CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO
O quadro "A Sagrada Família", de Candido Portinari, exposto na igreja do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais (352 km de São Paulo), foi atacado por cupins. A obra, de 1951, pertence aos trabalhos sacros do pintor e é avaliada em US$ 4,5 milhões (R$ 10,3 milhões). A igreja abriga 23 quadros de Portinari, sendo 21 com temas religiosos --trata-se do maior acervo sacro do pintor reunido num só lugar. á um mês, excrementos de cupins foram constatados no canto inferior da tela, segundo Antonio Otávio Squarize, guia cultural da igreja. A cada 90 dias são feitas vistorias nas obras da igreja.
O secretário de Esporte e Turismo de Batatais, Antonio Carlos Correa, afirmou que medidas para iniciar o reparo já foram tomadas."Contatamos três empresas credenciadas e especializadas em restauro para nos apresentar o orçamento de todo o trabalho. Feito isso, vamos encaminhar os relatórios para o Condephaat [Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico] e para o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], para que autorizem o início do restauro", afirmou Correa.
Ele diz acreditar que em no máximo 60 dias a obra estará em bom estado.Além de "A Sagrada Família", outro quadro de grande valor de Portinari na igreja é "Jesus e os Apóstolos", avaliado em US$ 6 milhões --que não foi atingido.De acordo com Tadeu Chiarelli, professor de história da arte da ECA (Escola de Comunicações e Arte da USP), ataques de cupins são recorrentes em quadros expostos fora de museus."Para evitar esses problemas, as obras precisam estar expostas em locais com condições ideais de iluminação, temperatura, umidade e higienização", disse Chiarelli.
No caso de Batatais, Chiarelli aponta um agravante. "A igreja está em uma região úmida, o que aumenta as chances de infestação."O local, um dos cartões-postais da cidade, que é estância turística, recebe, em média, 3.000 pessoas por mês.
Folha Online
Portugal - Cultura: Viseu aposta no estudo e musealização da presença judaica
Viseu, 12 Fev (Lusa) - As ruas do centro histórico de Viseu têm ainda hoje marcas da presença da comunidade judaica, que a autarquia quer estudar e valorizar, para melhor conhecer este período da sua história.
Depois de ter dado o primeiro passo nesse sentido ao comprar recentemente o edifício que terá acolhido a sinagoga, com o objectivo de o incluir na rede do Museu Municipal, a autarquia promove sábado um colóquio sobre História e Cultura Judaica.
O coordenador do colóquio, Henrique Almeida, disse à Agência Lusa que "sabe-se hoje que os judeus se fixaram em Viseu, pelo menos desde o século XV, junto das primeiras muralhas", graças ao estudo temático desenvolvido por Isabel Monteiro, que sábado falará em Viseu sobre "Os lugares da memória".
"A judiaria aqui existente nos tempos medievais ocupava uma área hoje perfeitamente identificável no coração do centro histórico. A Rua da Judiaria (hoje Rua Nossa Senhora da Piedade) aparece localizada num mapa mandado elaborar pelo município em 1864 e constituía então um arruamento onde os judeus tiveram o seu comércio e as suas oficinas", contou.
Henrique Almeida lembrou que "foi também possível identificar com precisão a casa onde outrora se localizava a sinagoga", o prédio quatrocentista situado no cruzamento da Rua Direita com a Rua da Árvore que foi comprado pela autarquia, e que sofreu "certa descaracterização na sua fachada, nomeadamente ao nível dos acessos ao interior".
"A sinagoga e a judiaria constituem um património valioso da presença dos judeus no concelho. Importa, pois, recuperar a memória desse tempo medieval e já moderno sob o signo dos judeus e reescrever a história de uma época e de uma cultura que constituem parte da nossa memória colectiva", frisou o também coordenador do grupo de missão do Museu Municipal de Viseu.
Explicou que o projecto museológico da antiga sinagoga "depende, numa fase inicial, do aprofundamento do conhecimento sobre a comunidade judaica de Viseu, com a colaboração de diversos investigadores", nomeadamente Isabel Monteiro e Teresa Cordeiro, esta última igualmente conferencista do colóquio, com o tema "Cristãos-novos de Viseu e a perseguição inquisitorial".
Como o presidente da autarquia, Fernando Ruas, pediu maior celeridade neste projecto, estão a ser feitos dois tipos de levantamento de fontes relativas à vivência judaica e cristã-nova em Viseu.
