CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 1-6-10
Após terremotos, conservadores resgatam arte dos escombros no Haiti
Susan Blakney, conservadora de pinturas de Nova York, mexia em uma pilha de destroços deixados pelo colapso da Catedral Episcopal Santa Trindade, em busca de pequenos fragmentos do mural do templo.
A catedral é uma parte muito apreciada do patrimônio cultural deste país; a maior parte de seus murais foi destruída no terremoto que atingiu o Haiti em janeiro.
Porém, dois dos transeptos do norte da construção, um retratando a última ceia e outro o batismo de Cristo, permanecem praticamente intactos.
"Parece que há alguns pedaços aqui por baixo", gritou Blakney, 62 anos, para os colegas que trabalhavam com ela recentemente, em um esforço para salvar milhares de obras de arte destruídas no terremoto.
O resgate está sendo organizado pelo Smithsonian Institution, que deverá abrir aqui um centro, em junho, onde conservadores americanos trabalharão lado a lado com haitianos para recuperar pinturas rasgadas, esculturas estilhaçadas e outras obras retiradas do que sobrou de museus e igrejas.
Artistas haitianos e profissionais da área da cultura têm conduzido operações informais de salvação nos últimos meses.
Mas os americanos estão trazendo conhecimento em conservação - há pouquíssimos conservadores de arte com qualificação profissional no Haiti, se é que existe algum - e equipamentos especiais, grande parte paga com dinheiro privado.
A iniciativa, a colaboração próxima com um governo estrangeiro e a combinação de financiamento público e privado representam um novo modelo de diplomacia cultural americana.
Segundo os organizadores, ele apresenta um forte contraste com a apatia que os americanos foram acusados de exibir quando ocorreram os saques aos tesouros artísticos iraquianos, em 2003.
"Erros foram cometidos no passado, em épocas de grandes tragédias ou agitação, ao não proteger e priorizar o patrimônio cultural de um país", afirmou Rachel Goslins, diretora executiva do Comitê do Presidente de Artes e Humanidades, que tem se envolvido em encontrar dinheiro para o projeto.
"Acho que esta é uma grande oportunidade para dizer: 'Agora entendemos'".
O financiamento inicial vem de três agências federais e da Broadway League, o grupo de donos de teatros e produtores.
Membros do Smithsonian dizem que o projeto custará ente US$ 2 milhões e US$ 3 milhões no próximo ano e meio.
Depois desse período, espera-se que o centro seja entregue ao governo haitiano.
Blakney viajou para cá recentemente com dois outros conservadores, um curador de museu e um grupo de engenheiros e especialistas em planejamento do Smithsonian.
A tarefa dos conservadores era avaliar precisamente os tipos de danos sofridos pelas obras, não apenas com o terremoto, mas com a exposição subsequente a chuva e sol e com o armazenamento inadequado antes e depois do terremoto.
Com base nessa informação, eles decidirão os equipamentos especializados de que eles (ou quem o Smithsonian acabe enviando para trabalhar no centro) precisarão.
Restaurar as obras mais comprometidas não será um trabalho simples.
Se a Igreja Episcopal decidir salvar os murais da Santa Trindade que sobreviveram, pintados no começo da década de 1950 por alguns dos artistas mais famoso do Haiti, eles provavelmente precisarão ser removidos do edifício afetado - um feito de engenharia e de conservação que envolveria colar um pedaço de tecido na frente de cada mural e anexar o mural a uma estrutura secundária de apoio, de madeira compensada ou aço, antes de tirá-lo da parede.
Em sua busca nos destroços, Blakney encontrou algumas pequenas peças de concreto pintado, que foram levadas ao Smithsonian para análise e que ajudarão a determinar o adesivo adequado a ser usado.
Os conservadores americanos passarão parte de seu tempo treinando os haitianos em conservação, uma preparação para entregar a eles o laboratório.
A operação de resgate foi armada em grande parte graças aos esforços de Corine Wegener, curadora do Instituto de Artes de Minneapolis e major aposentada do exército que serviu no Iraque logo depois da pilhagem ao Museu Internacional Iraquiano, e Richard Kurin, sub-secretário de história, arte e cultura do Smithsonian Institution.
Três semanas depois do terremoto, Wegener convocou uma reunião com profissionais da arte e autoridades do Departamento de Estado, em Washington, sobre como fornecer assistência cultural, e convidou Kurin, que já tinha ligação com o Haiti por organizar programas sobre arte e cultura haitiana para o Folklife Festival do Smithsonian, em 2004.
Wegener, que também fez a viagem, disse ter ficado horrorizada com o que aconteceu no museu iraquiano, onde ela trabalhava como ponto de ligação entre membros da equipe e oficiais americanos durante seu posicionamento militar.
"Para mim, foi muito perturbador, como profissional de museu, ver a equipe em choque total", disse.
"Como eu me sentiria se um dia chegasse para trabalhar e descobrisse que 15 mil objetos foram roubados?".
Ela decidiu não ver a história se repetir no Haiti, como contou.
Ela acreditava que quanto antes os conservadores chegassem a solo haitiano, mais obras de arte poderiam ser salvas.
