NATUREZA - 31-8-09
Grand Canyon: espetáculo da natureza
A visão da sequência infinita de montanhas é só uma das razões que tornam a visita ao cânion localizado no Arizona inesquecível. Rochas, trilhas e o Rio Colorado se espalham por 450 km.
GRAND CANYON – O Grand Canyon ainda é uma expectativa quando o táxi para na porta do Bright Angel Lodge. “Atravesse por dentro do hotel”, indica o motorista, sem dar mais detalhes. Passo pelo lobby, cruzo a porta dos fundos, perco completamente o fôlego. Estou à beira do abismo. E agora entendo por que o taxista resolveu poupar palavras.
Impossível explicar a beleza do Grand Canyon – e seu efeito hipnótico sobre qualquer ser humano. Fotos, vídeos, nada consegue preparar você para a real dimensão dessa paisagem. Basta se debruçar sobre o penhasco para ver a sequência infinita de montanhas marcadas por faixas coloridas em dégradé: rosa, marrom, verde, cinza, branco. Seus picos formam um horizonte milimetricamente alinhado.
Ainda estou no “quintal” do Bright Angel Lodge, num dos muitos mirantes da Rim Trail, a trilha pavimentada que beira por quilômetros a encosta, sempre acompanhada por esse visual. Turistas passeiam sem pressa. O caminho é longo e revelador. A cada curva, um ângulo novo – e mais um clique.
A aventura pode e deve começar assim, com uma caminhada de reconhecimento do parque nacional localizado no Estado do Arizona. À esquerda, na trilha, logo surge o Kolb Studio, uma casa de 1905 onde viveram os irmãos Kolb, fotógrafos pioneiros no Grand Canyon. Depois de ver a pequena exposição de imagens e passar pela loja de suvenir, desça até o Lookout Studio. O mirante invade o cenário e, sem se dar conta, você vai passar longos minutos ali, extasiado.
Na direção contrária, o percurso leva a pontos mais isolados. O burburinho do Centro vai ficando para trás enquanto a tarde cai. O caminho agora está vazio. Um ou outro atleta passa correndo. Um casal senta no braço da montanha e admira o cânion no mais absoluto silêncio.
É bem capaz que o cartão de memória da câmera esteja cheio antes de chegar à Yavapai Observation Station. Mas sua memória visual não vai falhar diante dessa panorâmica. Dentro do edifício histórico, imagens e modelos tridimensionais explicam a complicada geologia da região.
As forças da natureza levaram milhões de anos para esculpir essa maravilha da Terra. O cânion tem 1.400 metros de profundidade e se estende por 450 quilômetros na região Noroeste do Arizona. Acompanhando com atenção os desenhos da exposição, é possível observar o relevo acidentado.
A trilha continua margeando o cânion até o Mather Point. A essa altura, o sol está baixo. Espere, se puder, para ver um espetáculo inigualável. À medida que a bola de fogo se esconde, as montanhas ganham movimento. Um mar de sombra cobre os platôs, mas os últimos raios ainda deixam os picos intensamente avermelhados. Pássaros, gaivotas e condores cortam o azul do céu, que logo vira cinza. E fim de show.
TÚNEL DO TEMPO
As camadas do cânion se formaram em eras geológicas distintas. Enquanto as pedras de cima surgiram há 270 milhões de anos, as da base têm mais que 1,8 bilhão de anos. Tudo começou há 70 milhões de anos. O calor e a pressão decorrentes da colisão de duas placas tectônicas fizeram erguer a cadeia montanhosa. A área conhecida como Colorado Plateau subiu cerca de 3 mil metros. O cânion, porém, é mais recente. Geólogos afirmam que ele surgiu há cerca de 6 milhões de anos.
Sem o Rio Colorado, que corre numa região absolutamente desértica, o Grand Canyon não existiria. As águas do rio, misturadas com cascalho e muita areia, invadiram as camadas das rochas e foram esculpindo, com o passar do tempo, o Colorado Plateau. Do Yavapai Point, no South Rim, até o rio são 1.400 metros – e o rio ainda corre 750 metros acima do nível do mar.
A largura do cânion é resultado da colisão entre as camadas das rochas e do processo de erosão. Ao longo dos 450 quilômetros do Rio Colorado, ela varia de 13 a 26 quilômetros. Em nenhum outro lugar há cânions com essas dimensões impressionantes, nem rochas coloridas em camadas. O Grand Canyon é único.
Camila Anauate
Agência Estado
Marcadores: natureza
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