"Um referente ao património arquivístico e bibliográfico existente em instituições locais ou nacionais, de que o colóquio mostra já alguns resultados, outro relativo às marcas de simbologia religiosa gravadas em edifícios do centro histórico de Viseu", explicou Henrique Almeida.
A autarquia pretende que no edifício fique "um núcleo encarado como centro de investigação e divulgação da história e cultura judaica, em toda a sua abrangência geográfica e cronológica, incluindo a problemática do holocausto".
Integrada no programa do colóquio, realiza-se uma mostra documental intitulada "Cultura Judaica em Viseu", no edifício da sinagoga, dando a conhecer aos participantes um conjunto de documentos dos muitos existentes no Arquivo Distrital.
No final das sessões será lançado o primeiro número da revista do Museu Municipal, com 210 páginas, que se pretende afirmar no panorama nacional das publicações congéneres da área da museologia.
Henrique Almeida espera mais de centena e meia de participantes no colóquio, oriundos de todo o país.
AMF.
© 2009 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Conheça os criadores dos bonecos gigantes do Carnaval de Olinda
A casa de número 44 da rua do Amparo, rota de vários blocos carnavalescos, passa despercebida dentre os vários sobrados que compõem a paisagem do Sítio Histórico de Olinda. Lá, reunidos em uma sala escura, nomes como Luiz Gonzaga, Capiba e Enéas Freire, o fundador do Galo da Madrugada, aguardam a terça-feira de Carnaval para ganharem vida nas ruas da Cidade Alta. Criadas pelo bonequeiro Silvio Botelho, as peças participam do encontro de bonecos gigantes, uma das atrações do Carnaval de Olinda.
Silvio Botelho posa ao lado de boneco do fundador do Galo da Madrugada, Enéas Freire
A tradição dos bonecos foi iniciada há 78 anos pelo Homem da Meia-Noite, o boneco mais ilustre de Olinda. Criado em 1931, por muitos anos ele comandou solitário os dias de Carnaval até ganhar uma companheira -- A Mulher do Dia, que começou a desfilar pelas ladeiras da cidade em 1967. A ilustre família de bonecos ficou completa em 1974, com o Menino da Tarde, primeira obra de Sílvio Botelho. Nestes 35 anos de atividade o bonequeiro criou um verdadeiro exército de gigantes. "Até a década de 80 os bonecos não eram tão populares. Posso dizer que, junto com outros bonequeiros, ajudei a criar essa identificação entre Olinda e os bonecos gigantes", diz Botelho, que já confeccionou cerca de 700 peças. Pesando entre 13 e 15 quilos e com cerca de três metros de altura, o corpo de cada boneco é uma extensão do manipulador ou carregador, que equilibra toda a estrutura com a cabeça. No início, Sílvio levava cerca de 30 dias para terminar uma peça, que pesava mais de 30 quilos. "A cabeça das primeiras obras era moldada em barro. Era preciso esperar o molde secar para poder começar a trabalhar, o que inviabilizava uma produção em grande demanda", explica.
Os ajudantes estão envolvidos nas outras etapas de produção, que consiste na confecção do corpo e no revestimento de três camadas de papel com goma e outra de massa acrílica, antes de o rosto do boneco ser pintado. "Na última etapa são costurado o cabelo e aplicado os adereços finais. Depois disso, o boneco já pode ir para a rua". Um dos filhos de Botelho, Júlio César, também trabalha na linha de produção do pai. "Quero que meu trabalho seja perpetuado", comenta o bonequeiro, que ajudou a formar uma nova geração de bonequeiros. "Algumas pessoas trabalharam comigo e hoje fazem seus próprios bonecos, criando novos estilos." Um dos bonequeiros que propaga a técnica de Botelho é Camarão, que há 13 anos produz bonecos mirins, apropriado para carregadores crianças. "Comecei no ateliê de Sílvio, onde aprendi muito e fui, aos poucos, desenvolvendo um estilo próprio", explica o artesão, que teve a ideia de fazer peças menores por acaso. "Os dois primeiros bonecos mirins foram fantasias de Carnaval feitas para minha filha e para um dos filhos de Sílvio.
O resultado ficou tão bom que resolvi criar a minha marca, me especializando em bonecos para crianças".Camarão também promove o encontro dos bonecos mirins. São mais de 30 figuras, a maioria réplicas de bonecos consagrados, como o Homem da Meia-Noite e a Mulher do Dia.