Kurin comunicou a necessidade de ajuda a Goslins, do Comitê do Presidente de Artes e Humanidade, um grupo que inclui chefes da Contribuição Nacional para as Artes, da Contribuição Nacional para Humanidades e o Instituto de Serviços de Museus e Bibliotecas, assim como patronos de artes bem-relacionados, como a produtora da Broadway Margo Lion.
As três agências acabaram se comprometendo a doar US$ 30 mil cada, enquanto a Broadway League, da qual Lion é membro, contribuiu com US$ 276 mil.
Quanto ao restante do dinheiro necessário, Goslins expressou confiança de que ele se materializará quando o centro for aberto.
"Estamos conversando com o setor federal e o privado sobre um apoio maior", disse Goslins, "e estou otimista de que, quando passarmos da fase urgente inicial, poderemos ver o projeto continuar".
Wegener e os conservadores passam quatro horas por dia aqui, visitando museus, igrejas e bibliotecas, acompanhados por Olsen Jean Julien, ex-ministro da Cultura e Comunicações, que está atuando como intermediário entre o Smithsonian e o governo do Haiti.
Eles visitaram as ruínas do Musée d'Art Nader, um museu privado que, antes do terremoto, abrigava 12 mil pinturas e esculturas de mestres haitianos do século 20, como Hector Hyppolite e Prefete Duffaut - milhares das quais foram destruídas ou gravemente danificadas quando o museu foi ao chão.
Eles também viram o que restou do Centre d'Art, uma oficina onde muitos desses artistas treinavam na década de 1940 e 1950, que também entrou em colapso com o tremor.
Nas semanas após o terremoto, voluntários retiraram milhares de pinturas dos escombros, que foram colocadas em dois contêineres de armazenamento estacionados no sol, na frente do prédio em ruínas.
Algumas autoridades haitianas e profissionais da área da cultura com quem o grupo se encontrou ouviam sobre o centro de conservação pela primeira vez, e responderam com alívio e muitas perguntas - como quando o centro seria aberto e quanto dinheiro estava sendo reservado.
A ajuda americana é "fundamental para nós", disse Patrick Vilaire, escultor que liderou o esforço de salvar as coleções de várias bibliotecas danificadas depois do terremoto.
No entanto, algumas pessoas expressaram frustração pela ajuda não ter vindo antes e um temor de que especialistas estrangeiros sejam melhores em conduzir visitas e avaliações do que oferecer ajuda real e prática.
Em uma reunião com Daniel Elie, chefe da agência governamental responsável por preservar o patrimônio nacional do Haiti, a discussão na frente da cabana de madeira compensada de onde ele e sua equipe operam desde janeiro ficou tensa por alguns momentos, quando sua colega e intérprete Monique Rocourt disse estar farta de receber consultores visitantes que vêm e não fazem nada.
"Se eu levar mais uma equipe de especialistas a Jacmel", ela disse, referindo-se à cidade no sul do Haiti que foi seriamente atingida pelo terremoto, "vai parecer, para a população, que estamos apenas trazendo estrangeiros para ver o desastre.
É cínico, mas é o que as pessoas acham".
Wegener é sensível a essas preocupações, como disse em outra ocasião.
Ela observou que esta era sua terceira viagem ao Haiti desde o terremoto.
"Estamos mostrando uma presença constante", afirmou, "e hoje estamos trazendo especialistas".
Ao mesmo tempo, Wegener e seus colegas pareceram ansiosos para não parecerem imperialistas culturais, repetindo várias vezes que eles querem saber primeiro o que os haitianos gostariam de fazer.
Ocasionalmente, seus esforços claramente parecem excessivos para algumas pessoas que eles encontraram.
Quando Wegener sugeriu a dois membros de uma fundação defensora da arte vodu que elaborassem uma proposta destacando como os americanos poderiam ajudar, uma delas virou os olhos, como se não tivesse mais paciência.
"Todo mundo vem e pede uma proposta", disse a mulher, Rachel Beauvoir-Dominique.
"Vocês que elaborem uma proposta para nós".
Wegener explicou, ansiosa, que eles não queriam causar a impressão "de que estamos dizendo a vocês o que vocês querem".
"Não se preocupe com isso", interrompeu Didier Dominique , marido de Rachel, acrescentando, com um sorriso, "Nós sabemos o que queremos".
Yahoo! Notícias
New York Times News Service
Tradução: Gabriela d'Ávila
China descobre "geladeira" de 2 mil anos de antiguidade no noroeste
Arqueólogos da Província de Shaanxi, noroeste da China, anunciaram esta quarta-feira que encontraram uma "geladeira" primitiva com uma história de pelo menos 2 mil anos nas ruínas da residência de um imperador.
A "geladeira", encontrada no distrito de Qianyang, continha diversos anéis de argila de 1,1 metros de diâmetro e 0,33 metro de altura, precisou Tian Yaqi, pesquisador do Instituto Provincial de Arqueologia de Shaanxi.
"Os aros se uniam para formar um coluna de aproximadamente 1,6 metros de profundidade", acrescentou Tian.
