CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 02-12-08
Ouro Preto-MG - Coluna histórica será reinaugurada
Euler Júnior/EM/D.A Press
Ouro Preto - Um dos monumentos importantes de Ouro Preto e símbolo da Inconfidência Mineira ganha mais visibilidade e o merecido valor na paisagem barroca. Até o fim do ano, será reinaugurada, na Praça Cezário Alvim, ou Praça da Estação, no Centro Histórico, a Coluna Saldanha Marinho, erguida em 1867 para homenagear Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), o Tiradentes, e os demais integrantes do movimento que tentou separar o Brasil de Portugal.
Construída em pedra de cantaria, com seis metros de altura, e batizada com o nome do então presidente da província de Minas Gerais, a coluna tem trajetória peculiar, que alterna transferências de local com o sumiço que intrigou, durante décadas, moradores e estudiosos. Só em Belo Horizonte, ela ficou jogada num depósito por quase quatro décadas.
Ainda coberta, em parte, por tapumes, a Coluna Saldanha Marinho integra o projeto de revitalização da Praça da Estação, empreendido pela prefeitura. “É um resgate histórico. Agora, no centro de uma rotatória, poderá ser vista por todo mundo, ainda mais pelos visitantes que fizerem o passeio na maria-fumaça”, diz o secretário municipal de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano, Gabriel Gobbi. Antes de ser transferido, na semana passada, o monumento estava na Praça Amadeu Barbosa, na Barra, fora do circuito turístico da cidade, que é patrimônio cultural da humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). De acordo com pesquisas da Secretaria de Patrimônio, a coluna, erguida com recursos da população de Ouro Preto, foi o primeiro monumento em homenagem aos inconfidentes. Ficava dentro de um jardim na Praça da Independência, nome anterior da Tiradentes. Em 1891, por determinação do Congresso Constituinte, que votou a primeira carta constitucional republicana de Minas, construiu-se um de maior porte: a estátua do mártir da Inconfidência, de autoria do italiano Vittório Cestari. Durante três anos, as duas coexistiram em harmonia, até chegar a festa de inauguração da estátua definitiva, em 21 de abril de 1894.
Acervo Secretaria de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano/Divulgação
Idas e vindas
Na década de 1930, restos da coluna foram levados para os jardins da Casa de Gonzaga, na Rua Cláudio Manoel, por iniciativa do presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Ouro Preto, Vicente de Andrade Racioppi – ele havia reunido um pequeno acervo de arte e história na residência, onde eram feitos os encontros da entidade. Doze anos depois, nas comemorações do sesquicentenário da morte de Tiradentes, Racioppi enviou, para Belo Horizonte, a coluna remanescente, para ser instalada na Praça 21 de abril, hoje Praça Tiradentes, entre as avenidas Afonso Pena e Brasil, na Região Centro-Sul. Nada aconteceu. Em 1981, nas administrações do prefeito Alberto Caram, de Ouro Preto, e Maurício Campos, de BH, a peça foi encontrada, acompanhada do processo administrativo, num armazém da prefeitura na Avenida dos Andradas, no Centro. Com a descoberta, a Secretaria Municipal de Turismo entrou em contato com a Prefeitura de Ouro Preto, a qual identificou o monumento, solicitou a devolução e providenciou o retorno, via caminhão. O local escolhido, na época, foi a Praça Amadeu Barbosa, que acabara de ser reformada – a data de inauguração foi 21 de abril de 1981.
Gustavo Werneck - Estado de Minas
Uai
Rio de Janeiro - Drummond, pela 7ª vez, sofre com o vandalismo
RIO - Muita gente já perdeu a conta de quantas vezes vândalos danificaram os óculos da estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) na Praia de Copacabana. No domingo, pela sétima vez, segundo a prefeitura, o monumento amanheceu depredado.
Além da haste, que já havia sido arrancada no fim de semana anterior, agora sumiu mais uma parte, a do aro direito.