GUILHERME GATIS
MPF denuncia ex-secretário de RO por descumprir legislação ambiental
MPF/RO - DN
Portal Amazonia
Rio de Janeiro - A memória dos bambas
O Centro Cultural Cartola e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fecharam parceria para permitir o registro em vídeo de depoimentos de sambistas tradicionais do Rio. O projeto teve início no último sábado, 31 de janeiro, e é parte da iniciativa de salvaguarda do reconhecimento do samba carioca partido alto, samba de terreiro e samba-enredo como Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil.
As gravações acontecerão todas as quartas e sábados de fevereiro, com intervalo apenas na semana do carnaval, sob a coordenação de Nilcemar Nogueira, neta de Cartola. Assim, as gerações futuras terão contato com a história e os saberes do samba a partir das palavras dos próprios protagonistas.
O Globo
Olímpia-SP - Museu do Folclore pode ser reformado com verba do Iphan
Planeta News
São Luís-MA - Prefeitura lança nova logomarca inspirada nos azulejos da cidade
A prefeitura de São Luís divulgou à imprensa, na manhã de ontem, 6, a nova logomarca, que será utilizada nos documentos oficiais, peças publicitárias, impressos e outros materiais de divulgação do Poder Executivo Municipal. O secretário de Comunicação, Edwin Jinkings, apresentou um painel com slides explicativos e, logo em seguida, expôs, detalhadamente, todo o processo de criação da arte, que foi buscar inspiração nos azulejos da cidade.
Desenvolvida pela Secretaria Municipal de Comunicação Social (Secom), a logomarca traz como slogan “São Luís - cidade de todos” e foi definida a partir da aplicação de uma pesquisa qualitativa que envolveu grupos formados por diferentes características, como faixa etária, sexo, grau de instrução e renda. “Ela foi escolhida entre várias opções e é fruto de um trabalho científico. A arte, concebida a partir de um azulejo - que é um símbolo do nosso Patrimônio Histórico, foi praticamente unanimidade entre os entrevistados; e o slogan também foi identificado como o que define melhor o projeto de gestão participativa do prefeito João Castelo”, explicou Edwin Jinkings.
De todos os elementos apresentados na pesquisa, o que mais chamou a atenção dos grupos foi o azulejo. Segundo o secretário, “o azulejo remete ao sentimento de orgulho que a população alimenta pelo título, pelas belezas naturais e arquitetônicas da cidade e pelas manifestações artísticas de sua gente”, enfatizou.
A apresentação da nova logomarca reuniu jornalistas, radialistas, colunistas e secretários municipais. Os presentes receberam adesivos e CDs com a nova arte.
Criação - A logomarca é um azulejo estilizado, criado especialmente para representar a cidade, o governo municipal e sua gente. No plano geral, a marca apresenta um azulejo clean, formado no seu núcleo por um grupo de pessoas sentadas à mesa, de mãos dadas, numa alusão direta à gestão participanhecida como “Cidade dos Azulejos”, a capital ostenta o honroso título de Patrimônio Mundial conferido pela Unesco em 1997. O azulejo remete ao sentimento de orgulho que a população alimenta pelo título, pelas belezas naturais e arquitetônicas da cidade e pelas manifestações artísticas de sua gente.
A parte externa da marca apresenta setas que apontam caminhos à gestão participativa de todos e em direção a novos rumos, em todos os sentidos. No centro da logomarca está o trevo, que simboliza o desenvolvimento, a prosperidade calcada no empreendedorismo, além de boas e novas perspectivas para a municipalidade.
Por fim, abaixo da marca está a descrição “Prefeitura - São Luís, cidade de todos”, marca e slogan que a atual gestão irá adotar pelos próximos anos. Será a carteira de identidade de uma nova administração.
Jornal Pequeno
Angola - Director da Cultura quer rigor na "Portaria da Música"
"Nós autorizamos previamente quando somos solicitados. O grande mal é que as pessoas anunciam uma série de actividades, um ou dois meses antes, sem saberem que têm de estar autorizadas", frisou.
"Aqui fazem ao contrário. Primeiro publicitam e as autoridades administrativas têm que ir à reboque. Isso não pode ser", expressou o responsável à Angop, reagindo às reclamações de alguns agentes culturais que se viram impossibilitados de vender na Portaria da LAC e na então Portaria do Cine Atlântico, agora proibidas para esse fim.
A editora AMG, forçada a vender o projecto discográfico "Boas Festas Angola - Volume III" na Praça da Independência, é uma das que estaria, supostamente, na LAC sem autorização da Direcção Provincial da Cultura e do Governo Provincial de Luanda.
