um selo de qualidade”, afirmou o secretário de Cultura, na semana passada.
PEDIDO – O pedido foi feito, em princípio, pela escritora Zélia Gattai, que encaminhou ao governo uma solicitação de próprio punho. Isso aconteceu em 2005, portanto, ainda na gestão do governador Paulo Souto.
Na época, o então Conselho de Cultura emitiu um parecer desfavorável, por considerar que havia impedimentos do ponto de vista arquitetônico. No início deste ano, porém, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – Ipac reencaminhou o processo ao atual Conselho, para uma reapreciação sob os pontos de vista histórico e cultural.
“Quando recebemos o processo de volta, o Conselho se debruçou sobre ele em várias reuniões”, lembra Albino Rubim. “A demora no processo só se deu por conta da avaliação do projeto arquitetônico que veio em anexo, que previa a construção de um restaurante”, pontua.
“Mas é bom que se diga que nós não éramos contra o restaurante, somos a favor de dispositivos que possam ajudar na sustentabilidade do memorial. A polêmica estava em torno da dimensão do projeto, que era muito grande, mas isso já foi contornado”, esclarece Rubim.
ESPERA – Por telefone, pouco antes do fechamento desta edição, João Amado Filho reafirmou a decisão da família de não contar com o apoio do governo. “Não muda nada, porque a gente já decidiu que não vai ficar esperando”, declarou. A única ressalva do neto de Jorge Amado e Zélia Gattai diz respeito às possíveis restrições que possam ser impostas pelo tombamento do imóvel.
“Espero que não venha atrapalhar nosso projeto, que inclui uma cozinha industrial e acesso para deficientes”, ressaltou João Amado Filho, que cogitou a possibilidade de a família oficializar um pedido de interrupção do processo.
A questão será tema de uma reunião familiar tão logo João Jorge Amado retorne de uma viagem a Paris e Paloma Amado chegue do Rio de Janeiro, onde está resolvendo questões ligadas ao espólio. “Do acervo, a gente não abre mão”, pontua João Amado Filho.
SÉRIE – A matéria sobre o tombamento da casa do Rio Vermelho abre uma série que o Caderno 2 começa a publicar a partir desta segunda-feira, para colocar o leitor a par do destino de acervos de grandes artistas nascidos ou não na Bahia. As obras de Dorival Caymmi, Genaro de Carvalho, Mario Cravo Jr. e Frans Krajcberg serão as próximas a serem abordadas.
Daniela Castro
A Tarde
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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