– Isso é muito triste – lamenta o superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Carlos Fernando Andrade. – Parece que, no caso do Drummond, a haste virou uma espécie de fetiche dessas pessoas malucas.
Segundo a assessoria da Prefeitura do Rio, a empresa Essilor do Brasil, que fabrica lentes e adotou a estátua, já está providenciando uma nova peça, no valor de R$ 3 mil. A data da colocação ainda será marcada pela Fundação Parques e Jardins.
Para o superintendente do Iphan, que não tem ingerência sobre a estátua de Drummond por só administrar bens tombados, talvez fosse melhor fabricar a nova peça em fibra de vidro.
– Já virou quase uma coisa descartável. – justifica.
Outros alvos
Com os bens protegidos pelo Iphan, porém, a situação não é diferente. Andrade revela que as amuradas da Glória, os pingentes do Teatro Municipal e as saracuras do chafariz da Praça General Osório, em Ipanema, são freqüentemente furtados.
– Achamos as saracuras, por exemplo, à venda numa feira de antigüidades que acontece na Praça 15 – lembra.
Para Andrade, a principal razão dos furtos é a venda do bronze para fundição. O quilo do metal, segundo ele, está cotado a R$ 7:
– É como o roubo em cemitérios. Outro dia, encontraram cem crucifixos num ferro velho.
No caso da estátua de Drummond, já foi cogitada até a instalação de uma câmera de vigilância, mas a prefeitura não confirma a intenção.
Marcelo Migliaccio, Jornal do Brasil
Portugal - Plano para acabar de vez com a cultura
Para começar, lança-se a ideia de que é preciso ser-se culto para se ser "alguém". Ser-se "culto" significa estar-se apto a responder aos inquéritos da "Caras" ou da "Lux": qual foi a última exposição/peça de teatro/ que viu? E o último espectáculo? Que livro levaria para a ilha deserta? Qual é o seu restaurante favorito? E viagem? E filme? Mas não é só isto: também é preciso ser-se doutor. Nenhuma pessoa pode ser considerada culta sem uma licenciatura, qualquer que seja. Fernando Pessoa, por exemplo, não era uma pessoa culta: não só não tinha um curso superior, como, do ponto de vista dos "consumos culturais", era apenas um literato, coisa que no início do século já parecia uma limitação, e que agora é, de facto, um atestado de menoridade cultural. Porque hoje a cultura é movimento, festa, agitação. E tem de ser "sinestésica". Uma pessoa culta tem de saber vestir, e estar, e rir, e conversar sobre a moda e a política e o ambiente e a música e o design. Sobretudo o design, porque sem o design apropriado ninguém é entendido como culto.
Para lançar esta ideia, contacta-se uma agência de comunicação. E desenha-se uma estratégia de marquetingue, porque sem marquetingue não há ideia que vingue - isso até o literato Pessoa já tinha descoberto. Sim, a cultura exige uma estratégia e um plano. De preferência vindos de fora; a globalização é muito bonita para tema de conversa mas, na hora da verdade, um grupo de consultores estrangeiros, que já tenha vendido festas culturais nos países que dominam o império da cultura (e do dinheiro; as duas dimensões são inseparáveis) impressiona melhor. A alternativa, mais económica mas muito prestigiante, é encomendar um "estudo" a uma universidade, estrangeira ou, neste caso, de preferência, nacional. Dá um ar de seriedade e independência, com a vantagem, em se tratando de uma universidade portuguesa, de se captarem de imediato para a causa aquilo a que em bom português se chama "opinion makers".
O plano, a estratégia e o estudo devem ser anunciados, explanados e demonstrados pelo menos uma vez por mês, e em "power point" - ou seja, num ecrã, com muitas cores e gráficos, porque a cultura contemporânea não existe sem luzes, cores, coisas a mexer. Um bom plano cultural é aquele que pretende sacudir tudo ao mesmo tempo - a palavra-chave é "interdisciplinaridade" (ou será "transdisciplinaridade"?). Juntar a dança com as artes plásticas e a fotografia e o cinema e a música e, enfim, a palavra. Um evento impactante tem de ter uma palavra de ordem, ou várias, mas curtas, e de preferência em inglês - porque essa é uma língua abençoadamente sintética e que facilita a exportação. E a cultura é para exportação.