"Não fomos contactados, nem as estruturas administrativas do município da Ingombota. O Largo da LAC é público. Qualquer acto público a ser realizado ali deve merecer autorização das autoridades locais", expressou.
A directora executiva da AMG, Iracema Martins, disse também à Angop, sem se referir à questão da autorização, que o encerramento da LAC para venda de discos foi tornado público muito "em cima da hora", tendo criado transtornos à editora. Porém, esse contratempo foi rapidamente superado.
"Fomos transferidos para a Praça da Independência porque a LAC está em obras. Mas colocamos lá um anúncio para as pessoas saberem da troca", explicou a responsável, que coordena as vendas do disco "Boas Festas Angola - Volume III", naquele espaço de promoção cultural.
Ainda a respeito da portaria da LAC, Manuel Sebastião explicou que só foi interditada a comercialização de produtos culturais, nesta sexta-feira à tarde, pelo facto de estar a beneficiar-se de obras que, para si, iriam atrapalhar a anunciada sessão de venda do CD "Kuma Kua Kie", de Yuri da Cunha. A mesma está prevista para domingo.
"Tomamos essa decisão porque o largo está a beneficiar-se de obras de melhorias. Por outra, o Yuri da Cunha é um peso pesado da música urbana angolana. Ele vai levar, no seu lançamento, mais de 15 mil pessoas. As vias de acesso estão encerradas e aquele largo não teria capacidade para acolher esse eventual número de pessoas.
Adianta que "por mais polícias que a gente tivesse lá, controlar o comportamento de cerca de 15 ou 20 mil pessoas naquele largo, cada um com a sua viatura (…), seria difícil. Achamos por bem, para ajudar o nosso artista, sugerir o Parque da Independência ou outro local onde ele pudesse vender sem sobressaltos".
Jornal de Angola
Jarros evidenciam que povos antigos consumiam chocolate
The New York Times
Por muitos anos, Patricia Crown viveu intrigada com os jarros cilíndricos de cerâmica encontrados nas ruínas do Chaco Canyon, o grande complexo de habitações de pedra de múltiplos pavimentos aninhado em meio ao planalto árido e escarpado do Novo México. Eles não se pareciam em nada com as vasilhas e cântaros que Crown havia encontrado anteriormente na região.
Alguns historiadores acreditavam que os moradores de Chaco, ancestrais do moderno povo pueblo que se espalhou pelo sudoeste do atual território dos Estados Unidos, usavam esses cilindros como tambores, por meio de peles de animais estendidas por sobre as aberturas, enquanto outros estudiosos os classificavam como objetos sacros.
Mas a resposta é mais simples, ainda que não menos intrigante, de acordo com estudo de Crown publicado na última terça-feira pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences: os jarros eram usados para beber chocolate líquido. As descobertas dela oferecem a primeira prova do uso de chocolate na América do Norte ao norte da fronteira mexicana.
Como é que o antigo povo pueblo, instalado em um deserto a cerca de dois mil quilômetros de distância do cacaueiro mais próximo, dispunha de cacau? Crown, antropóloga da Universidade do Novo México, constatou que o milho e o feijão se espalharam pelo sudoeste dos Estados Unidos depois de serem domesticados no sul do México.
Escavações anteriores em Pueblo Bonito, a maior das estruturas do complexo de Chaco, haviam identificado araras escarlates e outros itens importados. Dorie Reents-Budet, curadora do Museu de Belas Artes de Boston e pesquisadora associada da Smithsonian Institution, é especialista nos vasos cilíndricos dos maias e diz que uma sofisticada rede comercial estava em operação na Mesoamérica e se estendia até Chaco, ao norte, e até o Equador e a Colômbia, no sul.
Os vasos maias, decorados com cenas da corte e hieróglifos, eram usados para beber chocolate em ocasiões cerimoniais e banquetes suntuosos, diz Reents-Budet. Produto dispendioso e de luxo, os grãos de cacau eram fermentados, torrados e moídos, e depois misturados com água e condimentos; a mistura era mexida para formar espuma. Faria sentido servir essa bebida em um recipiente especial, ela diz.
"É como se você fosse dar um jantar no qual pretende servir champanhe", ela afirma. "Para servir champanhe, todo mundo usa suas melhores taças". Depois de um diálogo com Reents-Budet sobre a semelhança entre a cerâmica maia e a do Chaco, em 2007, Crown conta que teve a idéia de pedir uma verificação de resíduos de cacau nas jarras do povo pueblo.