O conduto foi descoberto a cerca de três metros de profundidade dentro das ruínas de um edifício antigo que, segundo os especialistas, serviu como residência temporária do imperador durante a Dinastia Qin (221-207 a.C.).
Tian e seus colegas acreditam que a coluna deve ser uma "adega de gelo" ("ling yin" em chinês), um receptáculo utilizado na China antiga para manter os alimentos frescos durante o verão.
Segundo um poema incluído no "Livro de Canções", uma coleção de poesias compostas no período entre a Dinastia Zhou do Oeste (século XI-771 a.C.) e o Período da Primavera e Outono (770-475 a.C.), os alimentos guardados no "ling yin" podiam ser mantidos frescos por três dias.
Tanto a coluna quanto a residência, que ocupa uma área de 22 mil metros quadrados, foram descobertos primeiro por moradores locais em 2006 durante um projeto de construção. O lugar foi protegido imediatamente pelas autoridades locais.
As pesquisas sobre a "geladeira" começaram em março deste ano e foram concluídas na semana passada.
(Agência Xinhua)
Paranapiacaba
Surgida a partir da construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, no século XIX, para o transporte de café do interior de São Paulo ao Porto de Santos, Paranapiacaba é um sonho.
A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em conjunto com o Condephaat realizaram em 1982 um levantamento na vila, a fim de verificar uma avaliação de seu patrimônio. Em 1987, foi reconhecida pela Condephaat como bem cultural de interesse histórico, fazendo o tombamento de parte da vila. Em 2002, o IPHAN fez o tombamento em nível federal. A Comdephaasa, em 2003, tombou todo o conjunto urbano da vila e a Serra do Mar ao seu redor, por tratar-se de um patrimônio histórico, urbanístico, arquitetônico, técnológico e paisagístico.
Paranapiacaba é distrito de Santo André.
Adorei a visita. Fiz a Trilha da Pontinha. Adorei!!!!!!
Katiane Soares Verazani
Portal terá acervos sobre a Amazônia
Caracterizada pela grande variedade ambiental, sociocultural e de condições institucionais de suas sub-regiões, a Amazônia é marcada também por gigantescas transformações econômicas e ambientais, entre elas o desmatamento intenso e a urbanização.
Com o objetivo de coletar, organizar e disponibilizar informações sobre a região produzidas nos últimos 40 anos, e dessa forma fomentar futuras estratégias, políticas e programas, o IEA lançou em 2009 o Programa “Amazônia em Transformação: História e Perspectivas”, que tem como coordenadora geral Maritta Koch-Weser, presidente da Earth3000, como coordenadora geral e José Pedro de Oliveira Costa, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, como coordenador adjunto.
Segundo os coordenadores, muitos trabalhos sobre a região ficaram limitados a subsidiar projetos públicos ou privados, programas e entidades. Além disso, inúmeros estudos e relatórios permaneceram restritos aos arquivos de empresas, agências, institutos e universidades ou integram os acervos particulares de pesquisadores. Existe também uma vasta gama de outros documentos, inclusive visuais, que não tiveram a devida divulgação, como relatórios de campo, pesquisas, trabalhos esporádicos, discussões estratégicas ou de planejamento, mapas, inventários, filmes e fotografias. Muitos não estão catalogados, são de difícil localização e estão precariamente preservados.
Essa situação motivou a formulação do projeto coordenado pelo IEA, com o objetivo salvaguardar informações importantes sobre a Amazônia para pesquisas atuais e futuras, além de servir ao planejamento de políticas públicas. A proposta já foi contemplada com R$ 317 mil do Programa de Infraestrutura da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para a aquisição de equipamentos e programas necessários à digitalização e disponibilização na web dos acervos.
O projeto está dividido em quatro partes:
1) Recuperação
• resgate de arquivos privados e institucionais;
• realização de uma série de entrevistas com protagonistas de desdobramentos históricos na Amazônia a partir dos anos 60;
• digitalização de materiais não publicados até o momento, tornando-os acessíveis às instituições acadêmicas e a outros interessados.
2) Portal "Amazônia em Transformação"
• um vasto banco de dados, para uso acadêmico;
• uma área aberta a contribuições e que permita a troca de informações entre pesquisadores e outros interessados na questão
• articulação, via links e outros meios, com outras fontes de informação sobre a Amazônia.
3) Diálogos Estratégicos
• realização de uma sequencia de fóruns que proporcionarão o encontro de especialistas, estudantes e tomadores de decisão; os primeiros tópicos de diálogo incluem desafios e oportunidades relacionadas com a gestão de bacias hidrográficas, mudanças climáticas na Amazônia e desenvolvimento de negócios sustentáveis.
4) Arquivo e Biblioteca
• constituição de um Centro de História da Amazônia, com um acervo físico de documentos e livros sobre a região; pesquisadores pioneiros que se dedicaram por muitos anos à Amazônia já ofereceram suas coleções.
Para a consecução desses objetivos, o projeto pretende desenvolver uma base de cooperação institucional a mais vasta possível. O meta inicial é desenvolver parcerias com instituições e programas especializados, nacionais e internacionais, de forma inclusiva e cooperativa.
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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