A juventude é outra das características essenciais da cultura. Porque há necessidade de criar "novos públicos", de "inovar". De onde vem essa necessidade? Do nada - isso é que é maravilhoso: sermos capazes de, como diria Seinfeld, criar todo um programa a partir do "nada", apenas movidos pela urgência de criar animação, vitalidade, acontecimentos, enfim, cultura. Uma cultura jovem mas de "inclusão", democrática, que contemple aquilo a que se chama "multiplicidade dos olhares". E que funcione como um eterno recomeço, a festa pela festa, o evento pelo evento. Que saiba misturar o gato e o sapato, o museu e a rua, a sardinha assada e o sushi. Uma cultura assim garante a tranquilidade do povo e o orgulho pátrio: no futebol como em qualquer outra área (e o futebol também é cultura, não esqueçamos), Portugal também sabe fazer grandes festivais.
Outra coisa seria presunção e perigo. Que outra coisa? Por exemplo, criar estruturas escolares sólidas para que as pessoas possam aprender a pensar e a imaginar livremente, de modo a fazerem as suas escolhas ou desenvolverem as suas capacidades. Investir em bibliotecas e arquivos. Apoiar os criadores e os seus projectos, os investigadores, a edição e divulgação de textos e autores essenciais para a formação de um pensamento crítico. Manuel Maria Carrilho lembrava a semana passada ("Diário de Notícias", 27/11/2008) que "uma política da língua só pode ser uma política dos materiais em que ela se concretiza". Mas claro que as palavras deste filósofo não interessam nada - sobretudo porque ele já provou, enquanto ministro da Cultura, que não há nada mais prático do que uma boa teoria. Fez demasiado, exigiu demasiado, conseguiu demasiada visibilidade exterior para o cinema e a literatura portugueses - por isso acabou por ser enviado para Paris. O povo quer-se anestesiado - e o dinheiro que se gasta em estudos e festas não se gasta a dar-lhe lenha para atear o lume da imaginação ou do pensamento.
Expresso
Santo André-SP - Cultura pede atenção
Na tentativa de estabelecer um diálogo com a nova administração de Santo André e garantir a continuidade de projetos culturais importantes desenvolvidos durante os governos anteriores, produtores da cidade organizaram no Cine-Teatro Carlos Gomes na última sexta-feira um encontro que reuniu uma pequena amostra das principais manifestações que ocorrem nos equipamentos culturais da cidade. O principal convidado da noite era o prefeito eleito, Aidan Ravin (PTB).
Para decepção dos presentes, Aidan não compareceu, embora tivesse confirmado presença aos organizadores dias antes. Suas assessoras alegaram que o vereador estava em uma reunião em São Paulo e que não conseguiria chegar a tempo a Santo André.
Representando Aidan estavam o vereador eleito pelo mesmo partido, Gilberto do Primavera, e o músico Juarez Mário, que afirmou ter sido convidado para compor o Departamento de Cultura no próximo ano. Os dois receberam das mãos de alunos e ativistas culturais da cidade um dossiê sobre os projetos em andamento considerados essenciais. Apesar do ‘furo'', os organizadores não consideraram a manifestação fracassada. "A sociedade civil está de parabéns. Isso fortalece o nosso coletivo. Foi uma bela manifestação que ele não pôde ver", diz o vice-presidente do Conselho Municipal de Cultura, Mário Augusto.