Ela recorreu a W. Jeffrey Hurst, analista bioquímico sênior da Hershey, a fábrica de chocolate, cujos superiores permitem que ele colabore em testes de cerâmicas mesoamericanas há duas décadas. Em 2002, Hurst foi co-autor de um estudo, publicado pela Nature, no qual demonstrava que os antigos maias já estavam usando cacau em 600 AC, o que representa um recuo ao passado de cerca de mil anos quanto aos primeiros indícios químicos do uso de cacau.
Crown apresentou cinco lascas de jarras ao laboratório de Hurst, que as sujeitou a cromatografia líquida de alto desempenho e a testes de espectroscopia de massa. Os testes confirmaram a presença de teobromina, o marcador biológico do cacau, em três dos fragmentos. "Os resultados foram completamente conclusivos", disse Hurst, que é co-autor do novo estudo, com Crown.
Os fragmentos de jarros estavam entre os 200 mil artefatos escavados nas lixeiras de Pueblo Bonito, uma povoação com 800 cômodos. Eles datam de entre 1100 e 1125, quando a civilização de Chaco estava em seu pico.
Uma expedição anterior havia descoberto 11 jarros cilíndricos sob uma sala em Pueblo Bonito. Os jarros, de argila local, tem cerca de 25 centímetros de altura e ostentam desenhos geométricos em preto sobre um fundo branco, diz Crown, que é especialista em cerâmicas de Pueblo.
Crown especulou que o povo do Chaco bem poderia estar seguindo as práticas rituais maias para o consumo de chocolate, dadas as semelhanças encontradas entre os recipientes destinados à bebida em ambas as civilizações.
"Provavelmente, o chocolate não era algo que todo mundo consumisse", ela afirma. "É provável que o produto fosse destinado apenas ao consumo de um determinado segmento da sociedade".
Os planos de Crown para a seqüência do trabalho envolvem procurar implementos que poderiam ter sido usados na preparação ritual da bebida, e determinar se ela era apreciada também em outras regiões da área sudoeste dos Estados Unidos. Por enquanto, ela se sente gratificada por ter conseguido ampliar o conhecimento sobre os antigos moradores da região de Chaco.
"A maior parte do trabalho que fazemos como arqueólogos têm natureza interpretativa, e interpretações podem mudar ao longo do tempo", ela disse. "É raro que encontremos algo de tão definido como isso, e que represente uma resposta clara para uma pergunta. A sensação é ótima".
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3498981-EI238,00.html
Sorocaba-SP - Espaço é inaugurado sem lugar para acervo
Notícia publicada na edição de 07/02/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 6 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Será inaugurado hoje o Espaço São Bento, no local onde se cogitava instalar o acervo do Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Sorocaba Com. Luiz Almeida Marins. Informações anteriores indicavam que o museu, fechado à visitação pública há cinco anos, seria instalado no casarão do Mosteiro de São Bento, na esquina da rua Arthur Martins com o Largo São Bento, restaurado em janeiro. Porém, o local será agora uma sala de exposição de artes sacras, como explicou o professor Marcos de Afonso Marins, que está à frente da diretoria do museu há 10 anos. O museu vai ter sala lá mas o acervo não vai ficar guardado no local pois não há espaço físico o suficiente, disse ele. A Universidade de Sorocaba (Uniso), por meio de seu reitor, Aldo Vanucchi, havia demonstrado interesse em uma parceria para administrar o local, mas nada foi definido.
O monge responsável pelo mosteiro, dom José Carlos Gatti, disse que foram oferecidas salas ao museu, mas ainda aguardam uma resposta. Quanto o local não abrigar, especificamente, o museu, disse não saber o motivo, mas reforçou a importância do novo espaço a ser inaugurado hoje, a partir das 8h, que será administrado pelos monges beneditinos, e utilizado para atividades culturais, inclusive com salas especiais de exposição para arte sacra.
Acervo
Todo o acervo do Museu de Arte Sacra - 181 imagens, 392 partituras musicais, 414 paramentos e utensílios sacros, 179 livros e 112 missais guardados no interior da Catedral Metropolitana de Sorocaba - pertence à Arquidiocese de Sorocaba e para que outra instituição o administre, é necessário que o mesmo seja cedido em comodato. Atualmente, o Museu de Arte Sacra é mantido com uma verba de dois salários mínimos mensais, repassada pela arquidiocese. Com esse dinheiro mandamos, inclusive, nossas estagiárias fazerem cursos de especialização, contou o professor Marcos de Afonso Marins, que está à frente da diretoria do museu há 10 anos, tendo sucedido seu pai na função.