Entre os pontos fundamentais que foram levantados numa carta aberta lida ao fim das apresentações - coreografias da Escola Livre de Dança, esquetes e número musical da Escola Livre de Teatro, entre outras atividades - estava a manutenção das escolas livres (que incluem ainda a de Literatura e a de Cinema e Vídeo). "Sou de São Paulo e vim estudar aqui porque é o único lugar no Brasil que oferece dança contemporânea gratuita. Isso é muito significativo. Acho que agora, além de tocar esses projetos, é hora de investir em formação de público", diz Larissa Pretti, 25 anos, aluna da turma de formação avançada da Escola Livre de Dança.
Atenção às Emias (Escolas Municipais de Iniciação Artística), celeiro de muitos talentos das artes visuais, também estava na carta de manifestação, assim como equipamentos como a Casa do Olhar e a Casa da Palavra. "São esses locais que levam o nome da cidade para fora. É aqui que recebemos os grandes nomes", avalia o jornalista Hildebrando Pafundi, que integrou a comissão que reuniu 23 mil assinaturas nos anos 1980 - período de transição entre o governo de Newton Brandão e de Celso Daniel - para a restauração do Carlos Gomes.
O diálogo com a administração, que, segundo os produtores vem sendo solidificado ao longo dos anos, é algo que também foi reivindicado. "É um lugar que a gente vem conquistando. É algo que vai além de política partidária: diz respeito à políticas públicas", diz Cristiano Gouveia, 28 anos, mestre da Escola Livre de Teatro.
Os representantes de Aidan elogiaram a manifestação e se comprometeram a intermediar esse contato. "Quero deixá-los à vontade para me procurar e dizer que serei os ouvidos de vocês", afirmou aos presentes Gilberto do Primavera.
Apesar da ausência de Aidan, o músico Juarez Mário diz que o diálogo com os produtores não está cortado. "A agenda está lotada. Realmente ele tentou comparecer, mas são muitos compromissos. Vamos tentar sentar com calma e ouvi-los para tentar errar o menos possível", afirma.
O ponto de encontro do ato também não foi escolhido ao acaso. Base para a Escola Livre de Cinema e Vídeo nos últimos anos, o Cineteatro Carlos Gomes encabeça a lista de preocupações dos produtores culturais da cidade e também integra o dossiê.
Para decepção dos presentes, Aidan não compareceu, embora tivesse confirmado presença aos organizadores dias antes. Suas assessoras alegaram que o vereador estava em uma reunião em São Paulo e que não conseguiria chegar a tempo a Santo André.
Representando Aidan estavam o vereador eleito pelo mesmo partido, Gilberto do Primavera, e o músico Juarez Mário, que afirmou ter sido convidado para compor o Departamento de Cultura no próximo ano. Os dois receberam das mãos de alunos e ativistas culturais da cidade um dossiê sobre os projetos em andamento considerados essenciais. Apesar do ‘furo'', os organizadores não consideraram a manifestação fracassada. "A sociedade civil está de parabéns. Isso fortalece o nosso coletivo. Foi uma bela manifestação que ele não pôde ver", diz o vice-presidente do Conselho Municipal de Cultura, Mário Augusto.
Entre os pontos fundamentais que foram levantados numa carta aberta lida ao fim das apresentações - coreografias da Escola Livre de Dança, esquetes e número musical da Escola Livre de Teatro, entre outras atividades - estava a manutenção das escolas livres (que incluem ainda a de Literatura e a de Cinema e Vídeo). "Sou de São Paulo e vim estudar aqui porque é o único lugar no Brasil que oferece dança contemporânea gratuita. Isso é muito significativo. Acho que agora, além de tocar esses projetos, é hora de investir em formação de público", diz Larissa Pretti, 25 anos, aluna da turma de formação avançada da Escola Livre de Dança.
Atenção às Emias (Escolas Municipais de Iniciação Artística), celeiro de muitos talentos das artes visuais, também estava na carta de manifestação, assim como equipamentos como a Casa do Olhar e a Casa da Palavra. "São esses locais que levam o nome da cidade para fora. É aqui que recebemos os grandes nomes", avalia o jornalista Hildebrando Pafundi, que integrou a comissão que reuniu 23 mil assinaturas nos anos 1980 - período de transição entre o governo de Newton Brandão e de Celso Daniel - para a restauração do Carlos Gomes.
O diálogo com a administração, que, segundo os produtores vem sendo solidificado ao longo dos anos, é algo que também foi reivindicado. "É um lugar que a gente vem conquistando. É algo que vai além de política partidária: diz respeito à políticas públicas", diz Cristiano Gouveia, 28 anos, mestre da Escola Livre de Teatro.
Os representantes de Aidan elogiaram a manifestação e se comprometeram a intermediar esse contato. "Quero deixá-los à vontade para me procurar e dizer que serei os ouvidos de vocês", afirmou aos presentes Gilberto do Primavera.
Apesar da ausência de Aidan, o músico Juarez Mário diz que o diálogo com os produtores não está cortado. "A agenda está lotada. Realmente ele tentou comparecer, mas são muitos compromissos. Vamos tentar sentar com calma e ouvi-los para tentar errar o menos possível", afirma.
O ponto de encontro do ato também não foi escolhido ao acaso. Base para a Escola Livre de Cinema e Vídeo nos últimos anos, o Cineteatro Carlos Gomes encabeça a lista de preocupações dos produtores culturais da cidade e também integra o dossiê.
Ângela Corrêa
Diário do Grande ABC
Quadro pode ser único retrato de Lucrécia Borgia
Um quadro que estava exposto há 43 anos em um museu de Melbourne, na Austrália, foi identificado como sendo provavelmente o único retrato de Lucrécia Borgia, uma das mulheres mais famosas da história.
Se a descoberta for confirmada, a pintura, que havia sido adquirida em Londres pela Galeria Nacional de Victoria por cerca de US$ 12 mil, hoje pode valer milhões.
Até 2004, o quadro tinha autoria e data desconhecidas - sabia-se apenas que se chamava Retrato de um Jovem e que vinha da Itália. Mas uma análise meticulosa permitiu aos especialistas concluir que ele foi realizado pelo artista renascentista Dosso Dossi entre 1515 e 1520.
Com base nesta informação, os especialistas começaram a questionar se o objeto do retrato seria mesmo um jovem rapaz, apesar de ser mostrado segurando uma adaga - algo que só era visto em pinturas com homens.
Mas pouco depois, os historiadores concluíram que outros elementos do quadro, como o fundo de murta e flores, e uma inscrição em latim, faziam referência à deusa Vênus e a temas usados em retratos de mulheres.
Coincidências
A conclusão de que poderia se tratar de Lucrécia Borgia veio desses componentes do quadro - a adaga seria uma referência simbólica a outra Lucrécia, heroína da Roma antiga, e Vênus era usada no emblema da família Borgia -, além de algumas coincidências históricas.
Dosso Dossi vivia na cidade de Ferrara na mesma época em que Lucrécia Borgia, cujo terceiro marido veio a se tornar Duque de Ferrara. Além disso, poucas mulheres nobres tinham o privilégio de ser objeto de uma pintura e apenas alguém muito especial poderia ser colocada no mesmo plano que uma deusa e uma heroína romana.
O homem por trás da descoberta na Austrália, Carl Villis, explicou ainda que o quadro é o único que traz referências diretas e pessoais a Lucrécia Borgia.
"Até agora, a única imagem confiável que se tinha dela era um perfil em uma medalha de bronze datada de 1502. Os traços da mulher no nosso quadro são muito parecidos com os da pessoa retratada na medalha", afirmou.
'Mulher fatal'
Lucrécia Borgia foi a mulher mais famosa da época do Renascimento na Itália.
Nascida em Roma em 1480, era filha ilegítima do Cardeal Rodrigo Borgia, que mais tarde se tornou o papa Alexandre 6º.