Duas estagiárias trabalham conosco. Nosso acervo está todo inventariado, filmado, fotografado e arquivado em CDs, comentou Marins, que disse não saber precisar de quanto seria, em média, o custo mensal para manter o museu em condições ideais.
Jornal Cruzeiro do Sul
São Paulo-SP - Demolição de casarão gera protesto nos Jardins, em SP
SÃO PAULO - Entidades de preservação promoveram hoje protestos contra a demolição de um casarão, construído no início do século passado, no bairro dos Jardins, região central da capital paulista. As entidades Preserva São Paulo e Sociedade Amigos do Bairro Cerqueira César (Samorcc) buscam junto ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) o tombamento do imóvel, considerado um exemplo de arquitetura pré-moderna, localizado na esquina da Alameda Santos com a Rua Haddock Lobo.
Segundo o presidente da Preserva São Paulo, o advogado Eduardo Rubies, apesar de todos os pareceres técnicos favoráveis, "o pedido do tombamento foi estranhamente derrotado", em votação ocorrida durante a semana. Dos nove conselheiros do Conpresp, cinco votaram contra a preservação histórica do casarão, entre eles, conta Rubies, o vereador Toninho Paiva (PR), vice-presidente da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente.
As entidades, afirma o advogado, se preparam para recorrer da decisão e solicitar o tombamento diretamente ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, ligado à Secretaria Estadual da Cultura (Condephaat). Mas foram surpreendidas com o início do processo de demolição do imóvel na manhã de hoje.
Segundo a advogada Célia Marcondes, que preside a Samorcc, também causa estranheza que os proprietários tenham obtido um alvará para a demolição apenas dois dias depois da votação no Conpresp. "Para conseguir derrubar uma edícula neste bairro, às vezes chega a demorar dois meses para conseguir autorização", protesta. O alvará foi expedido pela Subprefeitura de Pinheiros.
Como parte do trabalho de demolição, já foram retiradas as portas e as janelas do casarão. As entidades se preparam para, na manhã de segunda feira, entrar na Justiça com pedido de liminar suspensiva da derrubada. "Vamos até o fim desta causa. O casarão é patrimônio histórico e cultural da cidade e precisa ser preservado". Os proprietários do imóvel não foram localizados.
FABIO M. MICHEL - Agencia Estado
O Estado de São Paulo
Antiga Bíblia em siríaco é encontrada no Chipre
NICOSIA (Reuters Life!) - Autoridades do norte de Chipre acreditam ter encontrado uma antiga versão da Bíblia escrita em siríaco, um dialeto da língua nativa de Jesus.
O manuscrito foi encontrado durante uma batida policial contra supostos contrabandistas de antiguidades. A polícia turco-cipriota afirmou acreditar que o manuscrito possa ter dois mil anos de idade.
O objeto contém trechos da Bíblia escritos em letras douradas sobre velinos atados precariamente, segundo as fotos fornecidas à Reuters. Uma página traz o desenho de uma árvore, e outra oito linhas de escrita em siríaco.
Entretanto, especialistas estão divididos quanto à proveniência do manuscrito e sobre este ser autêntico, o que o tornaria inestimável, ou uma fraude.
Eles dizem que o uso de letras douradas no manuscrito torna provável que tenha menos de dois mil anos.
"Creio ser mais provável que tenha menos de mil anos", disse à Reuters Peter Williams, da Universidade de Cambridge e grande perito no assunto.
Autoridades turco-cipriotas se apossaram da relíquia na semana passada e nove indivíduos estão sob custódia, aguardando maiores investigações. Mais pessoas ligadas ao achado estão sendo procuradas.
As investigações ainda descobriram uma estátua de orações e um entalhe em madeira de Jesus que se acredita pertencer a uma igreja no norte, de domínio turco, assim com dinamite.
A polícia acusou os detidos por contrabando de antiguidades, escavação ilegal e posse de explosivos.
O siríaco é um dialeto do aramaico, a língua nativa de Jesus, outrora falado em boa parte do Oriente Médio e da Ásia Central. Ele é usado por cristãos sírios e continua em uso na Igreja Ortodoxa Síria de Chipre, enquanto o aramaico ainda é utilizado em rituais religiosos de cristão maronitas no Chipre.