Seus dois primeiros casamentos foram arranjados - e desfeitos - pelo pai e pelo irmão César para satisfazer os interesses políticos e financeiros da família. A primeira união acabou sendo anulada e o segundo marido de Lucrécia teria sido assassinado pelo próprio César.
Boatos na época sugeriam que a família Borgia estava envolvida em vários crimes, além de viverem em relações de incesto e luxúria.
Apesar disso, Lucrécia se casou pela terceira vez com Alfoso d'Este, membro de uma influente família de Ferrara, e deixou Roma para sempre.
Ela morreu em 1519 de complicações do parto de seu oitavo filho.
A fama de mulher fatal, que tinha vários amantes e se desfazia deles envenenando-os, foi reforçada pela peça Lucrécia Borgia, do francês Victor Hugo, e pela ópera de mesmo nome do italiano Gaetano Donizetti, ambas de 1833.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/11/081127_lucreciaborgiaml.shtml
Se a descoberta for confirmada, a pintura, que havia sido adquirida em Londres pela Galeria Nacional de Victoria por cerca de US$ 12 mil, hoje pode valer milhões.
Até 2004, o quadro tinha autoria e data desconhecidas - sabia-se apenas que se chamava Retrato de um Jovem e que vinha da Itália. Mas uma análise meticulosa permitiu aos especialistas concluir que ele foi realizado pelo artista renascentista Dosso Dossi entre 1515 e 1520.
Com base nesta informação, os especialistas começaram a questionar se o objeto do retrato seria mesmo um jovem rapaz, apesar de ser mostrado segurando uma adaga - algo que só era visto em pinturas com homens.
Mas pouco depois, os historiadores concluíram que outros elementos do quadro, como o fundo de murta e flores, e uma inscrição em latim, faziam referência à deusa Vênus e a temas usados em retratos de mulheres.
Coincidências
A conclusão de que poderia se tratar de Lucrécia Borgia veio desses componentes do quadro - a adaga seria uma referência simbólica a outra Lucrécia, heroína da Roma antiga, e Vênus era usada no emblema da família Borgia -, além de algumas coincidências históricas.
Dosso Dossi vivia na cidade de Ferrara na mesma época em que Lucrécia Borgia, cujo terceiro marido veio a se tornar Duque de Ferrara. Além disso, poucas mulheres nobres tinham o privilégio de ser objeto de uma pintura e apenas alguém muito especial poderia ser colocada no mesmo plano que uma deusa e uma heroína romana.
O homem por trás da descoberta na Austrália, Carl Villis, explicou ainda que o quadro é o único que traz referências diretas e pessoais a Lucrécia Borgia.
"Até agora, a única imagem confiável que se tinha dela era um perfil em uma medalha de bronze datada de 1502. Os traços da mulher no nosso quadro são muito parecidos com os da pessoa retratada na medalha", afirmou.
'Mulher fatal'
Lucrécia Borgia foi a mulher mais famosa da época do Renascimento na Itália.
Nascida em Roma em 1480, era filha ilegítima do Cardeal Rodrigo Borgia, que mais tarde se tornou o papa Alexandre 6º.
Seus dois primeiros casamentos foram arranjados - e desfeitos - pelo pai e pelo irmão César para satisfazer os interesses políticos e financeiros da família. A primeira união acabou sendo anulada e o segundo marido de Lucrécia teria sido assassinado pelo próprio César.
Boatos na época sugeriam que a família Borgia estava envolvida em vários crimes, além de viverem em relações de incesto e luxúria.
Apesar disso, Lucrécia se casou pela terceira vez com Alfoso d'Este, membro de uma influente família de Ferrara, e deixou Roma para sempre.
Ela morreu em 1519 de complicações do parto de seu oitavo filho.
A fama de mulher fatal, que tinha vários amantes e se desfazia deles envenenando-os, foi reforçada pela peça Lucrécia Borgia, do francês Victor Hugo, e pela ópera de mesmo nome do italiano Gaetano Donizetti, ambas de 1833.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/11/081127_lucreciaborgiaml.shtml
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