"Uma fonte muito provável do manuscrito pode ser a área de Tur-Abdin, na Turquia, onde ainda existe uma comunidade que fala o siríaco", disse à Reuters Charlotte Roueche, professora de Antigos Estudos Latinos e Bizantinos no King's College, de Londres.
Após uma análise mais aprofundada de fotos do manuscrito, JF Coakley, especialista em manuscritos da Universidade de Cambridge e membro do Wolfson College, insinuou que o livro pode ter sido escrito bem mais tarde.
"O texto em siríaco parece estar em linguagem siríaca oriental, com pontos nas vogais, e não se encontram manuscritos assim antes do século 15 aproximadamente."
"Baseado em uma única foto, algumas palavras pelo menos parecem estar em siríaco moderno, uma língua que não foi posta no papel até a metade do século 19", disse ele à Reuters.
Por Sarah Ktisti e Simon Bahceli
Reuters
PM reforça combate ao roubo de peças sacras em Minas
Militares serão treinados para aumentar vigilância do patrimônio cultural e artístico de Minas
Polícia Militar de prontidão para proteger o acervo histórico de Minas Gerais. A corporação começa a atuar de maneira preventiva, em todo o estado, para evitar mais roubos de obras de arte e peças sacras em igrejas, capelas, museus, casas de cultura, cemitérios, residências e monumentos. Recentemente, o comandante geral Renato Vieira de Souza enviou circular às unidades regionais com uma série de orientações para tentar pôr fim à dilapidação do patrimônio cultural. Dentro do conceito de “responsabilidade compartilhada”, o documento determina, em primeiro lugar, maior interação com as autoridades locais (religiosos, curadores, diretores etc.) e representantes de diversos órgãos, entre eles o Ministério Público, institutos do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Estadual (Iepha/MG), guardas municipais e outros.
A decisão é consequência de entendimentos firmados, no fim de 2008, entre a Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico/MG (Cppc) e a vice-governadoria do estado, quando foi mostrada a situação crítica vivida pelas cidades do ciclo do ouro e de regiões como o Centro-Oeste, que se tornou o novo alvo dos ladrões. De acordo com levantamento do Ministério Público Estadual (MPE) e do Iepha/MG, somente no ano passado foram furtados, em Minas, 73 objetos históricos, a maior parte dos séculos 18 e 19. A estimativa, conforme o documento, é de que cerca de 60% de imagens, crucifixos, castiçais, pratarias e outros objetos tenham desaparecido de seus locais de origem para ficar em mãos de colecionadores e comerciantes de antiguidades inescrupulosos.
Os dados retratam apenas os casos relatados via boletins de ocorrência ou diretamente ao MPE. O assessor de comunicação da PM, tenente-coronel Ricardo Matos Calixto, disse que a aproximação entre os órgãos, com a troca de informações, é fundamental para garantir o serviço de prevenção e maior vigilância. Segundo o titular da Cppc, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, a partir de agora vai haver um “olhar atencioso” da PM sobre o patrimônio de Minas. “A instituição, presente em todos os 853 municípios mineiros, reconhece como missão defender os bens culturais e vai fazer, portanto, o que deve ser feito.
Antes, agia de forma difusa e reativa, ou seja, só atuando depois dos furtos. Hoje, passa a agir também na prevenção”, disse Souza Miranda. O MPE encaminhou a circular às 295 promotorias de Justiça do estado, para que possam ser traçadas estratégias conjuntas. “Acho que o quadro vai melhorar muito, pois contaremos ainda com um delegado para cuidar dos casos” , acredita. ProteçãoDe acordo com a circular da polícia, prédios e outros locais que guardam e expõem o valioso acervo não dispõem de sistema adequado de proteção: “É comum observar, durante a visita a igrejas antigas, pessoas portando bolsas e mochilas, sem que haja vigilância ou dispositivos que impeçam a subtração de peças.
Pelo alto valor artístico e histórico, elas são comercializadas de forma clandestina e direta a colecionadores e antiquários no Brasil e exterior, em uma rede especializada e com conhecimento técnico”. Uma determinação fundamental do comando geral é o fortalecimento da vigilância nas proximidades de pontos de visitação, centros históricos, igrejas e outros, por meio de viaturas, e a presença ostensiva nessas áreas com o emprego de policiamento a pé ou em ciclo-patrulha.
Ao mesmo tempo, a instituição vai colaborar para melhoria do esquema da segurança local, via qualificação dos recursos humanos disponíveis no município (guardas municipais, vigilantes patrimoniais ou similares), e adoção de medidas de proteção.
A PM também quer estimular campanhas que orientem a população no sentido de contribuir na busca de bens furtados ou extraviados e dar suporte ao Iphan e Iepha. Para isso vai divulgar contatos dos órgãos de proteção: www.iphan.gov.br e www.iepha.mg.gov.br; telefone (inclusive para denúncias anônimas): (21) 2262-1971; fax: (21) 2524-0482; e e-mail: bcp-gemov@iphan.gov.br.
Gustavo Werneck - Estado de Minas
Proprietários de imóveis tombados podem ser processados por dano coletivo
Casas recuperadas e bem conservadas ganham isenção de IPTU
Famosa por conservar uma arquitetura rica e diversa, Belo Horizonte tem cerca de 700 imóveis tombados como patrimônio municipal. No entanto, 30% deles, ou mais de 200 construções, estão malconservados ou abandonados. Os dados são da Diretoria do Patrimônio Cultural Municipal, baseados na relação do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). A lei garante que todos têm direito à isenção do imposto, mas é preciso que a edificação seja mantida em boas condições. O Estado de Minas visitou 11 imóveis tombados em diferentes regiões da cidade e observou casas charmosas com a pintura descascando, portas de aço lacrando entradas e janelas e restos de paredes que apenas insinuam o que já existiu. Há também exemplos positivos, como o de uma casa antiga que foi mantida e um prédio residencial construído nos fundos, sem descaracterizá-la. Reclamações recorrentes entre os donos dos imóveis tombados são o custo dos projetos e a falta de dinheiro para restaurá-los, seguindo os critérios do município. A diretora do Patrimônio Cultural, Michele Arroyo, explica que, a princípio, a responsabilidade de manter o imóvel conservado é do dono, mas os que demonstrarem falta de condições financeiras podem tentar levantar dinheiro por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. “A gente orienta, mas não tem como fazer o texto para a pessoa. Gratuitamente oferecemos o projeto de restauração”, explica.
Bianca Melo - Estado de Minas
Macau - Proposta de lei sobre Património cultural apresentada esta tarde
O futuro começa hoje
Depois ter sido colocado a consulta pública, há quase um ano, um primeiro documento de enquadramento, o Instituto Cultural apresenta hoje a sua proposta de lei de salvaguarda do património cultural. O objectivo é uma reformulação completa na legislação actualmente vigente.
No capítulo das desilusões, estava o facto do articulado em causa não tornar obrigatória a constituição de zonas de protecção em redor dos imóveis classificados. Também as cotas altimétricas dos novos edifícios e a protecção de linhas de visão para o património classificado eram “definidas caso a caso”.
Por fim, uma das surpresas que então constavam na anteproposta de lei de Salvaguarda do Património Cultural consultada pelo Hoje Macau era a instituição de dois galardões. O prémio de arquitectura contemporânea visava “distinguir o projecto de construção que revele grande significado no âmbito da inovação e qualidade arquitectónica urbanística". Já o prémio de conservação e restauro pretendia galardoar a obra ou intervenção que revele “exemplar respeito pela singularidade e autenticidade” do Centro Histórico de Macau ou de um edifício classificado ou situado em zona de protecção.
Longos trabalhos
O trabalho de revisão legislativa começou em Março de 2006, quando foi criado o Grupo de Trabalho para a Elaboração da Legislação de Salvaguarda do Património Cultural. O organismo incluiu especialistas e técnicos de vários departamentos governamentais envolvidos na gestão e conservação do património e ainda juristas.
De acordo com o IC, “da análise das dificuldades encontradas na aplicação dos diplomas em vigor, constatou-se que uma revisão pontual da legislação não daria resposta a todas as necessidades identificadas nesta área, nem seria susceptível de acompanhar o futuro desenvolvimento da RAEM, pelo que tomando como referência a legislação e a experiência de outros países asiáticos e europeus, ponderou-se a elaboração de uma nova Lei de Salvaguarda do Património Cultural”. O resultado final, que é então apresentado esta tarde, pretende “contemplar todo o património cultural da RAEM e assegurar que as futuras iniciativas relativas à salvaguarda do património cultural sejam desenvolvidas com base num sólido instrumento legal, permitindo, assim, a transmissão desta herança cultural única da RAEM de geração em geração”, diz o IC.
Emanuel Graça
Macau Hoje
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial